domingo, 27 de abril de 2008

AOS COLEGAS JORNALISTAS!

Conta a lenda que, quando Deus liberou o conhecimento sobre
como relatar fatos e produzir notícias , determinou que aquele "saber" ficaria restrito
a um grupo muito selecionado de sábios.
Mas, neste pequeno grupo, onde todos se achavam "semi-deuses",
alguém traiu as determinações divinas...
Aí aconteceu o pior!
Deus, bravo com a traição, resolveu fazer valer alguns mandamentos.
E, assim foi, assim é e assim será:

1º - Não terás vida pessoal, familiar ou sentimental;
2º - Não verás teu filho crescer;
3º - Não terás feriado, fins de semana ou qualquer outro tipo de folga;
4º - Terás gastrite, se tiveres sorte. Se for como os demais terás úlcera;
5º - A pressa será teu único amigo e as tuas refeições principais serão os lanches, as pizzas e o china in box;
6º - Teus cabelos ficarão brancos antes do tempo, isso se te sobrarem cabelos;
7º - Tua sanidade mental será posta em cheque antes que completes cinco anos de trabalho;
8º - Dormir será considerado período de folga, logo, não dormirás;
9º - Trabalho será teu assunto preferido, talvez o único;
10º - As pessoas serão divididas em dois tipos: as que entendem de comunicação e as que não entendem. E verás graça nisso;
11º - A máquina de café será a tua melhor colega de trabalho, porém, a cafeína não te farás mais efeito;
12º - Happy Hours serão excelentes oportunidades de ter algum tipo de contato com outras pessoas loucas como você;
13º - Terás sonhos, com cronograma, e não raro, resolverás problemas de trabalho neste período de sono;
14º - Exibirás olheiras como troféu de guerra;
15º - E o pior... inexplicavelmente, gostarás de tudo isso!

(Texto enviado pela amiga amada, a jornalista Lilian Romão, Coordenadora Institucional da Ciranda - Central de Noticias dos Direitos da Infância e Adolescência)

quarta-feira, 23 de abril de 2008

ORAÇÃO A SÃO JORGE, O SANTO GUERREIRO

São Jorge, meu guerreiro, invencível na fé em Deus, que trazeis em vosso rosto a esperança e confiança, abra os meus caminhos.

Eu andarei vestida e armada com vossas armas para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem... Tendo mãos não me peguem.... Tendo olhos não me vejam.... E nem em pensamentos eles possam me fazer algum mal.

Armas de fogo o meu corpo não alcançarão...

Facas e lanças se quebrarão sem o meu corpo tocar...

Cordas e correntes se arrebentarão sem o meu corpo amarrar....

Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza...

Dai-me coragem e esperança fortalecei minha fé e auxiliai-me em todas as necessidades.

Amém!

segunda-feira, 21 de abril de 2008

ALTERNATIVAS CONTRA O CÂNCER

DEPOIS DE ANOS DIZENDO ÀS PESSOAS QUE A QUIMIOTERAPIA
É O ÚNICO CAMINHO A TENTAR
(TENTAR É A PALAVRA CHAVE) PARA ELIMINAR O CÂNCER,
O HOSPITAL JOHN HOPKINS ESTÁ FINALMENTE
COMEÇANDO A DIZER QUE HÁ UM CAMINHO ALTERNATIVO

Atualização em câncer pelo John Hopkins Hospital:


1. Todas as pessoas têm células cancerosas no corpo. Estas células não aparecem nos testes-padrão até que tenham se multiplicado e atingido o número de alguns bilhões. Quando os médicos dizem aos pacientes de câncer que não há mais células cancerosas nos seus corpos depois do tratamento, isto quer apenas dizer que os testes são incapazes de detectar as células cancerosas porque não atingiram o número detectável;

2. Células cancerosas ocorrem de 6 a mais de 10 vezes ao longo da vida das pessoas;

3. Quando o sistema imunológico da pessoa está forte, as células cancerosas são destruídas e impedidas de se multiplicar e formar tumores;

4. Quando uma pessoa tem câncer, isto indica que ela tem múltiplas deficiências nutricionais. Estas podem ser decorrentes de fatores genéticos, do meio ambiente, da alimentação e do estilo de vida;

5. Para superar as múltiplas deficiências nutricionais, mudanças na dieta e a inclusão de suplementos fortificarão o sistema imunológico;

6. Quimioterapia envolve o envenenamento das células cancerosas de rápido crescimento e também destrói células saudáveis também de rápido crescimento da medula óssea, do trato gastrointestinal... e causar danos a órgãos como o fígado, os rins, coração, pulmões e outros;

7. A radiação enquanto destrói células cancerosas, também queima, deixa cicatrizes e danifica células sadias, tecidos e órgãos;

8. Os tratamentos iniciais com quimioterapia e radiação freqüentemente reduzirão o tamanho do tumor. Contudo, o uso prolongado da quimioterapia e da radiação não resultará em maior destruição do tumor;

9. Quando o corpo tem uma carga muito grande de toxinas da quimioterapia e da radiação, o sistema imunológico é ou comprometido, ou destruído. Em conseqüência a pessoa pode sucumbir por várias espécies de infecções e complicações;

10. Quimioterapia e radiação podem ocasionar mutações nas células cancerosas, tornando-as resistentes e difíceis destruir. A cirurgia também pode espalhar as células cancerosas para outros lugares;

11. Um meio eficaz de combater o câncer é fazer as células cancerosas passarem fome, não lhes dando os alimentos de que necessitam para se multiplicar.

AS CÉLULAS CANCEROSAS SE ALIMENTAM DE:


1. O açúcar é um alimentador de câncer. Ao eliminar o açúcar é cortada uma importante fonte de alimentação para as células do câncer. Substitutivos do açúcar como Nutra Sweet, Equal, Spoonful são feitos com Aspartame que é prejudicial. Um substituto natural melhor seria mel Manuka ou melado, mas somente em pequenas quantidades. Sal de mesa tem uma substância química adicionada para lhe dar a cor branca. Melhor alternativa é Bragg's aminous ou sal marinho;

2. O leite faz o corpo produzir muco, especialmente no trato gastro-intestinal. O câncer se alimenta de muco. Cortar o leite e substituí-lo por leite de soja sem açúcar faz com que as células do câncer morram de fome;

3. As células de câncer prosperam em ambientes ácidos. Uma dieta a base de carne é ácida e é melhor comer peixe e “galeto” em vez de carne de vaca ou de porco. Carne bovina também contém antibióticos para o gado, hormônio do crescimento e parasitas, que são prejudiciais, especialmente para pessoas com câncer;

4. Uma dieta com 80% de vegetais frescos e sucos, grãos integrais, sementes, nozes e um pouco de frutas ajuda a colocar o corpo num ambiente alcalino. Cerca de 20% podem ser de alimentos cozidos inclusive feijões. Sucos de vegetais frescos proporcionam enzimas vivas que são facilmente absorvidas e descem até o nível celular dentro de 15 minutos para nutrir e estimular o crescimento das células sadias. Para obter enzimas vivas para formar células sadias experimente e beba sucos de vegetais frescos (a maioria dos vegetais inclusive brotos de feijão) e coma alguns vegetais crus 2 ou 3 vezes ao dia. As enzimas são destruídas a temperatura de 40º C (104° F);

5. Evite café, chá e chocolate, que contêm muita cafeína. Quanto à água - é melhor tomar água purificada, ou filtrada, para evitar toxinas conhecidas e metais pesados da água de torneira. Água destilada é ácida, evite-a;

6. A proteína da carne é de difícil digestão e exige um monte de enzimas digestivas. Carne não digerida ao permanecer no intestino apodrece e conduz a um aumento das toxinas;

7. As paredes das células cancerosas têm uma cobertura de proteína dura. Evitar ou comer menos carne libera mais enzimas para atacar as paredes de proteínas das células cancerosas e possibilita que as células matadoras do corpo destruam as células cancerosas;

8. Alguns suplementos constroem o sistema imunológico (IP6, Flor-ssence, Essiac), antioxidantes, vitaminas, minerais EFAs... para possibilitar que às células matadoras do próprio corpo destruir as células cancerosas. Outros suplementos, como a vitamina E, são conhecidos por acarretar apoptose, ou seja, morte programada de células, método normal do corpo de desfazer-se de células danificadas, indesejadas ou desnecessárias;

9. O câncer é uma doença da mente, do corpo e do espírito. Um espírito preventivo e positivo ajudará ao guerreiro do câncer a ser um sobrevivente. A ira, o não perdoar e a amargura colocam o corpo num ambiente de tensão e acidez. Aprenda a ter um espírito amoroso e de perdão. Aprenda a relaxar e desfrutar da vida;

10. As células cancerosas não prosperam em um ambiente oxigenado. Exercícios diários e respiração profunda ajudam a proporcionar mais oxigênio para o nível celular. A terapia com oxigênio é outro meio empregado para destruir células cancerosas;

Nenhum recipiente de plástico no microondas.

Nenhuma garrafa de água no "freezer".

Nenhum envoltório de plástico em microondas.

John Hopkins recentemente mandou isto em um dos seus comunicados à imprensa. Esta informação está também circulando no Centro Médico Walter Reed, do Exército.A substância química dioxina causa câncer, especialmente câncer do seio.

As dioxinas são altamente venenosas para as células dos nossos corpos.

Não congele garrafas plásticas com água, pois isto libera dioxinas do plástico.

Recentemente o doutor Edward Fujimoto, gerente do Programa de Bem-Estar do Hospital Castle, esteve em um programa de TV para explicar este risco para a saúde. Ele falou sobre as dioxinas e o quanto elas são ruins para nós. Ele disse que não devemos aquecer nossos alimentos no microondas, usando vasilhas de plástico.

Isto se aplica especialmente para os alimentos que contenham gordura. Ele disse que a combinação de gordura, alta temperatura e plásticos libera dioxinas para os alimentos e, finalmente, para dentro das células do corpo.

Em lugar dos plásticos ele recomenda usar vidro, tais como Corning Ware, Pyrex ou vasilhas de cerâmica para aquecer os alimentos.

Obtém-se os mesmos resultados, mas sem a dioxina Para coisas como receitas de TV (TV dinners), macarrão de cozimento rápido e sopas, etc., eles devem ser removidos da embalagem e aquecidos em outro recipiente.

Papel não é ruim, mas não se sabe o que o papel contém. Simplesmente, é mais seguro usar vidro temperado. Ele nos lembra que algum tempo atrás, alguns dos restaurantes de comida rápida (fast food) abandonaram recipientes de espuma e passaram para papel. O problema das dioxinas foi uma das razões.

Ele também ressaltou que envoltório plástico, como o filme plástico, é também tão perigoso quando colocados sobre os alimentos a serem cozidos em microondas. Com o alimento sob a ação da microonda, a alta temperatura acarreta que efetivamente toxinas venenosas evaporem do envoltório plástico penetrem no alimento. Como substituto, cubra o alimento com toalha de papel.


Este é um artigo que deve ser mandado para todas as pessoas importantes em sua vida.

(Texto enviado pela amiga Lia Nielsen)

domingo, 20 de abril de 2008

"A MENINA E OS ABUTRES DA MONTANHA"

O filme é de 1951, com Kirk Douglas, direção de Billy Wilder. No Brasil, chamou-se “A Montanha dos Sete Abutres”. Em inglês, “The Big Carnival”. É a história de uma tragédia, de um homem que fica preso dentro da montanha. Daria para salvá-lo depressa, mas um repórter esperto vê ali a grande oportunidade de sua vida: acumpliciado com algumas autoridades, arrumou um jeito para que o salvamento demorasse e gerasse muita matéria.

A imprensa mergulhou no caso, criando aquilo que hoje se chama “comoção social”, ou “clamor público”.

Em volta da montanha, acamparam curiosos, surgiram camelôs, montou-se um parque de diversões. O filme tem 57 anos – e pouca coisa é tão atual, não é mesmo? Quem matou a menina Isabella?

Não, não é este nosso tema: o que discutimos, na área de comunicação, é que, seja quem for o culpado, a imprensa já escolheu os seus culpados (que podem até ser os mesmos, mas terá sido pura coincidência). E, como no filme, não age sozinha: age com aquela autoridade que grita “assassinos” em vez de trabalhar para provar a autoria do crime.

Age com aquela outra autoridade que visivelmente se esforça para manter um olho numa câmera e não perder contato com outra câmera que pode vir a se aproximar. Age com autoridades que garantem que 92,47% do crime estão resolvidos, e não há repórter que lhes peça para elucidar a porcentagem.

Num caso de homicídio, apontar o responsável (ou responsáveis) e provar sua culpa representam quantos por cento do caso? O fato é que a opinião pública, movida em boa parte por nós, da imprensa, escolheu o seu lado.

Este colunista já ouviu idiotas dizendo que, se tivessem de encaminhar seu filho num fim de semana ao ex-cônjuge e à sua nova companhia, prefeririam fugir com a criança e enfrentar a Justiça.

Há gente – sim, são imbecis, mas nada impede que suas idéias se propaguem – que manifesta preconceitos contra madrastas (só madrastas: padrasto, ao que parece, para essa gente é mais confiável. Talvez por que, nos clássicos desenhos de Disney, as madrastas fossem piores).

Imaginemos que os acusados pela tragédia de Isabella sejam o pai e sua segunda esposa. Qual júri será isento o suficiente para julgá-los? E imaginemos que não sejam: quem reconstruirá suas vidas destruídas?

Isso não parece problema para muitos jornalistas: caso os culpados sejam outros, nada melhor do que escrever sobre o Bar Bodega, a Escola Base e botar a culpa nos colegas que não puderam se defender tão rapidamente.

The End

No filme “A Montanha dos Sete Abutres”, toda a imprensa americana aceita a história falsa, de que o salvamento teria de ser demorado. Quando morre a vítima, o repórter responsável pela armação telefona para seu editor e diz que a tragédia foi, na verdade, um homicídio. É a primeira verdade que o repórter diz. E o editor, irritado, lhe bate o telefone na cara.

O caro colega

Um jornalista muito bom, Guilherme Fiúza (que escrevia um belo blog no portal Nomínimo e escreveu o livro “Meu nome não é Johnny”, em que se baseou o filme), sabe o que é ser trucidado pela imprensa, porque esteve lá.

Seu filho pequeno estava no colo da mãe, na varanda. Ela tropeçou, o garoto caiu. “Em meia hora”, lembra Fiúza, “estava preso, com vizinhos dizendo que eu vivia brigando com minha esposa, que tinham ouvido na noite anterior ruídos de porta batendo, de muita gritaria.Coisa que surgiu na cabeça de vizinhos delirantes”.

A repórter Luísa de Alcântara e Silva, da Folha de S.Paulo, que fez a bela entrevista, perguntou-lhe o que mais o chocou no caso de Isabella. Responde Fiúza: “Quando eu vi a mãe dela chegando na delegacia e quase sendo derrubada por jornalistas, que são meus colegas. Acho que as pessoas enlouqueceram ao tratar uma mãe que perde uma filha dessa maneira. Falo da combinação perigosa de vizinhos fofoqueiros, delegados precipitados e a imprensa ávida por notícia. Falta respeito. É possível que o Alexandre seja culpado. Agora, a gente não sabe. Pode ser que não seja”.

O valor da testemunha

Qual o leitor desta coluna que já não foi incomodado por algum vizinho que imaginou festas em seu apartamento? Este colunista já foi acordado às 2h30 da manhã por uma vizinha que reclamava do barulho do pessoal que andava de salto alto. Naquele momento, o colunista era a única pessoa acordada da casa. E mesmo assim foi difícil convencer a vizinha insone.



Coluna de Carlos Brickmann, para o Observatório da Imprensa

Circo da Notícia - Abril de 2008

carlos@brickmann.com.br

Em tempo:

Eu mesma tenho uma boa vizinha, uma arquiteta, que já me acordou três vezes de madrugada por causa do "barulho que vinha da minha casa". Em duas ocasiões, ela jurava que o meu filho batia com alguma coisa na parede do quarto dele e o barulho retumbava no quarto dela, o que a impedia de dormir. Nas duas vezes, abri a porta da minha casa, levei-a até o quarto de meu filho para ela ver que não havia ninguém lá. O meu filho estava viajando, portanto, não poderia estar ali.

Na terceira vez, muito zangada, ela me perguntou que aparelho eu havia ligado, de madrugada, para fazer um barulho tão forte que ela não conseguia dormir. Desta vez, eu tive de levantar e ir até o quarto dela para ouvir o tal "ronco" de motor. Sorrindo, eu a trouxe para o meu quarto para ela ouvir o que era de fato barulho. O tal "ronco" de motor vinha da casa de uma outra vizinha e há anos. Jamais me incomodei com isso. Mas para ela, até então, era um barulho intenso e que saía da minha casa.

O que os outros "podem ver"

Aos 18 anos, eu já trabalhava e comprei o meu primeiro carro, sem que os meus pais soubessem. Quis fazer surpresa. Já tinha carteira de motorista e sai da loja dirigindo. E, muito mal, confesso. Mesmo assim fui até em casa e chamei a minha mãe para dar uma volta comigo. Ela ficou encantada com a minha aquisição e se prontificou a passear comigo.

Meio aos trancos, fui dirigindo pela rua da nossa casa, até decidir virar à esquerda. Chovia e o chão era de paralelepípedo. Eu me assustei com um carro na contramão e pisei com força no freio. O carro rodopiou, deu um cavalo de pau e tombou. Ficou com dois pneus para o alto. Com o carro virado, minha mãe ficou sobre mim. Fiquei apavorada, pensando ter matado a minha mãe.

Graças a Deus, nem ela e nem eu sofremos um único arranhão. Imediatamente, nós conseguimos sair do carro. Em seguida, fomos até a esquina para telefonar ao meu pai. Neste instante, vimos muita gente correr em direção ao carro tombado, proximo à esquina da rua Visconde Taunay com a Augusto Stellfeld, em Curitiba.

Depois de falarmos com o meu pai, minha mãe eu retornamos ao local e, como qualquer outra pessoa, ficamos olhando e ouvindo. Minha mãe, então, perguntou o que havia acontecido. Um rapaz lhe disse que tinha visto tudo. "Era um bando de "play boys" - palavras da época - e todos os rapazes estavam drogados. O carro deve ser roubado", disse, para espanto de minha mãe. E o que o moço contou ter visto foi testemunhado e corroborado por outras pessoas que estavam no local.

Nós duas nos olhamos e rimos, sem falar nada. Felizmente, a mentira deles não nos causou nenhum mal. Mas aprendemos, naquele instante, o quanto as pessoas podem ser mentirosas descaradas e levianas, só para serem protagonistas de algum evento.

Ah! Aprendi também, com alto custo financeiro, o quanto o carro pode se tornar uma arma letal em mãos inábeis. Fui treinar mais, antes de sair para as ruas da cidade e causar outros acidentes mais graves. Foi uma estréia e tanto.

Mas jamais esqueci as duas grandes lições daquele dia.

Vania Mara Welte

ORAÇÃO DO PERDÃO

Buscando eliminar todos os bloqueios que atrapalham a minha evolução dedicarei alguns momentos para perdoar

A partir deste momento eu perdôo a todas as pessoas que, de alguma forma, me ofenderam, me injuriaram ou me causaram dificuldades desnecessárias. Perdôo, sinceramente, quem fingiu me amar, quem me rejeitou, me odiou, me abandonou, me traiu, me roubou, me humilhou, me amedrontou, me iludiu, me machucou, me fragilizou.

Perdôo, especialmente, quem me provocou até que eu perdesse a paciência e reagisse violentamente, para depois me fazer sentir vergonha, remorso e culpa inadequada.

Reconheço que também fui responsável por todas as agressões que recebi, pois, várias vezes, confiei em indivíduos negativos, pobres de espírito, egoístas, miseráveis e permiti que descarregassem sobre mim seu mau caráter.

Por longos anos suportei maus tratos, humilhações, perdendo tempo e energia, na tentativa inútil de conseguir um bom relacionamento com essas pobres criaturas.

Agora, já estou livre da necessidade compulsiva de sofrer e livre da obrigação de conviver com indivíduos em ambientes desprovidos de amor, mas tóxicos à alma e ao espírito.

Iniciei, agora, uma nova etapa de minha vida, em companhia de gente amiga, sadia e competente. Queremos compartilhar sentimentos nobres, enquanto trabalhamos pelo progresso de todos nós.

Jamais voltarei a me queixar, falando sobre mágoas e pessoas negativas. Se, por acaso, pensar nelas, lembrarei que já estão perdoadas e descartadas de minha vida, definitivamente. Agradeço pelas dificuldades que essas pessoas me causaram, pois isso me ajudou a evoluir, do nível humano comum ao nível mais espiritualizado em que me encontro agora.

Quando me lembrar das pessoas que me fizeram sofrer, procurarei encontrar nelas algumas qualidades e pedirei ao Criador que as perdoe também, evitando que elas sejam castigadas, nesta vida ou em qualquer outro espaço.

Dou razão a todas as pessoas que rejeitaram o meu amor e minhas boas intenções, pois reconheço que é um direito que assiste a cada um me repelir, não me corresponder e me afastar de suas vidas.

(Fazer uma pausa para acúmulo de energia, respirar profundamente algumas vezes.)

Agora, sinceramente, peço perdão a todas as pessoas a quem, de alguma forma, consciente ou inconscientemente, eu ofendi, injuriei, prejudiquei ou desagradei. Analiso e faço um julgamento de tudo que já realizei, ao longo de toda a minha vida, e vejo também o valor das minhas boas ações.

Sinto-me em paz com minha consciência. De cabeça erguida, respiro profundamente, prendo o ar e me concentro para enviar uma corrente de energia destinada ao meu “Eu Superior”. Ao relaxar, minhas sensações revelam que este contato foi estabelecido.

Agora dirijo uma mensagem de fé ao meu “Eu Superior” e ao Pai, pedindo orientação, proteção e ajuda para a realização, em ritmo acelerado, de um projeto muito importante que estou mentalizando e para o qual estou trabalhando com dedicação e amor.

Agradeço, de todo o coração, a todas as pessoas que me ajudaram, e me comprometo a retribuir, trabalhando para o bem do próximo, atuando como agente catalisador de entusiasmo, de prosperidade e também de auto-realização.

Tudo farei, em harmonia com as leis da Natureza, e com a permissão do nosso Criador, Pai Eterno, Infinito, Indescritível, que eu, intuitivamente sinto como o único poder real atuante, dentro e fora de mim.

Assim seja. Assim é. E assim será. Amém!

(A Oração do Perdão é ensinada pelos Kahunas, antigos polinésios, e foi enviada por uma grande amiga)

sábado, 19 de abril de 2008

À JORNALISTA VANIA MARA WELTE

O Centro de Ação Voluntária de Curitiba é uma organização não-governamental que atua organizando a oferta e a demanda de trabalho voluntário em Curitiba e Região Metropolitana. Nossa missão é "Promover o voluntariado transformador contribuindo para o bem comum e a construção de um mundo melhor" e para isso lançamos mão de várias ferramentas. Uma delas é a comunicação. Buscamos utilizar a comunicação como uma ferramenta para promover o voluntariado transformador e assim contribuir para a sociedade de uma maneira ampla, influenciando para o bem comum.

Entre as atividades de comunicação, realizamos, desde 2007, lançamos o "Forum Comunicação: A Responsabilidade de Construir um mundo melhor".

Uma vez por mês reunimos estudantes, instituições sociais, profissionais de comunicação de instituições sociais e de veículos de comunicação de Curitiba e Rgião Metropolitana para discutir e repensar alguns pontos sobre a utilização da comunicação de maneira socialmente responsável e que contribua para a construção de uma realidade mais justa e fraterna. A próxima edição do Fórum acontecerá no próximo sábado, dia 29/03, às 10h30, no Instituto Opet.

O tema desta edição do Fórum Comunicação é "O desafio de divulgar temáticas sociais" e terá como debatedores José Nachreiner, Coordenador do Curso de Comunicação Social do Centro Universitário Curitiba, e Rafael Schrappe, Especialista em Marketing e Criação/Redação Publicitária e Sócio-Diretor da Fuego Agência de Comunicação. O Fórum será mediado por Rafael de Tarso Schroeder Co-responsável pela área de Marketing e Comunicação da Organização Não-Governamental Aliança Empreendedora. O evento será realizado no Instituto Opet, R. Getúlio Vargas, nº 902, bairro Rebouças. A entrada é franca, haverá emissão de certificados e não é necessária inscrição prévia.

Mais informações pelo telefone (41) 3322-8076o ou no sítio
Conforme divulgação anexa.

Solicitamos o seu apoio na divulgação do evento e esperamos encontrá-la no evento para tornar a discussão mais rica e produtiva.

Saudações Voluntárias!

Andressa Grilo

Assessora de Comunicação
Centro de Ação Voluntária de Curitiba
41 3322-8076

comunicacao@acaovoluntaria.org.br
www.acaovoluntaria.org.br

"Mudar o mundo está em nossas mãos"

quinta-feira, 17 de abril de 2008

O CHAMADO DO PASSAREDO

“Quero acordar com os passarinhos, cantar uma canção com o sabiá”
(MENINOS, de Juraildes da Luz, na voz de Xangai e Filhos)

Eram 4 horas da manhã. Fui despertada por uma cantoria de passarinhos que penetrava pela janela do meu quarto. Uma verdadeira conversa em alto e bom som na língua dos pios diversos, vinda de cantos remotos para dentro da minha cabeça sonolenta. Aquela algazarra, mesmo que eu não percebesse então, soava qualquer coisa de mágica, porque ela seria inimaginável dentro da cena que se descortinava pra fora da minha janela. O interior da quadra, que é o que se pode ver dali, é feito de cimento, tijolos, construções. A única vegetação que existe lá fora se resume aos vasos, à grama do playground e aos arbustos decorativos dos “quintais” (se é que se possa chamar assim os pedaços de jardins improvisados). Sem dúvida, um som que intrigava.

Em plena cidade grande, sem corredores arbóreos visíveis, que possibilitasse a migração e o deslocamento pela sobrevivência dessas aves, julguei que elas se comunicassem de dentro de suas gaiolas, das sacadas dos apartamentos que davam para o interior daquela quadra residencial. Um pensamento triste, mas eu não via qualquer chance de ser diferente disso. Era tudo muito estranho e em pouco mais de seis meses naquele endereço, essa madrugada era a primeira em que pude ouvir o som dos pássaros. Intrigava-me pensar que eles pudessem cantar tão alto de dentro de suas gaiolas. Também fiquei pensando sobre as pessoas que moram nesses grandes centros, as “catedrais” da arte da alvenaria, que se cercam de vasos e gaiolas numa tentativa desesperada de reter um pouco da vida que pássaros e plantas representam… do modo de vida rural, ambientalmente equilibrado, do qual toda a humanidade veio.

Despertada por esse canto, perdi o sono. No início, até me incomodei com essa algazarra de uma natureza sobrevivente naqueles prédios de concreto por ela fazer a minha segunda-feira começar mais cedo que o habitual. Refleti sobre aquilo, enquanto o grito forte da vida lá fora suplicava cada vez mais a minha atenção, atrapalhando uma leitura razoável dos próprios pensamentos. Liguei a TV num gesto instintivo de dar alguma finalidade àquela insônia… Objetivava me concentrar, então, no que pudesse ser “útil, prático, produtivo”, de acordo com os padrões vigentes da modernidade e da sociedade de consumo, pautada no lema do “time’s money”. Aliás, pelos conceitos de uma sociedade consumista de vidas humanas, lazer, sonhos, ócio e criação.

No entanto, as notícias da madrugada não me seduziram: violência urbana, guerras, problemas e mais problemas que, uma vez enxergados na tela, passavam a ser os de toda a civilização. E são mesmo! Seu, meu, de todo mundo. Tentei, então, os filmes: mais violência, mais guerras e amores fúteis ou intensos, que sequer de longe eram os meus. Feita essa constatação incômoda, abortei a operação de suposta produtividade adquirida pelo consumo das informações veiculadas na TV. Voltei ao escuro… Ao som estridente do passaredo urbano engaiolado. Larguei o controle-remoto ao lado da cama, onde ele se juntou à leitura inacabada, às fitas de vídeo, às embalagens de comida e bebida para compor um quadro de desassossego, que revelava um fim-de-semana deprimente e solitário… Isolado e absurdo. Toda aquela bagunça em volta refletia um estado de espírito assim: confuso e disperso.

O canto dos pássaros continuava lá fora a me chamar, alto e diverso. Tentei decifrar aquelas vozes e identificá-las. Minha atenção passeava alternadamente sobre cada som: o mais próximo, o mais distante, o mais grave, o conjunto melodioso… A alegria. Apesar do contato profissional diário com o modo de vida e as gentes do interior, não conseguia dar nome aos sons e associar a cada um deles as espécies de aves conhecidas. Lembrei do relógio de parede da casa de uma amiga, que a cada hora emitia o pio de uma espécie de pássaro da fauna brasileira, mas, ainda assim, não conseguia identificar os meus vizinhos engaiolados numa Torre de Babel. Esse conhecimento não era próprio de minha história; aquela vida rural não significava um acúmulo meu, mas apenas uma vontade latente de vivê-la. Afugentei de pronto esse pensamento de minha mente. Que mania essa de querer classificar, entender, de nominar para se apropriar das coisas?! É típica de uma cultura dominadora, na qual a insegurança conduz à necessidade de possuir e oprimir. Por que eu colocava tanta dificuldade no caminho e não podia simplesmente me deliciar com o canto contagioso daqueles passarinhos?


A natureza lá fora me convidava a dividir a atenção e a vida entre outros valores e outras percepções que não só aqueles contraditórios de um mundo de avanços tecnológicos e retardos sociais dessa humanidade paradoxal. Se quisesse obedecer ao chamado dessa vida, era preciso, pra começar, aprender a ouvir e sentir aqueles sons dos passarinhos. Mais nada! Foi o que finalmente me permiti fazer… Logo, amanheceu. E aquela segunda-feira antecipada estava só começando. Ela foi uma semente de uma proposta de transformação na vida dessa mulher.

(Texto da jornalista Thea Tavares)

domingo, 13 de abril de 2008

OLHO DE LINCE

Quem fala que sou esquisito hermético
É porque não dou sopa, estou sempre elétrico
Nada que se aproxima, nada me é estranho
Fulano, sicrano e beltrano
Seja pedra, seja planta, seja bicho, seja humano
Quando quero saber o que ocorre à minha volta
Ligo a tomada, abro a janela, escancaro a porta
Experimento tudo, nunca me iludo
Quero crer no que vem pelo beco escuro
Me iludo passado, presente, futuro
Reviro na palma da mão o dado
Presente, futuro, passado
Tudo sentir, de todas as maneiras, é a chave de ouro do meu jogo
É fósforo que acende o fogo de minha mais alta razão
Na seqüência de diferentes naipes, quem fala de mim tem paixão

De Jards Macalé e Waly Salomão

sábado, 12 de abril de 2008

PROGRAMA DE ESTÁGIO TV GLOBO 2009

O processo seletivo do programa de estágio 2009 da TV GLOBO
começa em agosto deste ano,
já estamos com nosso sistema aberto para inscrições.
Contamos com sua ajuda para a divulgação

O Programa Estagiar:

O Programa Estagiar faz parte do Projeto Globo Universidade. Esse projeto é o canal de comunicação e integração da TV Globo com Universidades e tem por objetivo promover uma troca permanente de idéias, tecnologias e, principalmente, contribuir com a geração de conhecimento sobre televisão no país.

Por meio do Programa Estagiar, a Globo oferece a estudantes de graduação a oportunidade de conhecer as áreas de negócios da empresa, aprofundar conhecimentos e praticar na sua área de formação específica.

Acima de tudo, o Estagiar é a porta para construir uma carreira de sucesso na Globo. Muitos de nossos executivos, inclusive diretores, iniciaram sua carreira na empresa como estagiários.

Quem pode participar:

- Alunos com previsão de formatura em Dezembro de 2009. Para o curso de Direito a previsão de formatura deverá ser para Dezembro de 2009 ou Dezembro de 2010;
- Formandos de Dez/09 (São Paulo) Administração, Análise de Sistemas, Arquitetura, Artes Plásticas, Ciência da Computação, Ciências Contábeis, Ciências Sociais, Comunicação Social (Jornalismo, Radialismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas), Comunicação Visual, Desenho Industrial, Design Gráfico, Direito, Economia, Engenharia de Computação, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica (com ênfase em Eletrotécnica, Eletrônica ou Telecomunicação), Engenharia Eletrônica, Engenharia de Produção, Engenharia de Telecomunicações, Engenharia Mecânica, História, Informática, Marketing, Mídias Digitais, Propaganda e Marketing, Relações Internacionais e Sistemas da Informação;
- Formandos em Dez/2010 (São Paulo)Direito.

O que o Programa Estagiar oferece?

§ Ambientação Corporativa: Processo de integração à empresa e ao negócio. É composta de palestras e visitas orientadas;
§ Ambientação Profissional: Tem como objetivo fornecer ao estagiário uma visão abrangente da Central em que vai atuar e facilitar sua integração à área;
§ Treinamento on the job: É o estágio propriamente dito.Tem como objetivo informar, acompanhar e dar feedback ao estagiário no dia-a-dia da área;
§ Acompanhamento constante e avaliação de desempenho.

O que a TV Globo oferece?

- Bolsa Auxílio;
- Tíquete-refeição;
- Seguro de Vida em Grupo;
- Vale transporte.

Inscrições através do site www.globo.com/estagiar

Início do processo de seleção: Agosto de 2008

Obrigado por sua colaboração!

Atenciosamente;

Equipe Estagiar
O Programa de Estágio da TV Globo.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

CARINHO DE POETA

Vania, querida, receba de mim estas linhas que cairiam muito bem num Almanaque Capivarol:

"Penso em você quando penso em você, por lhe querer bem. E penso nas horas mais inusitadas, porque a memória é um mar de lembranças a vir em ondas na praia do meu presente".


Zeca Leite

BELEZA ....SER MULHERAÇA!

'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes.

Sou a Miss Imperfeita, muito prazer .Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer,como boa profissional, mãe e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado três vezes por semana, decido o cardápio das refeições, levo os filhos no colégio e busco, almoço com eles, estudo com eles, telefono para minha mãe todas as noites, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão e ainda faço escova toda semana - e as unhas!

E, entre uma coisa e outra, leio livros. Portanto, sou ocupada,mas não uma workaholic. Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres:

Primeiro: a dizer NÃO.

Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás.

Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

Quando você nasceu, nenhum profeta entrou na sala da maternidade e lhe apontou o dedo, dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.

Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho. Você não é Nossa Senhora.

Você é, humildemente, uma mulher. E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante.

Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável.

É ter tempo.
Tempo para fazer nada.
Tempo para fazer tudo.
Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.
Tempo para sumir dois dias com seu amor. Três dias. Cinco dias!
Tempo para uma massagem.
Tempo para ver a novela.
Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.
Tempo para fazer um trabalho voluntário.
Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
Tempo para conhecer outras pessoas.
Voltar a estudar.
Para engravidar.
Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.
Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.
Existir, a que será que se destina?
Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.
A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada.

Está tentando provar não-sei-o-quê, para não-sei-quem.
Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.
Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!
Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir.

Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.

Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.

Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.

E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'.

(Texto da Martha Medeiros, publicado na Revista de O Globo)

domingo, 6 de abril de 2008

HERANÇA!

“Que palavra por palavra eis, aqui, uma pessoa se entregando”.

(Sangrando, de Gonzaguinha)

Seus amores cabem todos dentro de uma pasta.De uma velha pasta plástica escolar, daquelas que parecem feitas de canudinhos e que a menina se distraía em perfurar com caneta palavras e formas no seu tempo de escola. Aquela pasta verde de canudinhos guardava todos os seus amores.

Para um, ela fez um poema. Pra outro, plagiou o soneto da separação. Ao amigo, que sequer sabia do ardor reprimido, ela compôs uma música inteira e cifrada.

O “ficante” se contentou em ser um número de telefone rabiscado num guardanapo de papel borrado de cerveja. Já aquele que ela nem gosta de mencionar rendeu uma ação por perdas e danos, que levou os seus planos, seus pobres enganos, os seus 20 e poucos anos e deixou um coração picotado, aos pedaços, no chão. Virou papel amassado, foto rasgada e parte de um documento lavrado em cartório.

Do amor mais antigo, quando não se decidia entre amadurecer ou sorver mais daquele tempo de moleca, ela ainda conservava a folha seca da árvore do Passeio Público, a pétala de rosa, a semente de girassol e outros tantos símbolos de uma naturalidade que se foi há muito.

“São as lutas dessa nossa vida que eu estou cantando”(Idem) Até que um dia parou de escrever e de editar em resumidas e parcas linhas os batimentos do coração.E esse seu pequeno tesouro histórico virou acervo mofado dentro de um arquivo morto; empoeirado e esquecido nas prateleiras do escritório de seu apartamento…

De onde as lembranças encalacradas só saem para se submeter à tradicional faxina de ano-novo. Tempo suficiente para suscitar uma ponta de curiosidade, trazer de volta aromas, sensações e melodias do passado.Ela parou de escrever não porque não houvesse mais a necessidade de expressar sentimentos em palavras, mas porque percebera que os esboços anteriores não eram, agora, dignos de sua obra e da sinceridade madura com que se embrenhava nas entranhas misteriosas do amor.

Ela tinha diante de si o desafio de redigir algo mais elaborado e que exigisse a dedicação própria de um projeto grandioso, para o qual o tempo alternava-se entre ser parceiro e rival. Um camaleão que hora está da cor de quem ajuda e, logo em seguida, se veste com a tonalidade do adversário e fica disfarçadamente à espreita, numa defensiva e traiçoeira quietude.

Ela empreendeu escrever uma verdadeira enciclopédia, com seus conceitos, termos, significados e postulações e criou tantas palavras e neologismos que encheriam prateleiras e prateleiras de uma biblioteca robusta. Também encaixou ali receitas culinárias e manuais de sobrevivência.Passou a viver uma imensa coletânea dos diversos ramos do conhecimento e da formatação de idéias: psicologia, drama literário, sociologia, medicina (com ênfase no tratamento de traumas), história, muita filosofia, ciências exatas, comunicação, religiões, a leitura de periódicos e as reflexões de auto-ajuda. “Tudo o que você ouvir esteja certa que estarei vivendo”(Idem)

Parou de escrever porque não sabia mais como concluir aquela narrativa. Até que a certidão de casamento também foi morar — afinal, quem casa quer um canto — dentro da velha pasta verde de canudinhos de refrigerante, da qual não deverá sair tão cedo, a não ser que seja para se multiplicar em cópias autenticadas de um passado oficial.

Mas o que não cabe e nem nunca caberá dentro da pasta plástica é a certidão de nascimento que brotou dessa biografia intensa e que vem absorvendo 15 anos de elaborações profundas e de dedicação exclusiva. Já quase que se materializa sob a forma de título de eleitor, CPF, cartão de banco e declaração de imposto de renda.

Sem perder de vista a canção de ninar, as historinhas infantis e as poesias mais delicadas e redigidas com o rigor do cuidado e da proteção da mãe.O “full-time” do amor materno não cabe na pastinha dos relacionamentos efêmeros. Essa obra, de tão clássica, cala tudo o mais.

Claro que não se pode menosprezar o inusitado da vida humana, mas todas as demais publicações, com o passar dos anos, ganham o sentido de releituras. Por isso é que a última lembrança que ela armazenou dentro da pasta plástica verde feita de canudinhos foi justamente um envelope em que se podia ler em letras garrafais a palavra TESTAMENTO: “Para minha filha, deixo os registros de uma história de vida bem vivida. De posse desse legado e da análise dos erros e acertos aqui descritos, que ela trace um caminho único e próprio em direção à felicidade.

Revogam-se todas as disposições em contrário”!


“É apenas o meu jeito de viver o que é amar”(Idem)


(Texto da jornalista Thea Tavares, veiculado no Blog do Zé Beto, no Site Jornale, neste domingo, 06.04.2008)

HOJE NÓS SOMOS A PAUTA

EM DEFESA DA LIBERDADE DE IMPRENSA E DA DEMOCRACIA NA COMUNICAÇÃO

Conscientes da sua função social, na qual se destaca a responsabilidade de defender o direito fundamental do cidadão à informação de qualidade, ética, plural e democrática, os jornalistas brasileiros comemoram o 7 de abril reafirmando as grandes lutas que, ultimamente, têm marcado a nossa pauta diária:

- a exigência de uma nova Lei de Imprensa e do fim da violência e ataques contra as liberdades de expressão, do jornalismo e dos jornalistas;
- a construção de uma Conferência Nacional de Comunicação com real participação da sociedade;
- a garantia das conquistas da categoria e o avanço na valorização da profissão.

Ratificamos a necessidade imperiosa de uma nova Lei de Imprensa em substituição a um dos entulhos da ditadura, a Lei 5.250 que já existe há 40 anos e além de ultrapassada, não atende aos interesses do jornalismo, da categoria e da sociedade. A FENAJ e seus 31 Sindicatos filiados defendem a imediata aprovação do PL 3.232/92, o chamado substitutivo Vilmar Rocha, que dorme na Câmara dos Deputados há mais de 10 anos, pronto para a votação em plenário desde agosto de 1997.

Conclamamos outras entidades representativas da sociedade e a categoria dos jornalistas como um todo para aderirem à campanha que a Federação e os Sindicatos dos Jornalistas já desenvolvem, com o objetivo de sensibilizar o Congresso Nacional e os parlamentares federais em cada estado para a urgência de revogar a lei atual e substituí-la por uma nova e democrática Lei de Imprensa.

Acreditamos que a aprovação desta nova Lei faz parte das nossas lutas-maiores pela liberdade de imprensa e democracia na comunicação no Brasil, que vêm sofrendo ataques através das mais diversas formas de violência contra o jornalismo e os jornalistas: censuras e cerceamentos econômicos, políticos, sociais e morais externos ou pelos patrões, intimidações, perseguições, assédios judiciais, agressões verbais e físicas por agentes públicos e privados descontentes com a cobertura jornalística sobre seus atos e interesses.

Reafirmamos que igualmente é nossa tarefa cotidiana - e na qual também colocamos imenso empenho - construir a realização de uma Conferência Nacional de Comunicação ampla, democrática, com efetiva interferência da população brasileira. Uma Conferência que envolva representação da sociedade civil, do governo e do empresariado, com três eixos temáticos: meios de comunicação, cadeia produtiva e sistemas de comunicação.

Neste 2008, quando celebramos 200 anos de imprensa no Brasil, 70 anos da nossa primeira regulamentação profissional, 100 anos de fundação da ABI e 90 anos do primeiro congresso nacional da categoria, também assinalamos como agenda diária dos jornalistas a denúncia do arrocho salarial, do desemprego e da precarização das relações trabalhistas e a reivindicação de melhores condições de trabalho. Com o mesmo peso, pautamos a defesa da obrigatoriedade da formação universitária especifica, um dos pilares da nossa regulamentação, e da constituição de um Conselho Federal dos Jornalistas que, como os demais conselhos profissionais existentes no país, garanta à nossa categoria a auto-regulação da profissão.

A FENAJ e seus Sindicatos, neste 7 de abril de 2008, nosso Dia, parabenizam os jornalistas do Brasil - profissionais e professores -, além dos estudantes de jornalismo. Celebramos com vocês e com a sociedade, cujo direito à informação é a razão maior das nossas grandes e pequenas lutas, as vitórias já alcançadas ao longo destes 200 anos de imprensa no país. Ao mesmo tempo, fazemos uma convocação: pelo papel social desempenhado pelo jornalismo e jornalistas, continuemos firmes nas batalhas pelo fortalecimento e valorização da profissão, pela liberdade de imprensa e democracia na comunicação.

Brasília, 7 de abril de 2008.

FENAJ Federação Nacional dos Jornalistas
Sindicato dos Jornalistas do Acre
Sindicato dos Jornalistas de Alagoas
Sindicato dos Jornalistas do Amapá
Sindicato dos Jornalistas do Amazonas
Sindicato dos Jornalistas da Bahia
Sindicato dos Jornalistas do Ceará
Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal
Sindicato dos Jornalistas de Dourados
Sindicato dos Jornalistas do Espírito Santo
Sindicato dos Jornalistas do Estado do Rio de Janeiro
Sindicato dos Jornalistas de Goiás
Sindicato dos Jornalistas de Juiz de Fora
Sindicato dos Jornalistas de Londrina
Sindicato dos Jornalistas do Maranhão
Sindicato dos Jornalistas do Mato Grosso
Sindicato dos Jornalistas do Mato Grosso do Sul
Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais
Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro
Sindicato dos Jornalistas do Pará
Sindicato dos Jornalistas da Paraíba
Sindicato dos Jornalistas do Paraná
Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco
Sindicato dos Jornalistas do Piauí
Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Norte
Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul
Sindicato dos Jornalistas de Rondônia
Sindicato dos Jornalistas de Roraima
Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina
Sindicato dos Jornalistas de São Paulo
Sindicato dos Jornalistas de Sergipe
Sindicato dos Jornalistas de Tocantins

SERES INVISÍVEIS

O psicólogo formado pela Universidade de São Paulo, Fernando Braga da Costa, 27 anos, tornou-se figura notória na mídia a partir do final de 2002. Correntes circularam pela Internet com seus relatos sobre os momentos que passou ao assumir o uniforme a vassoura de gari por oito anos.

Atônitos, os internautas e demais pessoas que souberam da história por meio de jornais, revistas e tevês, começaram a escrever para o jovem pesquisador, que neste ano já está estudando o doutorado em psicologia social.

“Eu me emocionei muito com algumas cartas e telefonemas que recebi”, diz Fernando que, apesar de toda a fama repentina, mantém os pés firmes no chão e conhece o verdadeiro propósito de toda a sua experiência. O perfil desta semana vem, excepcionalmente, no formato de entrevista, para que os leitores possam conhecer mais a fundo o depoimento de Fernando. Confira abaixo:

Responsabilidade Social: Como foi a experiência de se disfarçar de gari por oito anos?

Fernando Braga da Costa: Tudo partiu de uma matéria (Psicologia Social II) da faculdade na qual os alunos do segundo ano de psicologia precisavam se engajar numa tarefa proletária exercida por pessoas de classes pobres. Eu escolhi trabalhar com gari, pois é a profissão mais rejeitada pelas pessoas em geral. Quando as pessoas, mesmo no senso comum, se referem à profissão de gari ou de lixeiro, é sempre como a profissão mais desqualificada que existe. Falam coisas do tipo: “Fulano não serve nem para ser lixeiro”, ou “Se eu tivesse que trabalhar de gari, preferia ser assaltante, bandido”. A gente ouve isso muito por aí. Na hora que me propuseram o trabalho, foi a primeira profissão que me veio à cabeça. Então, eu vesti o uniforme todo vermelho, boné e camisa e comecei a participar do grupo que varria o campus da USP. Chegando lá e apesar de não ter dito uma só palavra sobre minha origem, eu percebi que os garis sacaram que eu não era um novo gari contratado. Digo isso, por vários motivos, mas especialmente porque eles tinham uma atitude de me proteger, ao fazer pequenas coisas como: a vassoura mais nova sempre tinha que ficar comigo, eles não queriam que eu fizesse trabalho de enxada ou com a pá e impediam que eu viajasse na caçamba da caminhonete (pois os garis vão na caçamba como se fossem ferramentas), eles queriam que eu fosse na cabine. O que explicaria isso? Só depois de muita insistência minha é que eles deixaram eu ir atrás com eles. Logo no primeiro dia, eu passei por um ritual de passagem muito especial. Paramos para tomar café, mas não existia caneca, apenas uma garrafa térmica com a bebida. Havia um clima estranho no ar, os garis mau conversavam comigo, pois sabiam que eu era de outra classe. Um deles foi até o lixo e pegou duas latinhas de refrigerante. Cortou a latinha pela metade e serviu o café ali mesmo, naquela caneca improvisada, suja e grudenta. Eu nunca gostei de café, mas intuitivamente senti que deveria tomá-lo, mesmo sabendo que aquela latinha estava no lixo, onde passa barata, rato, tudo. No momento em que empunhei a caneca, todos eles pararam para me assistir. Ficou um silêncio enorme no ambiente. E bebi. A partir daí, a indiferença deles e a ansiedade no ambiente evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada e a brincar. Foi um rito de passagem mesmo.

RS.: Como você era antes dessa experiência? Você cumprimentava as pessoas que ocupam esse tipo de funções?

FBC.: Sim. Isso sempre foi uma coisa muito dolorida para mim. Eu não entendia porque as pessoas não eram tratadas como seres humanos. Para mim, sempre foi uma situação constrangedora, enigmática. Então, quando surgiu essa oportunidade, eu agarrei e fui agarrado por ela. Eu sempre vivi num bairro de classe média alta, num condomínio de prédios onde crianças e adolescentes que eram acostumados a maltratar porteiros, faxineiras. Então foi uma coisa que sempre me chamou a atenção.

RS.: Como foi que você resolveu ultrapassar a perspectiva de fazer apenas uma matéria (que dura um semestre) se disfarçando como gari e partiu para oito anos de experiência?

FBC.: Eu comecei essa pesquisa em 1994 e nos dois primeiros anos eu não fui semanalmente trabalhar como gari. Estive lá num período mais esporádico. Então, a partir de 96, eu ia duas, três vezes por semana trabalhar com o pessoal. Eu tive um primeiro dia de trabalho como gari com experiências muito importantes. Uma delas, em particular, foi a seguinte: uma certa vez, quando estava trabalhando como gari, tive que passar pelo Instituto de Psicologia da USP – passei pelo térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, pela biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, em frente à lanchonete, e tinha muita gente conhecida. O pessoal passava como se estivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém, em absoluto, me viu ou olhou para mim. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse. Fui almoçar e voltei para o trabalho atordoado. Foi naquele momento que senti na pele a coisa da invisibilidade social. A minha intenção inicial era estudar a humilhação social, porém, a invisibilidade passou a ser algo que se apresentava com muito mais força na minha pesquisa, era um campo de trabalho inédito. Invisibilidade é um conceito que eu formulei. Não existia isso. É uma coisa que todo mundo vê e ninguém fala. Isso fez com que eu procurasse meu professor antes de terminar meu trabalho. Na época, eu procurava me engajar em algum trabalho de iniciação científica e eu perguntei: “Tem como eu estudar isso?”. E o professor disse: “Tem, só que você vai ter que ficar trabalhando de gari”. Fiquei feliz quando ele disse isso, porque era o que eu mais queria. Então esse trabalho ganhou um status extra-curricular. Era uma coisa assim, eu tinha muito prazer em estar com eles e eles, por sua vez, sempre que me encontravam pelo campus da universidade, me perguntavam: “E aí, Fernando? Quando é que você volta? Você não vai mais trabalhar com a gente?”. Eles se ressintiam da minha ausência. Aí, fui ficando. A experiência se prolongou porque trouxe muitos frutos para mim.

RS.: Suscintamente, como você pode definir qual o objetivo central desse trabalho. Ele é estritamente acadêmico ou vai além disso?

FBC.: Não. Ele é um trabalho inclusive com características nada acadêmicas. Ele é um texto que se tornou muito literário. São histórias que eu conto, e a partir das histórias surgem as interpretações sobre os fenômenos psicossociais. Ele é um texto que em si você vai reconhecer poucos aspectos de uma estrutura acadêmica rígida. Na verdade, eu sempre me ative a essa questão do tipo: “Será que ninguém vê que ali tem gente?”. Eu quero chamar a atenção das pessoas, sacudir suas estruturas. Mas, ao mesmo tempo, tem traços científicos muito bem definidos. Quando comecei o projeto era uma coisa assim de denúncia bem ingênua. Mesmo quando eu questionava as coisas, eu fazia de forma muito pouco estruturada. E a grande modificação, o grande progresso que eu tive em todos esses anos aconteceu quando eu percebi que os fatos falam por si. Eu não preciso ficar dizendo assim: devemos tratar os garis com mais humanidade. Em nenhum momento eu digo isso. Chacoalhar as pessoas é importante sim, mas é melhor deixar que o próprio fato interpele a pessoa.

RS.: Você está escrevendo um livro sobre isso?

FBC.: Depois que o trabalho começou a ter repercussão, eu comecei a receber muitos e-mails perguntando onde é que se compra o livro. Eu defendi o trabalho em novembro de 2002, então eu não tive nem tempo de pensar em publicação. O que eu fiz foi apresentar o trabalho de dissertação de mestrado à editora da USP e requeri a publicação do livro. Mas esse pedido foi feito apenas na semana passada. Não sei como as coisas vão ocorrer daqui para a frente. Temos que esperar.

RS.: Como é que você se sente com toda a repercussão que o seu trabalho tomou?

FBC.: Tem muita coisa acontecendo. Se eu digitar meu nome na Internet aparecem ‘trocentas’ coisas hoje. Não tem como controlar. Me ligaram sábado passado dizendo que o Luciano Huck falou da minha pesquisa no programa dele, porque parece que tinha um gari participando das provas e ele comentou que tinha um psicólogo com uma pesquisa assim, tipo elogiando. Então, eu me sinto assustado, porque as pessoas têm me ligado de Manaus, Aracajú, Rio Grande do Sul. Eu não imaginava que fosse ter repercussão uma coisa dessas. Eu imaginava que ia fazer esse trabalho muito mais para me satisfazer pessoalmente do que academicamente, porque o encontro com os garis foi um encontro personalizado, curativo para mim, muito importante. Teve um jornalista que me ligou para uma reportagem e me contou a seguinte história: “Eu estava na pós-graduação lá na PUC em Porto Alegre quando entrou uma faxineira na sala de aula, já com alguns alunos e ninguém falou com ela. Eu lembrei do que você disse e falei boa noite para ela. Ela ficou muito contente, até sorriu para mim. Então pergunto: era isso que você queria com sua pesquisa?”. Na hora que ele contou isso, me senti comovido porque as pessoas estão registrando o sentido mais nobre desse trabalho. Outra pessoa de Goiânia me contactou dizendo que havia assistido minha entrevista TV Educativa. Ele se ateve muito ao momento em que o entrevistador me perguntou se em algum momento eu me senti psicólogo dos garis. No programa, eu respondi que de maneira alguma, que eles sim que tinham sido meus psicólogos. Eles me curaram de algumas doenças burguesas, entre outras coisas. E esse cara de Goiânia me escreveu, por e-mail, dizendo que tinha sido catador de papel e hoje já tinha feito universidade, era bem de vida, mas tinha vergonha de dizer para os amigos que tinha sido catador de papel. E quando ele viu minha entrevista, disse que ficou com vergonha porque não sabia o nome do porteiro do prédio dele. Naquele momento mesmo, ele desceu somente para perguntar o nome do porteiro do prédio. Então assim, esse tipo de repercussão, por mais diminuta que seja é uma repercussão maravilhosa, porque todo psicólogo tem esse interesse humano. Então, não me interessa coisas como, por exemplo, a produtora do Jornal Nacional que queria me convencer sobre a importância de dar entrevista. Ela dizia: “Você vai falar para 50 milhões de pessoas”. Mentira. Quem vai falar é o Jornal Nacional, não eu. Vai meu nome lá, como especialista que fala em razão daquilo e tal, mas é um alcance banalizador da experiência. Quando o pessoal da imprensa entra em contato comigo, tento deixar claro que o interesse parte deles para mim. Eu não quero aparecer por causa da pesquisa, entende? Porque tem jornalista que liga e acha que eu tenho que abrir as pernas, e dar entrevista como se estivesse me vendendo. É disso que eu tenho medo.

RS.: Como você se sente em relação a todo esse processo, emocionalmente falando, com relação à experiência em si, à sua relação com os garis, e com relação ao feedback das pessoas nos últimos tempos?

FBC.: De fato, tudo aquilo que me fez estar com eles e mesmo quando estou escrevendo a respeito disso, é um momento quando entro num estado que não é meu estado de vigília normal. A cada dois minutos escrevendo sobre essa experiência, me são exigidos outros 10 minutos chorando. Eu já tive, várias vezes, de parar de escrever ao lembrar dos fatos, pois é uma experiência emocionalmente carregada. Acho que eu comecei a perceber melhor os meus comprometimentos, assumi mais de perto as minhas dificuldades, reconheci melhor as muletas nas quais a gente se apóia e nos torna pessoas muito vazias. Quando me refiro que a experiência me curou de doenças burguesas, estou me referindo a diferença de visões. Exemplo: quando eu chegava lá de manhã cedo para trabalhar com eles e olhava aquele céu azul, bonito e elogiava a beleza desse céu, eu percebia que eles ficavam num silêncio absurdo. Eu não entendia aquilo. Até que um dia sentei num ponto de ônibus com um dos garis e ele virou-se para mim e disse: “Nossa, Fernando, dá uma olhada para o céu”. Aí eu olhei e tava aquele céu de brigadeiro, como dizem, azulzinho, às 7 da manhã o sol já ardia. E ele completou: “Nossa, o tempo tá ruim, hein?”. Aí é que eu me toquei, que para essas pessoas é tudo muito relativo. Aquele céu azul é maravilhoso para quem está trabalhando dentro do escritório com ar-condicionado. Mas para eles é sinônimo de esforço e desgaste redobrado. Então, me habituei a me questionar sobre a realidade dessas pessoas. E me dei conta de muitas outras convenções burguesas. Me referi muito mais a essa percepção, do que a coisas materiais. Eu não sou contra o conforto e a tecnologia, mas acho que a tecnologia deveria servir à todo mundo e não a apenas meia dúzia.

RS.: Você consegue traçar um paralelo entre sua pesquisa e uma atitude que envolva Responsabilidade Social?

FBC.: Me chateia ver que a estrutura acadêmica deixa de produzir algo relevante. Tem trabalhos feitos só para ficarem parados, simplesmente tomando poeira na estante da biblioteca. Eu conheço muitas pesquisas que não servem absolutamente para nada, e que não têm um propósito em si. Portanto, penso que quando há uma associação muito verdadeira entre a ação do pesquisador e a pesquisa em si, a gente pode dizer que existe responsabilidade social nisso.

Entre em Contato
E-mail:
gariusp@yahoo.com.br
Fone.: (16) 9601-0828

Matéria veiculada no Site www.responsabilidadesocial.com
Esta página pode ser visualizada através deste link:
http://www.responsabilidadesocial.com/article/article_view.php?id=233
Edição: 50 Ano: 04 ISSN: 1677-4949
Domingo, 6 Abr de 2008

terça-feira, 1 de abril de 2008

AMIGO, UM ENSAIO

Difícil querer definir amigo. Amigo é quem te dá um pedacinho do chão, quando é de terra firme que você precisa, ou um pedacinho do céu, se é o sonho que te faz falta.

Amigo é mais que ombro amigo, é mão estendida, mente aberta, coração pulsante, costas largas. É quem tentou e fez, e não tem o egoísmo de não querer compartilhar o que aprendeu. É aquele que cede e não espera retorno, porque sabe que o ato de compartilhar um instante qualquer contigo já o realimenta, satisfaz. É quem já sentiu ou um dia vai sentir o mesmo que você. É a compreensão para o seu cansaço e a insatisfação para a sua reticência.

É aquele que entende seu desejo de voar, de sumir devagar, a angústia pela compreensão dos acontecimentos, a sede pelo "por vir". É ao mesmo tempo espelho que te reflete, e óleo derramado sobre suas aguas agitadas. É quem fica enfurecido por enxergar seu erro, querer tanto o seu bem e saber que a perfeição é utopia. É o sol que seca suas lágrimas, é a polpa que adocica ainda mais seu sorriso.

Amigo é aquele que toca na sua ferida numa mesa de chopp, acompanha suas vitórias, faz piada amenizando problemas. É quem tem medo, dor, náusea, cólica, gozo, igualzinho a você. É quem sabe que viver é ter história pra contar. É quem sorri pra você sem motivo aparente, é quem sofre com seu sofrimento, é o padrinho filosófico dos seus filhos. É o achar daquilo que você nem sabia que buscava.

Amigo é aquele que te lê em cartas esperadas ou não, pequenos bilhetes em sala de aula, mensagens eletrônicas emocionadas. É aquele que te ouve ao telefone mesmo quando a ligação é caótica, com o mesmo prazer e atenção que teria se tivesse olhando em seus olhos. Amigo é multimídia.

Olhos... amigo é quem fala e ouve com o olhar, o seu e o dele em sintonia telepática. É aquele que percebe em seus olhos seus desejos, seus disfarces, alegria, medo. É aquele que aguarda pacientemente e se entusiasma quando vê surgir aquele tão esperado brilho no seu olhar, e é quem tem uma palavra sob medida quando estes mesmos olhos estão amplificando tristeza interior. É lua nova, é a estrela mais brilhante, é luz que se renova a cada instante, com múltiplas e inesperadas cores que cabem todas na sua íris.

Amigo é aquele que te diz "eu te amo" sem qualquer medo de má interpretação : amigo é quem te ama "e ponto". É verdade e razão, sonho e sentimento. Amigo é pra sempre, mesmo que o sempre não exista.

(Enfim, o autor deste texto: Marcelo Batalha. Ele o escreveu em 20 de outubro de 1996)

(Marcelo Batalha enviou a correção em um comentário nesta terça-feira, 1º de Abril de 2008, ás 05:09. Espero que não seja um trote do Dia da Mentira. VMW)