quinta-feira, 29 de abril de 2010

ODE À ANA WELTE

Amados!

Nossa mãe nos ensinou
a generosidade e o amor.
O amor que fez de cada filho
indivíduo e, ao mesmo tempo,
parte de um todo.

Nossa mãe nos ensinou,
com sábio amor,
que a vida nem sempre é fácil,
mas que é venturoso viver.

E nós somos a semente germinada
desta matéria prima,
suave e forte,
frágil e firme.

Nossa mãe corre em nossas veias,
bate em nossos corações
e vive em nossa memória.
Hoje e sempre!

Beijos, com carinho imenso
e saudades;

VMW



domingo, 25 de abril de 2010

OS WELTE EM NOVA YORK










Começo a espalhar a notícia:
os Welte estão em Nova York,
na velha Nova York,
na cidade que nunca dorme.
E seus sapatos “de vagabundos”
percorrem toda a cidade,
felizes, felizes, felizes…
Simplesmente, porque os Welte
estão em Nova York.
New York, New York...
We love you!



New York, New York
Start spreading the news
I’m leaving today
I want to be a part of it
New York, New York
These vagabond shoes
Are longing to stray
Right through the very heart of it
New York, New York
I wanna wake up in a city
That doesn't sleep
And find I'm king of the hill
Top of the heap
These little town blues
Are melting a way
I'll make a brand-new start of it
In old New York
And... if I can make it there
I’m gonna make it anywhere
It's up to you
New York, New York

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Nova Iorque, Nova Iorque
começa a espalhar a notícia,
Estou partindo hoje
Eu quero ser parte dela
Nova Iorque, Nova Iorque
Estes sapatos de vagabundo
estão desejando passear
Bem correto ao melhor coração de,
Nova Iorque, Nova Iorque
Eu quero acordar na cidade
Que nunca dorme
E descobrir que sou o rei da montanha
- O maioral
Estes blues de pequenas cidades do interior
se derretendo
Eu farei um novo recomeço nela -
Na velha Nova Iorque
Se eu conseguir lá,
eu consigo em qualquer parte
Só depende de você,
Nova Iorque, Nova Iorque
Eu quero acordar
na cidade que nunca dorme
E descobrir que sou o número um, no topo da lista
Rei da montanha, um número um
Estes blues de pequenas cidades do interior
se derretendo
Eu farei um novo recomeço nela –
Na velha Nova Iorque
Se eu conseguir lá,
eu consigo em qualquer parte
Só depende de você,
Nova Iorque, Nova Iorque

quarta-feira, 21 de abril de 2010

VOCÊ NUNCA MAIS VAI LER JORNAL DO MESMO JEITO

(Tiradentes Esquartejado, em tela de Pedro Américo (1893).
Acervo: Museu Mariano Procópio)

Neste dia, 21 de abril, em que o Brasil
reverencia um de seus mártires da independência,
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes,
eu pincei dois trabalhos jornalísticos
de grande importância para
os brasileiros refletirem um pouco.
Além das observações lúcidas do jornalista Carlos Brickmann,
há "a entrevista do general Newton Cruz
ao jornalista Geneton Moraes Neto, no canal Globonews,
que foi quase ignorada pela grande imprensa.
E, no entanto, ele narra coisas notáveis,
como a proposta que disse ter recebido de Paulo Maluf,
então candidato á Presidência da República,
de mandar assassinar seu adversário Tancredo Neves,
ou a informação de que sabe
quem eram os militares que
queriam promover novo atentado a bomba,
logo após o atentado do Riocentro”.
Para quem não sabe desses fatos,
eu peço licença aos dois colegas – Brickmann e Geneton –
para publicar os dois importantes textos neste espaço.
Aproveitem

Circo da Notícia - Coluna de Carlos Brickmann

O veículo de comunicação ou o repórter é favorável ou contrário ao entrevistado? É fácil identificar: não requer prática nem tampouco habilidade. Se é favorável, o entrevistado "diz", "afirma", "mostra". Se é contrário, o entrevistado "alega", admite", "limita-se a dizer". No rádio, basta uma mudança no tom de voz do locutor, às vezes um leve deboche, para que se saiba se ele acredita ou não no que diz o entrevistado, se concorda com a notícia ou dela discorda. Na TV, nem é preciso prestar muita atenção: os apresentadores fazem caras e bocas, mostram claramente quem é que acham que tem razão.

Objetividade jornalística? Depende: se a notícia envolve um terremoto num lugar distante, basta o leve tom de tristeza no semblante do apresentador. Se a tragédia é mais próxima, as coisas mudam bastante conforme a posição política do veículo e do apresentador (ou do redator, ou do locutor). Se é favorável ao Governo Federal, apresenta com a máxima seriedade os dados sobre o excepcional volume de água que desabou sobre o Rio, dirigido por aliados do presidente Lula; e se refere ao descaso com que os sucessivos governos anteriores cuidaram da habitação popular e da ocupação das áreas de risco. Já no caso das enchentes de São Paulo, há sinais inequívocos de que se o Governo tucano fosse bom a cidade estaria preparada para chuvas ainda mais fortes. Se é favorável ao Governo paulista, o problema do Rio é causado pelo Governo e pela Prefeitura, que não previram a possibilidade de deslizamento dos morros; já em São Paulo a culpa é das chuvas, que teriam alagado até cidades de Primeiro Mundo.

Não é questão apenas política (embora, neste momento eleitoral, esteja cada vez mais fácil descobrir a posição partidária dos veículos e de suas estrelas). Há a guerra entre empresas favoráveis à Igreja Católica e as ligadas ao protestantismo neopentecostal, especialmente a Igreja Universal do Reino de Deus. E há as patrulhas militantes, que buscam qualquer deslize dos apresentadores ou dos veículos que não apreciam para iniciar campanhas de desmoralização.

Como diz o lema deste Observatório da Imprensa, você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito. Até o noticiário esportivo se contaminou, com a avaliação jornalística dos clubes sendo ligada à posição política que tomam na Confederação Brasileira de Futebol.

Vale a pena ser prudente: não leia um só jornal, não aceite uma única fonte de informação. Vale a pena ser observador: tom de voz, trejeitos faciais e escolha das palavras dizem mais sobre a posição dos veículos do que qualquer editorial.

OS CRIMES QUE NINGUÉM QUER VER

Este colunista não tem nada favorável a dizer sobre o general Newton Cruz, que foi comandante militar do Planalto durante a ditadura. Mas ocupou cargos da mais alta importância, incluindo a agência central do SNI, o terrível Serviço Nacional de Informações; conheceu os Governos por dentro; era companheiro dos generais que chegaram à Presidência da República. O que diz tem importância, portanto - ou por ser verdade, e nesse caso exige investigação, ou por ser mentira, e nesse caso exige punição. E, de qualquer maneira, o que diz pode configurar outro crime, o de ter conhecimento de fatos delituosos que ocorreram e, abdicando de suas responsabilidades, silenciar sobre eles.

A entrevista do general Newton Cruz ao jornalista Geneton Moraes Neto, no canal Globonews, foi quase ignorada pela grande imprensa. E, no entanto, ele narra coisas notáveis, como a proposta que disse ter recebido de Paulo Maluf, então candidato á Presidência da República, de mandar assassinar seu adversário Tancredo Neves, ou a informação de que sabe quem eram os militares que queriam promover novo atentado a bomba, logo após o atentado do Riocentro (veja a entrevista completa aqui ou leia o texto do próprio Geneton.

Muito bem: por que ninguém foi ouvir Paulo Maluf sobre a pesada acusação que lhe foi feita pelo general Newton Cruz? Ninguém foi investigar os passos do general no Rio de Janeiro quando, num encontro com militares-terroristas, disse ter mandado suspender o atentado que planejavam? Ninguém quis saber por que, sabendo que havia militares agindo fora da lei, fora da disciplina, fora da determinação de seu comando, não lhes deu voz de prisão, no momento ou mais tarde?

E não é só a imprensa: o Ministério Público já deveria ter aberto inquérito para apurar o que aconteceu. Os dois casos são espantosos: o primeiro, de proposta de magnicídio - o assassínio do candidato favorito à Presidência; o segundo, de terrorismo puro e simples, com a morte sabe-se lá de quantas pessoas inocentes.

E, no caso da imprensa, cadê a repercussão?

O caso Watergate foi liderado do início ao fim, nos Estados Unidos, pelo Washington Post. Mas os outros jornais foram atrás, lutaram, conseguiram suas informações. Aqui é capaz de nem terem visto a entrevista do general.

OS BASTIDORES DO PODER

(General Newton Cruz Foto do site www.veja.abril.com.br)

O excelente trabalho do jornalista Geneton Moraes Neto,
de entrevistar o general, da linha dura,
Newton Cruz,
agora na reserva e doente,
merece ser reproduzido aqui
para a reflexão de quem quiser saber de
acontecimentos retidos nos bastidores do Poder deste país
A apresentação e todo o texto que segue abaixo,
é do próprio Geneton Moraes Neto.
"Os bastidores do regime militar :
general Newton Cruz descreve o dia em que saiu
de Brasília para o Rio para
desmontar um novo atentado que
militares estavam tramando depois do Riocentro"



Aos fatos : o ex-chefe da agência central do SNI e ex-comandante militar do Planalto, general Newton Cruz, nos deu detalhes de uma operação secreta que ele protagonizou para evitar que militares radicais cometessem, no Rio de Janeiro, um novo atentado, depois do que tinha ocorrido no Riocentro.

Um detalhe: o próprio Newton Cruz ficou nacionalmente conhecido como “linha-dura”. Mas, neste caso, ele atuou para “apagar um incêndio”. Os autores do frustrado atentado cometido no Riocentro – militares ligados ao DOI do I Exército, no Rio de Janeiro - queriam dar uma nova demonstração de força contra a abertura política ( A entrevista completa do general foi exibida no DOSSIÊ GLOBONEWS no sábado. E reprisada no domingo, às 17:05; na segunda, às 15:05 e na terça, às 11:05).

O general se deslocou de Brasília para o Rio, numa missão que, segundo ele, extrapolava suas atribuições, já que cabia a ele chefiar a agência central do SNI – não participar de um “empreitada” como aquela. O diálogo com dois dos homens que tramavam um novo atentado ocorreu num quarto de hotel do Leme, no Rio de Janeiro. O então chefe da agência central do SNI diz que fez uma advertência aos dois : se executassem o que estavam tramando, seriam denunciados.

Um bastidor : quando procurei o ex-chefe da agência central do SNI para uma entrevista, duas semanas antes do natal, a primeira resposta foi “não”. Cordial ao telefone, disse que já não queria se envolver em” confusão”. Aos 85 anos, viúvo, estava na casa da filha, na zona oeste do Rio. Enfrentara problemas de saúde. A audição já não era tão boa. Agradeceu o “interesse” mas, em outras palavras, pediu que eu batesse em outra porta. Não bati. Tentei de novo uma, duas, três vezes. Disse que ele tinha sido citado em outras entrevistas que eu tinha feito sobre o fim do regime militar. A última investida deu resultado. O general me disse :”Você é insistente !”. Respondi que sou, claro. Queria ouvi-lo. O tom firme da voz do general indicava que continuava “enérgico”. A entrevista ficou marcado para as onze da manhã de uma quarta-feira.

Houve momentos tensos. Com o calor na sala e o pequeno refletor usado pelo cinegrafista Evilásio Carneiro foram suficientes para que o general ficasse banhado de suor. A camisa ficou visivelmente molhada. A assistente de produção Rosamaria Mattos, estagiária da Globonews, fez as vezes de “maquiadora” : precisou enxugar a testa do general “n” vezes com lenços de papel. Houve momentos tensos, em que o general levantou a voz para marcar posições. Devolveu perguntas ao repórter. Recorreu à ironia quando achou necessário. A estagiária deve ter ficado compreensivelmente “assustada” com a entrevista. De qualquer maneira, eu estava apenas – e exclusivamente – para perguntar, não para fazer discursos, emitir julgamentos ou me exibir diante da câmera sob as vistas do general – que entrou para o “imaginário coletivo” como exemplo acabado do militar linha-dura. É o que tentei fazer.

Terminada a entrevista, a equipe desligou o equipamento. O cinegrafista, os dois técnicos e a assistente de produção desceram na frente. O general me acompanhou até a porta do elevador. Aquele silêncio constrangido que sempre acomete os que ficam diante da porta de um elevador foi quebrado pelo general que, para minha surpresa, depois de ter se exaltado tantas vezes durante a entrevista, começou a cantar uma velha canção : “Falam de Mim” ( a letra diz “falam de mim/mas quem fala não tem razão/ um rapaz como eu/ não merece ingratidão”). Quando cheguei à TV, recorri ao São Google, para descobrir de quem era a música. Era de um homônimo de Noel Rosa.

Vou confessar : meu primeiro pensamento foi “ah, meu Deus do céu, se a câmera estivesse ligada aqui eu ia fazer uma imagem antológica : Newton Cruz, o general linha-dura, cantando !”. A essa altura, o equipamento já estava desligado, no carro. Trocamos umas palavras.

O general ficara satisfeito com a entrevista. Eu disse a ele o que sinceramente penso : “Como personagem jornalístico, o senhor me interessa tanto quanto, por exemplo, Luís Carlos Prestes, a quem, aliás, entrevistei várias vezes. Jornalista existe para fazer pergunta. Não faço ”patrulhagem ideológica” nem no senhor nem em Prestes. Minha opinião pessoal não interessa. Quero sair daqui com uma notícia”.

O general me disse que nunca tinha falado tão claramente sobre a operação que fez para desmontar um novo atentado que militares tramavam no Rio. Em resumo, ele me deu uma notícia : militares estavam tramando,sim, um novo atentado no governo Figueiredo.

Um dia depois, telefonei para checar dados. Perguntei se ele sabia o título da música que cantou para mim na porta do elevador, no fim da visita. Não, o general não sabia. Mas deve ter notado que, no fundo, o que eu queria era gravar a performance do general Newton Cruz cantando. Perguntou, sem meias palavras, se eu queria gravar ali, naquela hora, por telefone. É claro que sim. A gravação foi feita. O general “linha-dura” cantou de novo! A gravação da performance musical foi usada no final da entrevista levada ao ar pela Globonews : um diálogo marcado por momentos ríspidos terminou, quem diria, com Newton Cruz cantando.

Mas o que terminou com a música tinha começado assim:

Toca o telefone na agência central do SNI, em Brasília : um agente – que estava no DOI-CODI do I Exército, no Rio de Janeiro, avisa que um grupo estava indo para o Riocentro com uma bomba

Horas antes do atentado no Riocentro, o senhor recebeu um telefonema de um militar avisando que uma bomba iria explodir lá.Por que é que o senhor não se dirigiu imediatamente para o Riocentro?

Newton Cruz: “Não,não,não,não. Meu Deus do céu. Primeiro: o Riocentro é no Rio. Eu estava em Brasília. “Imediatamente” não podia ser, nem que eu viesse de avião. Não é nada disso. Eu estava no meu gabinete de trabalho, na Agência Central do SNI. Ficava até tarde. Trabalhava feito um desesperado. Trabalhava de noite. Não tirava férias. Não fazia nada. Cheio de papel. Sempre fui muito centralizador. Sempre fui responsável, eu,pessoalmente – e também garantir que cumpram aquilo que digo,como mando fazer. Eu estava no meu gabinete, já à noite, quando um oficial meu – da Agência Central do SNI – me disse: “Chefe, recebi um telefonema lá do Rio de Janeiro, de fulano de tal, analista de nossa agência, que disse o seguinte: tinha ido ao DOI do I Exército para fazer contato,saber se tinha alguma novidade e se informar…”. Somos órgão de informação. Era um homem da nossa seção de operações. “Quando chegou lá, ele se assustou, porque viu um grupo reunido cuja ideia era partir para o Riocentro. E ele ficou assustado.Falou: ”Como é isso?”. O oficial da agência do Rio de Janeiro tentou influenciar: ”Vocês não podem fazer isso, ir pra lá!”. E eles: “Mas nós vamos! ”. A ideia desse grupo não era matar ninguém: era moda aquele negócio de bomba em banca de jornal. Era pegar uma bomba – uma bombazinha – e jogar lá fora, nas imediações. Era um ato de presença: “Nós estamos aqui.Vocês estão aí, no evento de comemoração do primeiro de maio.Nós estamos aqui!”. Não era para matar ninguém. Era um grupinho. Não era nada comandado por ninguém de cima. Eram eles mesmos, por conta deles.

Quando este oficial soube, se assustou: “Não podem fazer isso lá”. Faz o seguinte: “Vai, mas joga a bomba mais afastada”. Ele avisou isso. E saiu com o grupo: foi junto, para assegurar a bomba fora, para não incomodar ninguém, porque eles estavam com gosto de sangue na boca. Sangue,não. Sangue nada: era jogar bomba. Eu falei: “Mas não há meio de parar?”. E ele: “Não,porque eles já saíram”. Quando eu soube, este grupo já tinha saído. E a bomba foi lançada meio afastada, na proximidade da casa de força. Não adiantava nada, porque se apagasse, o gerador daria eletricidade. Não ia incomodar ninguém. Ele agiu com a cabeça, para evitar. Muito bem. Eu não podia fazer mais nada. Paciência. Fui para casa. Quando cheguei em casa – e liguei a televisão – é que soube da bomba que tinha explodido. O que é que foi ? Os dois que foram lá – o capitão e o sargento – por conta própria, fora daquele grupo – para o estacionamento.E a bomba explodiu no colo do sargento. É o que houve”.

Quando soube que haveria um atentado no Rio centro, o senhor não deveria ter comunicado imediatamente até ao presidente da República ?
Newton Cruz: “Não,não,não…”

O senhor não considerou grave ?
Newton Cruz: “Falei com quem ? Com o meu chefe – o chefe do SNI, Octávio Medeiros – que tinha gabinete junto do Figueiredo. Eu – como chefe da agência central – não tinha nenhum contato direto com Figueiredo…”

Mas num situação dessas….
Newton Cruz: “Não tinha importância nenhuma…”

Poderia ter causado uma tragédia….
Newton Cruz: “Ele foi procurado por Medeiros – que disse a história a ele. Figueiredo soube o que aconteceu”.

Naquela noite ?
Newton Cruz: “Não sei se na noite. Porque a noite era de madrugada. Ou no dia seguinte, não sei. Para mim, tinha acabado. Transmiti para o meu chefe e acabou”

O senhor transmitiu para o general Octávio Medeiros antes ou depois de ver a notícia na TV?
Newton Cruz: “Depois da TV. Eu morava do lado de Medeiros. Nossa casa era junto uma da outra,na Península dos Ministros. Não podia fazer nada! Não podia fazer nada naquela hora ! Nada! Não tinha o que fazer ! Não tinha o que fazer. Não podia fazer nada! Não havia o que fazer”

O senhor se arrepende de não ter tentado fazer alguma coisa ?
Newton Cruz (levantando a voz): “Tentar o quê ?”

Telefonar para o general Medeiros para mobilizar…
Newton Cruz: “Medeiros ia fazer o quê ?”

Mobilizar alguém para interceptar…
Newton Cruz: “Interceptar quem ?”

Os militares que estavam indo para o Riocentro….
Newton Cruz: “Eles não sabiam de militar que estava indo para o Riocentro. Não sabia nem para onde eles foram. Não sabiam nem onde ia ser jogada a tal bomba. Era nas proximidades. Não sabiam onde era. Que história é essa ? É impossível. Nesta ocasião, nem celular havia….
E mais o seguinte: tempos depois, recebi a informação de que havia um grupo,no DOI, tentando fazer uma coisa parecida. Não era problema meu. Eu tinha só de informar.

O grupo ia fazer algo parecido onde ?
Newton Cruz: “Em algum lugar. Algo da mesma natureza”

Uma bomba num local público ?
Newton Cruz: “É …. Não sei onde”.

O senhor deve saber. Não quer dizer ?
Newton Cruz: “Estou dizendo que não sei. Estou contando. Não conto pela metade. Conto tudo que sei. Quando conto, conto o que sei. Quando não quero contar, não falo. Então, falei: “Não é possível! Isso não pode!”.

Pela primeira vez, saí de minha função dentro do SNI: “Vou pessoalmente acabar com isso! Pedi à agência do Rio um encontro com dois elementos do DOI-CODI. Fui ao Rio de Janeiro e me encontrei num hotel “.

Onde foi ?
Newton Cruz: “O hotel ficava no Leme. Eu me encontrei com um tenente da Polícia Militar e um sargento (do Exército). Falei: ”Aconteceu isso assim assim em relação ao Riocentro. Eu tive informações de que vocês estão pensando em coisa parecida. Vou dizer uma coisa a vocês: vão lá e digam aos seus companheiros que vocês estiveram comigo e se acontecer qualquer coisa parecida com isso eu vou denunciar!” (levanta a voz). Digam a eles!”. Nâo houve mais nada. Acabou com bomba. Isso ninguém sabe”.

O general guardou silêncio sobre a reunião ocorrida num quarto de hotel no Leme, no Rio de Janeiro, com dois militares que estavam tramando o novo ataque.

O senhor chegou a produzir algum documento escrito sobre esta ameaça de um novo atentado no Rio ?
Newton Cruz: “Não.Nunca falei sobre isso”

Chegou a produzir algum documento internamente no SNI ?
Newton Cruz: “Não.Porque, se eu fizesse, estaria sendo falso em relação aos dois que falaram comigo”.

Por que é que só agora o senhor decidiu fazer esta revelação ?
Newton Cruz: “Já falei na intimidade”.

Não: publicamente….
Newton Cruz: “Porque saiu agora. Não sei por quê. Ah, por quê ? Porque agora falei, de repente…”.

Quanto tempo depois do Riocentro haveria este outro atentado ?
Newton Cruz: “Eu estava na agência central do SNI até 1983. Se o atentado foi em 1981, foi logo depois…”

Como é que esta informação de que haveria um novo RioCentro chegou ao senhor ?
Newton Cruz: “Não vou dizer a você! Pronto. Porque acho que, profissionalmente, não posso dizer”

Mas é uma revelação grave que o senhor faz: a de que poderia haver um outro Riocentro no governo Figueiredo.
Newton Cruz: “Eu resolvi o fato. Falei do fato. Não posso falar sobre informante. Você, jornalista, fala o que um informante diz a você pedindo sigilo ?”

Não.
Newton Cruz: “Permita-me ser igual a você!”.

O senhor comunicou este fato ao presidente Figueiredo ?
Newton Cruz: “Com Medeiros (chefe do SNI), falei de minha ida ao Rio. Eu ia ao Rio e não vou dizer a meu chefe ? Eu disse!”.

Que cuidados o senhor tomou na hora de ter esta conversa no hotel ?
Newton Cruz: “Nenhum. Entrei no quarto, já preparado,sentei lá. Pedi um uísque para mim e um uísque para os informantes e conversei com eles. Pronto”.

Que reação esses dois oficiais tiveram quando o senhor disse que eles não poderiam cometer este ato ?
Newton Cruz :” Você pode tirar sua conclusão porque depois nunca mais houve bomba em lugar nenhum”.

Mas eles contraargumentaram ?
Newton Cruz: “Não. Ficaram quietinhos. Fiz cara feia para eles, certamente. Ficaram com medo de minha cara…”.

Que sensação o senhor tem por ter evitado este outro atentado ? É de alívio ?
Newton Cruz: “Fiquei feliz da vida, claro. Achei que tinha um propósito – e o propósito foi cumprido. Fiquei feliz da vida. A pergunta acho que não tem sentido ( irônico): ah, fiquei triste….Queria que acontecesse…Ora…”

(Entrevista concedida ao jornalista Geneton Moraes Neto)

sexta-feira, 2 de abril de 2010

FELIZ PÁSCOA!

(Foto de Nani Góes)

Como presente,
para você,
eis, aqui, um belo poema de Cecília Meireles.
VMW

"Há pessoas que nos falam e nem as escutamos,
há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam.
Mas há pessoas que, simplesmente,
aparecem em nossas vidas
e nos marcam para sempre."

UM PROGRAMA IMPERDÍVEL

Recebi de minha querida amiga, Ivânia Ferronatto,
da Tríplice Fronteira,
e veiculo aqui como excelente sugestão,
para ser anotada já em sua agenda.
Não perca!

Amigos do Gerando Saúde Mental:

Às 19h30 desta segunda-feira, 05, estarei lançando meu livro e documentário intitulado Brincantes.

Trata-se de uma pesquisa que realizei com crianças ao longo de um ano em escolas públicas.

O evento será realizado na Cinemateca de Curitiba, onde o filme será projetado e farei uma breve palestra.
Seria uma honra recebê-los.
Então, até lá!

Abraços;


Nélio Spréa