domingo, 3 de agosto de 2008

AMIGOS LOUCOS E SANTOS

Alegria e liberdade

Sonhar o sonho impossível... em Porto de Galinhas (PE)


Escolho meus amigos
não pela pele ou outro
arquétipo qualquer,
mas pela pupila.

Tem de ter
brilho questionador
e tonalidade inquietante.

A mim não
interessam os bons de espírito
e nem os maus de hábitos.

Fico com aqueles que
fazem de mim
louca ou santa.

Deles não quero respostas,
quero o meu avesso.

Que me tragam
dúvidas e angústias
e agüentem o que há
de pior em mim.

Para isso, só sendo louco.

Quero os santos,
para que não duvidem
das diferenças
e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho os meus amigos
pela alma lavada
e pela cara exposta.

Não quero só o ombro e o colo,
quero também a sua maior alegria.

Amigo que não ri junto,
não sabe sofrer junto.

Meus amigos são todos assim:
metade bobeira,
metade seriedade.

Não quero risos previsíveis,
nem choros piedosos.

Quero amigos sérios,
daqueles que fazem
da realidade a sua fonte
de aprendizagem,
mas lutam para que
a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos,
nem chatos.

Quero a metade
infância e a outra
metade velhice!

Crianças, para que
não esqueçam o valor
do vento no rosto;
e velhos, para que
nunca tenham pressa.

Tenho amigos
Para saber quem eu sou!

Pois, vendo-os loucos e santos,
bobos e sérios,
crianças e velhos,
nunca me esquecerei
de que a “normalidade”
é uma ilusão imbecil e estéril.


(Oscar Wilde)

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