domingo, 30 de dezembro de 2007

JUNTOS SOMOS UMA POTÊNCIA!

Neste ano, o país ficou em choque com a cena brutal do corpo do menino, João Hélio, de seis anos, arrastado pelas ruas do Rio de Janeiro, preso ao cinto de segurança do carro conduzido por ladrões. Depois, em Mauá, na grande São Paulo, a garotinha Vitória Gabrielly, de três anos, recebeu uma bala perdida, enquanto estava no colo do avô. Em Carazinho, no Rio Grande do Sul, Michele Vargas, de 10 anos, levou sete facadas no peito, ao se recusar a entregar a um ladrão, os 12 reais obtidos no trabalho da venda de rifas nas ruas da cidade. E, há poucos dias, em Bauru, interior de São Paulo, um garoto de 15 anos, Carlos Rodrigues Júnior, foi morto por choques elétricos aplicados durante sessão de tortura a que foi submetido, logo depois de ser interrogado por seis maus policiais militares. Todas essas crianças morreram, atingidas pelas mais diferentes formas de violência que se espalha pelo país e que comove e choca a todos.

Mas há muito mais por se indignar e se chocar no Brasil. Precisamos abrir nossos olhos, mentes e corações diante de outro tipo de violência, a silenciosa e sinistra que atinge nossas crianças e adolescentes, a violência sexual.

Esta mata em vida, porque mata a inocência e a alma. E não há clamor popular, manchetes em jornais. E nem sabemos o número certo dessa violência que torna crianças e adolescentes tão vítimas como as que morreram.

No nosso trabalho de jornalista, já percebemos a morte silenciosa da infância e já nos unimos neste combate que deve ser de cada um. É uma luta de todos nós, de toda a sociedade. É preciso o esforço coletivo, a atitude firme de cada pessoa, o debate do problema, sob os mais variados ângulos e olhares, além de assinaturas de pactos, de planos, articulações, políticas públicas, orçamentárias e o enfrentamento de novos desafios.

Falta ainda muito por fazer. E a ninguém é dado o direito de se omitir. A ninguém é dado o direito de se tornar espectador, espectadora ou cúmplice indireto desse tipo de crime.

Eu falo a você, ao seu coração e à sua mente aberta. Quero falar com o menino e a menina que, todos nós, um dia já fomos. Neste momento, não me interessa o cargo e a função que você ocupa, nem o que faz para viver. Dirijo-me a você, que abriu este Blog e decidiu ler este texto.

Neste momento, eu gostaria de ter a sua reflexão mais profunda em busca da resposta para o que de fato você deseja na vida. Eu quero saber se você é capaz de ousar, sonhar e encontrar as aspirações reais de seu coração.

Não me interessa a sua idade, eu quero saber se você é capaz de se transformar em um tolo, ou uma tola, para amar, viver os seus sonhos e aventurar-se a estar plenamente vivo ou viva.

Também não me interessa qual planeta está em quadratura com a sua lua. São detalhes.

Eu quero saber se você já tocou o centro de sua tristeza, se você já passou, ou passa, por traições da vida, ou se tem se contorcido, e se fechado ou fechada, com medo da próxima dor ou tristeza.

Eu quero saber se você é capaz de se sentar com a sua dor, a minha dor, com a dor dos excluídos deste país, sem tentar escondê-la ou diminuí-la. Mas, sim, encará-la de frente.

Eu quero saber se você pode rir de alegria, da sua, da minha e do próximo, e senti-la como se fosse a sua alegria.

E se você é capaz de dançar, loucamente, e deixar que o êxtase o envolva, a envolva, até as pontas dos dedos dos pés e das mãos, sem aceitar conselho para ser mais cuidadoso, mais cuidadosa, mais realista, e nem sequer se lembrar de suas limitações humanas.

Também não me interessa, neste momento, se a história que você conta é verdadeira ou falsa.

O que eu quero saber é se você é capaz de desapontar o outro, a outra, para manter a sua verdade.

Se você é capaz de suportar a acusação de traição e não trair. E, ainda, se é capaz de jamais trair a sua própria alma.

Eu quero saber se você tem certeza que pode ser confiável. E só você pode dar esta resposta.

Eu quero saber se você pode ver a beleza, mesmo quando o dia está cinza, brusco e carregado de nuvens. E mesmo assim ligar a sua vida à presença de Deus.

Eu quero saber se você é capaz de viver com os seus fracassos, os meus fracassos, aceitar os erros, reconhecê-los, admiti-los e, mesmo assim, sentar-se às margens de um lago e gritar para os reflexos da lua: “Sim! Eu errei! Eu aceito! E vou tentar fazer melhor!”

Também não me interessa, neste momento, onde você mora e quanto dinheiro tem. Eu quero saber se é capaz de acordar depois de uma noite de luto, de desespero absoluto, de solidão, exaustão e ferido, e ferida, até o mais fundo da alma, levantar e fazer aquilo que precisa ser feito.

Não me interessa, neste momento, quem você é e como chegou até aqui. Mas eu preciso saber se você tem coragem suficiente para se sentar comigo no centro do fogo, não fugir, e arder comigo até o final.

Não me interessa onde, quando e com quem esteve ou está. Eu preciso saber o que sustenta você, interiormente, quando tudo desaba ao seu redor.

Eu preciso saber se você é capaz de ficar só, consigo, e se realmente é boa companhia para si, nos momentos mais vazios, de desespero e de solidão total.

Porque eu conheço centenas e centenas de pessoas assim, como você, que aqui está, generosa e solidariamente, nesta leitura, e a edificar o dia-a-dia deste país e, ainda, aos poucos, ajuda a transformar a nossa cultura, até aqui viciada.

Por isso, acredite, nenhum de nós está aqui por acaso. Estamos aqui para somar inteligência, força, cabeça e corações. Acredite: juntos, somos uma potência!

E que Deus nos ajude a fazer o melhor, individual e coletivamente, neste país. Em especial pelas crianças, adolescentes e excluídos do Brasil.

Feliz 2008!

Vania Mara Welte


* Busquei inspiração também na letra da música “Angel”, enviada para mim, há mais de seis anos, por uma pessoa importante que já se foi...

sábado, 29 de dezembro de 2007

PARA VOCÊ, NESTE 2008!

“Desejo que, primeiro, você ame,
e que amando, seja amada ou amado.
E se não for, seja breve em esquecer

e esquecendo não guarde mágoa.

Desejo também que tenha
amigos, que mesmo maus e inconseqüentes,

sejam corajosos e fiéis
e que, pelo menos, em um deles
você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,
desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
mas na medida exata
para que, algumas vezes,
você se interpele
a respeito de suas próprias certezas.

E que entre eles haja, pelo menos um,
que seja justo, para que você
não se sinta demasiado segura ou seguro.

Desejo depois que você seja útil,
mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
quando não restar mais nada,
essa utilidade seja suficiente
para manter você de pé.

Desejo ainda que seja tolerante,
não com os que erram pouco,
porque isso é fácil,
mas com os que erram muito,
e irremediavelmente.
E que, fazendo uso dessa tolerância,
você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você sendo jovem,
não amadureça depressa demais,
que sendo madura ou maduro
não insista em rejuvenescer,
e que, sendo velha ou velho,
não se dedique ao desespero.

Porque cada idade tem o seu prazer
e a sua dor. E é preciso deixar
que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal, que você seja triste,
não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que, nesse dia, descubra
que o riso diário é bom, o riso habitual,

insosso, e o riso constante, insano.

Desejo ainda que você afague um gato,

alimente um cuco e
ouça o joão-de-barro erguer,
triunfante, seu canto matinal.

Porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que plante uma semente.
Por mais minúscula que seja.
E acompanhe o seu crescimento
para que você saiba
de quantas muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, sim, que você tenha dinheiro.
Porque é preciso ser prática ou prático.
Mas que, pelo menos uma vez por ano,
coloque um pouco dele na sua frente

e diga: "Isso é meu".
Só para que fique bem claro
quem é dono de quem.

Desejo também que nenhum
dos seus afetos morra,
por ele e por você, mas que,
se morrer, você possa chorar sem se lamentar
e sofrer sem se lamentar.

Desejo por fim que você sendo um homem
tenha uma boa mulher.
E que, sendo uma mulher,
tenha um bom homem.
E que se amem hoje, amanhã
e no dia seguinte.

E quando estiverem exaustos e
sorridentes, ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer, não
tenho mais nada a desejar."

(Victor Hugo)

Enfim, desejo que você seja sempre muito feliz!

COMENTÁRIOS SOBRE O BLOG

Cada vez mais nos deparamos com problemática das drogas nos mais variados campos de atuação, dentre eles: comunidade, saúde, sócio-jurídico, infância e adolescência, e família.

O trabalho nas escolas fortaleceria o conhecimento na temática das drogas, pois com a criação da nova Política Nacional sobre Drogas, que visa a abolição de preconceitos e rótulos discriminatórios, a promoção à saúde, o respeito aos direitos humanos e a inclusão social, e ainda, orientada pelo principio da responsabilidade compartilhada, através da cooperação mútua e articulação de esforços do governo, iniciativa privada, terceiro setor e cidadãos, (co-responsabilidade social).

A idéia de trabalhar o filme na área da educação está bem dentro desse novo contexto.

Beatriz
Terapeuta Ocupacional

20 de Janeiro de 2008


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Luan é mais um dos tantos brasileiros que estão detidos sem prova alguma de participação em um crime. Mesmo se culpado, não existem provas que o condenem até o momento, mas ele está lá.

Muitos casos similares ocorrem em "nossa" pátria, transformando presídios em depósito daquilo que as elites classificam como "potenciais criminosos", ou seja, gente de baixa renda, que não teve oportunidade de um estudo de qualidade (se teve oportunidade de estudar) e opções de lazer.

Qualquer comportamento fora dos padrões impostos à sociedade é condenado. Na ocasião, o hip hop torna o garoto uma verdadeira ameaça. Antes, baniam dos shoppings e centros comerciais destinados a classe média e alta. O próximo passo será banir das ruas...?

Lessa

14 de Janeiro de 2008


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Pasárgada...também quero chegar lá.
Tem no mapa do guia da 4 rodas?

Beijo Vania.

Lessa


14 de Janeiro de 2008

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Esta matéria; que relata a breve história de um cidadão que não viu virtude alguma em devolver o que não era seu, ainda que para ele fizesse falta; combina muito bem com a Jornalista Vania Mara Welte.

Ela também não vê muita virtude em um jornalista dizer que faz jornalismo de qualidade! Afinal de contas: jornalista, ou se trabalha pela qualidade ou não se é jornalista, não é mesmo?

E isso vale para qualquer coisa que exista, ainda que não tenha sido batizada, ainda que não tenha nome!

Obrigado, Valdir! Obrigado, Vania!

Afinal, essa luta é de todos nós!!!

Ômar Atique Sobhie, Advogado.

11 de Janeiro de 2008

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Vania:

Como fala a matéria, é um suspeito. Jamais deveriam colocar imagens e denegrir a dignidade da pessoa acusada. Poderia se falar em culpa somente após trânsito julgado de sentença condenatória.

Após as "penas" jogadas ao vento, como voltar atrás??

Sempre a mesma história, sempre o mesmo sensacionalismo.....

Eu defendo a lei e sou contra os criminosos. Quero que todos paguem pelo que fazem, mas só quem define quem é criminoso é a Justiça e não uma ideologia que cria outras espécies de categorias de pessoas.

Beatriz

11 de Janeiro de 2008

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Queridamente Vania blogueira, bom dia!

Você é uma mulher fantástica, sabe até criar blog!!!

Dizer que eu não sei é chover no molhado. Até para mandar uma simples mensagem tive uma quase luta corporal com o sistema, porque não conseguia ser aceito... A senha não batia, tinha que fazer isto, fazer aquilo... Já estava desistindo, mas deu certo.

Imagine então fazer essa arte linda, fotos fantásticas, textos muito bem elaborados, legendas sensíveis.
Garota, isso não é pra mim. Mas fico daqui lhe aplaudindo.

E agora vou dormir porque se faz tarde.
Durma bem.
Fique com Deus.
Zeca

(Enviado por e-mail, nesta terça-feira, 08.01.2008)


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Vania!


Ver Paulo Autran declamando estes versos tão fortes e contundentes (A Canção do Tamoio) deve ter sido uma experiência única.


A vida lhe deu um lindo presente e retribua essa generosidade da existência fazendo dela parte da sua felicidade.



Zeca



7 de Janeiro de 2008



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Como nós seres humanos temos muito que aprender, só mesmo entrando nesse blog, para que possamos abrir os olhos, e entendermos que Deus dá oportunidade de melhorarmos, praticando o bem sempre.

Vania, agradeço muito esse espaço e me sinto muito bem toda vez que faço a leitura das mensagens postadas aqui, pois posso sempre refletir.

Parabéns a essa maravilhosa jornalista que além das lindas mensagem nos alegra com fotos magníficas que nos proporcionam muita PAZ.

Beijão;

Beatriz


6 de Janeiro de 2008


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Querida Vania!

Sou afortunado em ser seu fã, há muito tempo, e por ter tido a oportunidade de admirar a sua "obra de vida" maravilhosa.

Agora com este blog, muito mais gente também vai poder apreciar, participar, crescer e aprender com o seu belo trabalho.

Parabéns! Está muito bem feito, aliás, como tudo o que você faz e sempre fez.

Val

4 de Janeiro de 2008


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Elegantemente negro, como uma retina
para emoldurar lindas fotos que você fez e/ou possui,
somado à competência, experiência e amplo
relacionamento de uma grande Jornalista,
só podia resultar nisso: belíssimo Blog!

Parabéns e muito sucesso.

Saúde e paz em 2008.

Daniel


PS.: Comentário do pianista Daniel Pérola, enviado via e-mail, sábado, 29.12.2007


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Fenomenal. Não existe uma mulher igual a você. Você realmente faz tudo com perfeição. Obrigado por existir.

Valtinho

28 de Dezembro de 2007

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Gostaria de comentar muitas coisas, mas primeiramente preciso colocar aqui
um depoimento que fiz a Vânia no ORKUT e o deixarei como meu primeiro comentário no blog....

Eu, em nome de minha família e de todos, agradeço o seu contundente depoimento em nosso favor.

Eu tenho de falar do enorme carinho que temos por você e dizer que quem a conhece sabe o quanto você é digna e guerreira, como profissional e como ser humano.

Não luta só pela nossa causa, mas também pela de muitos outros injustiçados e excluídos. Você é uma mulher destemida. Admiro muito a sua força e determinação! Você é um exemplo de luta, ousadia e coragem!

Você não mediu esforços para reparar a injustiça sofrida por nós, os sete acusados do caso Evandro. Sua luta e nossa luta consistem de pequenas e sofridas conquistas diárias. Muitas vezes, solitárias.

Agradeço a atenção, a amizade e a sua dedicação durante todos esses anos para buscar e expor a verdade dos fatos, em favor da Justiça para todos.
Beijão;
Beatriz


27 de Dezembro de 2007

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Este blog é ótimo. Tem diversos temas e é feito de uma forma bem colorida e com imagens. O principal é que foi criado por uma pessoa maravilhosa.

Valtinho

25 de Dezembro de 2007


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A cada um de vocês a minha gratidão pelas palavras de incentivo e de carinho.

Sucesso e muita paz em 2008.

Abraços fraternos;

VMWelte

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

PF PERICIA “BOMBA” NO ALTO DA XV

Neste momento, 16 horas, a Polícia Federal examina os restos de um pacote, de Sedex, explodido às 12 horas desta sexta-feira, 28, pelo Grupo de Comandos e Operações Especiais (COE), da Polícia Militar do Paraná, porque parecia conter uma bomba.

O pacote foi considerado suspeito pelos funcionários da Agência de Correios e Telégrafos, que pertence à Associação dos Deficientes Físicos do Paraná, localizada no Alto da Rua XV, em Curitiba. “Ele esquentava”, explicou o presidente da entidade, Mauro Vincenzo Cláudio Nardini.

Depois de receber orientações da sede central dos Correios e Telégrafos, o pacote foi isolado e chamadas as autoridades competentes. Às 9h20 de hoje, 28, chegaram ao local sete policiais do Corpo de Bombeiros, em uma ambulância do Siate e em um caminhão contra incêndios; Polícia de Choque e mais quatro policiais do Grupo de Comandos e Operações Especiais (COE), com o esquadrão anti-bombas, e carros do policiamento da capital para interditar a área ao redor e garantir a segurança da população. Cães farejadores também trabalharam na operação, mas nada detectaram.

Mesmo assim, para garantir a integridade física de todos, o esquadrão anti-bombas decidiu pela explosão do pacote que continuava a esquentar. O tenente Márcio Valim de Souza, comandante do COE, disse que no interior do pacote, que seria enviado via Sedex, havia grande quantidade de notas de R$ 50, baterias pequenas, fusível e fios de luz. “Também notei uma porção de pólvora, mas resta saber se era do nosso explosivo ou não. A perícia da Polícia Federal é quem dará essa resposta e eles precisam de um certo tempo para concluir todas as análises e investigações”, argumentou.

Para o tenente Valim, havia a possibilidade de o pacote explodir ao ser aberto. Ele explica que, apenas o fato de a caixa esquentar, poderia iniciar o processo de detonação de uma "possível" bomba. “E quem a abrisse poderia se ferir, sofrer algum tipo de lesão”. Os policiais também já sabem quem postou o pacote, uma mulher. Mas era endereçado a um homem, em São Paulo. Cujo nome e endereço - mantidos em sigilo para não atrapalhar as investigações -eram os mesmos escritos no local do remetente. “Para confundir”, disse o tenente.

Aqui, em 17 anos, esta é a primeira vez que uma correspondência fica sob suspeita de conter explosivos, disse o presidente da Associação dos Deficientes. “Mas, serve como um alerta para todos nós. Afinal, o pacote poderia ter explodido nas mãos de um dos nossos 10 funcionários que o manusearam, no recebimento e para a expedição”. Vincenzo confessou que todos, ainda, estão muito assustados.

“Há muitas questões a serem respondidas. Uma delas é: quem poderia querer causar mais lesões a pessoas já portadoras de deficiências físicas?”, perguntou um dos funcionários.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

FELICIDADE EXIGE VALENTIA!

"Posso ter defeitos, viver ansiosa
e ficar irritada algumas vezes,
mas não esqueço de que
a minha vida é
a maior empresa do mundo.
E que posso evitar
que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer
que vale a pena viver,
apesar de todos os desafios,
incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima
dos problemas e se tornar autora
da própria história.

É atravessar desertos fora de si,
mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da própria alma.

É agradecer a Deus
a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo
dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesma.

É ter coragem para ouvir um "não”.
É ter segurança para receber
uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas,
um dia vou construir um castelo...”

(Fernando Pessoa)

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

FELIZ NATAL!

"Quisera eu,
neste Natal,
armar uma árvore
e nela pendurar, em vez de bolas,
os nomes de todos os meus amigos.
Os amigos de longe, de perto. Os antigos e os mais recentes.
Os que vejo a cada dia e os que raramente encontro.
Os sempre lembrados e os que às vezes ficam esquecidos.
Os constantes e os intermitentes.
Das horas difíceis e os das horas alegres.
Os que, sem querer, eu magoei, ou sem querer me magoaram.
Aqueles a quem conheço profundamente
e aqueles de quem conheço apenas a aparência.
Os que pouco me devem e aqueles a quem muito devo.
Meus amigos humildes e meus amigos importantes.
Os nomes de todos os que já passaram pela minha vida.
Uma árvore de raízes muito profundas para que seus nomes
nunca sejam arrancados do meu coração.
De ramos muito extensos para que novos nomes vindos de todas as partes
venham juntar-se aos existentes.
Uma árvore de sombras muito agradáveis para que essa amizade,
seja um momento de repouso nas lutas da vida.
Que o Natal
esteja vivo
em cada dia
do Ano que se inicia!"

domingo, 23 de dezembro de 2007

DE AMOR

Que a força do medo que tenho,
não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo o que acredito,
não me tape os ouvidos e a boca,
pois metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe

seja linda ainda que tristeza.
Que a pessoa que eu amo,
seja pra sempre amada, mesmo que distante,
porque metade de mim é partida
e a outra metade é saudade.

Que as palavras que falo
não sejam ouvidas como prece,
nem repetidas com fervor:
apenas respeitadas como a única coisa que resta a mim,
inundada de sentimento,
porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço.
Que essa tensão, que me corrói por dentro,
seja um dia recompensada,
porque metade de mim é o que penso
e a outra metade um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste.
Que o convívio comigo mesmo se torne,
ao menos, suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso,

que me lembro ter dado na infância,
porque metade de mim é a lembrança do que fui
e a outra metade não sei.

Que não seja preciso mais que uma simples alegria,

pra me fazer aquietar o espírito
e que o teu silêncio me fale cada vez mais,

porque metade de mim é abrigo,
mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta,

mesmo que ela não saiba
e que ninguém a tente complicar,

pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer,
porque metade de mim é platéia e a outra metade é a canção.

E que a minha loucura seja perdoada,
porque metade de mim é amor
e a outra metade também.

(Oswaldo Montenegro)

EPITÁFIO

Devia ter amado mais, ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais e até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer.

Queria ter aceitado as pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar

Devia ter complicado menos, trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos com problemas pequenos
Ter morrido de amor

Queria ter aceitado a vida como ela é
A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

(Titãs)

sábado, 22 de dezembro de 2007

COLOQUE UM TUBARÃO EM SEU TANQUINHO

Os japoneses sempre adoraram peixe fresco.Porém, as águas perto do Japão não produzem muitos peixes há décadas. Assim, para alimentar a sua população, os japoneses aumentaram o tamanho dos navios pesqueiros e começaram a pescar mais longe do que nunca.


Quanto mais longe os pescadores iam, mais tempo levava para o peixe chegar. Se a viagem de volta levasse mais do que alguns dias, o peixe já não era mais fresco.E os japoneses não gostaram do gosto destes peixes.


Para resolver este problema, as empresas de pesca instalaram congeladores em seus barcos.Eles pescavam e congelavam os peixes em alto-mar. Os congeladores permitiram que os pesqueiros fossem mais longe e ficassem em alto mar por muito mais tempo. Os japoneses conseguiram notar a diferença entre peixe fresco e peixe congelado e, é claro, eles não gostaram do peixe congelado.


Entretanto, o peixe congelado tornou os preços mais baixos. Então, as empresas de pesca instalaram tanques de peixe nos navios pesqueiros. Eles podiam pescar e enfiar esses peixes nos tanques, como "sardinhas em lata". Depois de certo tempo, pela falta de espaço, eles paravam de se debater e não se moviam mais. Eles chegavam vivos, porém cansados e abatidos.


Infelizmente, os japoneses ainda podiam notar a diferença do gosto. Por não se mexerem por dias, os peixes perdiam o gosto de frescor. Os consumidores japoneses preferiam o gosto de peixe fresco e não o gosto de peixe apático.


Como os japoneses resolveram este problema? Como eles conseguiram trazer ao Japão peixes com gosto de puro frescor? Caso você estivesse dando consultoria para a empresa de pesca, o que você recomendaria?


Antes da resposta, leia o que vem abaixo. Quando as pessoas atingem seus objetivos - tais como: quando encontram uma namorada maravilhosa, quando começam com sucesso numa empresa nova, quando pagam todas as suas dívidas, ou o que quer que seja, elas podem perder as suas paixões.


Elas podem começar a pensar que não precisam mais trabalhar tanto, então, relaxam.


Elas passam pelo mesmo problema dos ganhadores de loteria, que gastam todo seu dinheiro, o mesmo problema de herdeiros, que nunca crescem, e de donas-de-casa, entediadas, que ficam dependentes de remédios de tarja preta. Para esses problemas, inclusive no caso dos peixes dos japoneses, a solução é bem simples.


Ron Hubbard observou, no começo dos anos 50: "o homem progride, estranhamente, somente diante de um ambiente desafiador". Quanto mais inteligente, persistente e competitivo você é, mais você gosta de um bom problema. Se seus desafios estão do tamanho correto e você consegue, passo a passo, conquistar esses desafios, você fica muito feliz.


Você pensa em seus desafios e se sente com mais energia. Você fica excitado e com vontade de tentar novas soluções. Você se diverte. Você fica vivo! Para conservar o gosto de peixe fresco, as empresas de pesca japonesas ainda colocam os peixes dentro de tanques, nos seus barcos.


Mas, eles também adicionam um pequeno tubarão em cada tanque. O tubarão come alguns peixes, mas a maioria dos peixes chega "muito vivo". E fresco no desembarque. Tudo porque os peixes são desafiados, lá nos tanques.


Portanto, como norma de vida, ao invés de evitar desafios, pule dentro deles. Massacre-os. Curta o jogo.


Caso os seus desafios sejam muito grandes e numerosos, não desista, se reorganize!Busque mais determinação, mais conhecimento e mais ajuda. Se você alcançou seus objetivos, coloque objetivos maiores.


Uma vez que suas necessidades pessoais ou familiares forem atingidas, vá ao encontro dos objetivos do seu grupo, da sociedade e, até mesmo, da humanidade.


Crie seu sucesso pessoal e não se acomode nele. Você tem recursos, habilidades e destrezas para fazer a diferença.


"Ponha um tubarão no seu tanque e veja quão longe você realmente pode chegar".


(Ensinamentos do pianista
Daniel Pérola)

LOUCOS E SANTOS

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louca e santa.


Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco.

Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.

Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.

Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou.

Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que “normalidade” é uma ilusão imbecil e estéril.

(Oscar Wilde)

domingo, 9 de dezembro de 2007

A MAGIA DA VIDA

Este espaço é dedicado a pessoas que acreditam em magia. O poeta Antônio Maria dizia que “a vida é uma teia de laços mágicos”. Alguém duvida? E eu ainda acredito em Maiakóvski. O poeta russo lembra que “o coração tem domicílio no peito”. Mas, comigo a anatomia fica louca. Por vezes, sou só coração”, como o próprio poeta. Mas é desta forma que a vida se expande ou se encolhe, de acordo com a coragem de cada um de se jogar por inteiro em cada ato, em cada gesto. Ora, se você faz parte dos audaciosos, seja generoso e compartilhe com todos a sua experiência única e irreversível de vida. Aproveite este espaço e dê maior colorido, perfume e feitiço a esta maravilhosa aventura que é viver. Colabore.


A bióloga brasileira, Iraci Guasque Welte, casada com Valdir Roberto Welte, médico-veterinário, cientista brasileiro e atual representante, no Paraguai, da FAO – Organización de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentación – em carta à família, faz um relato ímpar sobre a viagem do casal a Santo Inácio, a primeira redução jesuítica fundada no Paraguai, no século XVII.Ela descobre a história de Crianças que não Existem.

Assunção, novembro de 2005

Meus amores:

No último fim de semana, estivemos, Valdir e eu, nas Missões Jesuíticas. Fomos com nossos amigos Federico e Carolina. A viagem foi longa e cansativa, pois o carro deles estava na frente e ele não corre como o Valdir. Percorremos 400 quilômetros para chegar ao destino. Foram cinco horas e meia de viagem.

Paramos em uma das cidades, que faz parte das Missões. Chama-se Santo Inácio e foi a primeira redução jesuítica fundada no Paraguai, no século XVII. Nela, visitamos um museu de obras do barroco jesuítico. Está localizado na única construção que restou e que era o colégio da Ordem. É interessante, embora tenha pouca coisa. Chegamos ao nosso hotel lá pelas 2 horas da tarde. Eu estava morta de fome. Os três, do outro carro, tinham levado sanduíches. Teve uma hora em que apelamos para eles.

O hotel em que ficamos está a 15 quilômetros de Trinidad, a Redução mais importante do Paraguai e, segundo dizem, a mais bonita de todas, incluindo Brasil, Argentina e Bolívia. As ruínas são realmente muito bonitas. Ainda restam intactas uma capela e a sacristia ao lado da igreja, que era imponente. A conformação era sempre a mesma: a igreja, ladeada pelas instalações dos missionários, uma grande praça e, em frente destas, as casas dos índios.

O domingo amanheceu mais fresco do que o dia anterior. Tomamos café e fomos mais cedo até as ruínas. Queríamos visitar a capela, que fica fora do complexo. A região é de colonização alemã. Ali, descobrimos um novo Paraguai: mais verde e mais limpo! Na noite anterior tínhamos ido assistir a um festival de corais da região. Uma coisa muito "cidade do interior" com coros de escolas e igrejas. Mesmo as músicas regionais eles cantavam em alemão. Mas cantaram também em guarani e espanhol. Era um salão comunitário ou de uma associação, não sei. Havia muitas famílias, com crianças loiras correndo por todos os lados, comendo e tomando refrigerantes. No local, nós parecíamos uns ETs. Mas foi legal!

Voltando ao domingo. O concerto foi feito por uma Academia de Veneza, que se chama "Ars Canendi". Eles fazem parte de um movimento de vários países da Europa, que tentam resgatar as partituras de composições feitas nas reduções, pelos jesuítas e até pelos índios guaranis, que tinham uma musicalidade fantástica.

O maestro é paraguaio, mas vive na Itália há dez anos. Ele fazia pesquisas aqui, no Paraguai, antes de ser convidado a fazer parte do movimento. Quando os jesuítas foram expulsos do país, há 300 anos, muitos dos registros se perderam ou ficaram no esquecimento. Partituras foram encontradas em uma latrina, onde eram usadas como papel higiênico. Tudo o que pode ser resgatado foi levado para a Europa. Ao longo deste tempo, composições inéditas, muitas vezes de autores anônimos, vêm sendo executadas. Tivemos o privilégio de ouvir algumas delas.

A chuva tentou atrapalhar, mas não conseguiu. Eles começaram o concerto ao ar livre, mas a chuva engrossou e tivemos que entrar na sacristia, o único local coberto. Ficamos como sardinhas em lata. Tudo mais ou menos confundido e em pé. Os lugares reservados para embaixadores (da França, Itália, Suíça, Venezuela e outros que não foram), políticos, funcionários internacionais e autoridades locais, nas primeiras filas, deixaram de ter razão de ser. Todos confundidos e colados uns aos outros, assistíamos a um concerto emocionante! O povão vibrava com as composições feitas pelos índios, cantadas em guarani.

O maestro nos contou a história fantástica de um violino stradivárius, que veio parar nas Missões e era copiado por artesãos da Bolívia. O mesmo modelo de violino continua sendo feito até hoje, pois o processo foi passando de pai para filho. Ele é mais leve, funciona perfeitamente e tem um som maravilhoso. A obra de arte é feita por uma pessoa simples, que o vende como artesanato por apenas 15 dólares. E esta pessoa toca, neste violino, trechos de Vivaldi, sem saber quem é, pois a música foi passando de pai para filho. Não é uma história fantástica?!

Na terça-feira assistimos ao concerto, na capital, em Assunção. A catedral estava lotada. Foi também um concerto lindíssimo, mas sem a magia da sacristia de Trinidad! Desta vez, praticamente todos os patrocinadores estavam presentes: embaixadas da França, Espanha, Itália, Alemanha, entre outros, e o pessoal do escritório da primeira dama, que estava ausente.

O concerto final, antes de voltar para a Itália, foi um mega-espetáculo na praça da Catedral. Dele, também participaram 500 crianças e adolescentes de todo o país. Trata-se de um concerto para as crianças que não existem, isto é crianças de todo o Paraguai que não têm certidão de nascimento, ou qualquer outro documento. É em apoio a uma campanha para que cada criança possa ter seu registro.

Está sendo a semana das emoções insólitas. Fomos convidados, pela embaixada mexicana, para participar da "Ofrenda del día de muertos", con tequila e pan de muerto de honor. Foi diferente e divertido. Como chegamos cedo, o embaixador nos explicou toda a tradição. Com a tequila vinha o sal e o limão e cada um se servia. (Ai! me bateu as saudades dos "tequila bumbum”, que o Fabian fazia em Roma, quando morávamos lá!)

Serviram também vinho, refrigerantes e salgadinhos, antes do "pan de muertos", que é doce. Uma italiana de Palermo nos disse que eles também têm uma festa parecida, só que o pão é salgado e com anchovas. Ela disse que, quando era criança, morria de medo, pois os mortos traziam brinquedos para as crianças, como a "befanna".

Beijos;

Iraci Welte


VLADIMIR MAIAKÓVSKI

Filho de um guarda-florestal, nasceu e passou a infância na aldeia de Bagdádi, nos arredores de Kutaíssi (hoje Maiakóvski), na Geórgia. Cursou o ginásio de Kutaíssi. Após a morte súbita do pai, a família ficou na miséria e transferiu-se para Moscou, onde Vladímir continuou seus estudos. Fortemente impressionado pelo movimento revolucionário russo e impregnado desde cedo de obras socialistas, ingressou aos quinze anos na facção bolchevique do Partido Social-Democrático Operário Russo. Detido em duas ocasiões, foi solto por falta de provas, mas em 1909-1910 passou onze meses na prisão.


Entrou na Escola de Belas Artes, onde se encontrou com David Burliuk, que foi o grande incentivador de sua iniciação poética. Os dois amigos fizeram parte do grupo fundador do assim chamado cubo-futurismo russo, ao lado de Khlébnikov, Kamiênski e outros. Foram expulsos da Escola de Belas Artes. Procurando difundir suas concepções artísticas, realizaram viagens pela Rússia.


Após a Revolução de Outubro, todo o grupo manifestou sua adesão ao novo regime. Durante a Guerra Civil, Maiakóvski se dedicou a desenhos e legendas para cartazes de propaganda e, no início da consolidação do novo Estado, exaltou campanhas sani­tárias, fez publicidade de produtos diversos, etc. Fundou em 1923 a revista LEF (de Liévi Front, Frente de Esquerda), que reuniu a “esquerda das artes”, isto é, os escritores e artistas que pretendiam aliar a forma revolucionária a um conteúdo de renovação social.


Fez inúmeras viagens pelo país, aparecendo diante de vastos auditórios para os quais lia os seus versos. Viajou também pela Europa Ocidental, México e Estados Unidos. Entrou freqüentemente em choque com os “burocratas’’ e com os que pretendiam reduzir a poesia a fórmulas simplistas.


Foi homem de grandes paixões, arrebatado e lírico, épico e satírico ao mesmo tempo. Suicidou-se com um tiro em 1930.


Sua obra, pro­fundamente revolucionária na forma e nas idéias que defendeu, apresenta-se coerente, original, veemente, una. A linguagem que emprega é a do dia a dia, sem nenhuma consideração pela divisão em temas e vocábulos “poéticos” e “não-poéticos”, a par de uma constante elaboração, que vai desde a invenção vocabular até o inusitado arrojo das rimas. Ao mesmo tempo, o gosto pelo desmesurado, o hiperbólico, alia-se em sua poesia à dimensão crítico-satírica.


Criou longos poemas e quadras e dísticos que se gravam na memória; ensaios sobre a arte poética e artigos curtos de jornal; peças de forte sentido social e rápidas cenas sobre assuntos do dia; roteiros de cinema arrojados e fantasiosos e breves filmes de propaganda. Tem exercido influência profunda em todo o desenvolvimento da poesia russa moderna.



Boris Schnaiderman do livro: Poesia Russa ModernaEditora Brasiliense, 1985

"V INTERNACIONAL"

Eu
à poesia
só permito uma forma:
concisão, precisão das fórmulas matemáticas.
Às parlengas poéticas
estou acostumado,
eu ainda falo versos e não fatos.
Porém se eu falo
"A"
este "a"
é uma trombeta-alarma para a Humanidade.
Se eu falo
"B"
é uma nova bomba na batalha do homem.

(Vladimir Maiakóvski –
Tradução:
Augusto de Campos)