segunda-feira, 25 de maio de 2009

O OUTRO LADO DA TRAGÉDIA


Beatriz Abbage dois anos antes da tragédia (foto pb)
e recentemente, durante desfile
no Museu Oscar Niemeyer,
na noite em que as presidiárias mostraram suas criações

(Nota deste Blog - O jornalista Zé Beto me pediu um texto a respeito
do trabalho onde fiz uma longa e profunda
investigação jornalística.
Naquela época, 1996, contei
com a ajuda de muitas pessoas de coragem.
O caso ficou conhecido no país como
"As Bruxas de Guaratuba".
Zé Beto publicou o texto em seu Blog, no Site Jornale, e ele mesmo explica.)



Os textos que seguem são de autoria da jornalista Vania Mara Welte,
que ganhou o Esso de Reportagem
com o relato do que se convencionou chamar de o caso das “Bruxas de Guaratuba”.
Com a reabertura do processo, pelo Supremo Tribunal Federal,
Vania gentilmente atendeu ao pedido de dar seu testemunho pessoal
sobre o que aconteceu e acontece.
Aproveitou para revelar o trabalho sobre o livro, ainda inédito,
que fez sobre o episódio,
e serve de base para um documentário


por Vania Mara Welte*

Assim eu explico o trabalho sobre o livro, ainda não publicado, ao qual eu dei o título: “Uma lenda urbana - AS BRUXAS DE GUARATUBA - a tragédia das Abagge” Neste momento, é com enorme pesar que eu vejo, 11 anos depois da sentença “Inocentes”, proferida após análise do Júri mais longo da história jurídica deste país - 34 dias, noites e madrugadas -, as Abagge, Celina, aos 70 anos de idade, e Beatriz, depois de ter perdido os melhores anos de sua juventude, serem obrigadas a reviver toda a tragédia de uma acusação injusta.

Mas, afinal, quem se dará ao trabalho de ler todas as milhares de páginas deste Processo para reconhecer que os sete acusados são inocentes? É doloroso saber que a tragédia se repete, depois de testemunhar o sofrimento de todas essas famílias que tiveram perdas de vidas, de familiares que não suportaram tantas humilhações, constrangimentos e dor e, em especial, das crianças que eram convidadas a se retirarem de suas escolas.

Afinal, elas eram filhas, sobrinhas, sobrinhos, netas e netos das “bruxas de Guaratuba”. E, pior ainda, na cabeça de muitas pessoas as crianças da família Abagge continuam sendo vistas desta maneira equivocada. Na sua inocência, em relação a coleguinhas, as crianças conseguem ser muito cruéis, principalmente, quando reproduzem pensamentos de adultos, mal informados ou mal intencionados.

Mas o que também me fere profundamente, nesta história, é saber que nós, jornalistas irresponsáveis, demos nossa contribuição profissional para que mais uma injustiça se perpetre neste país de injustiçados e oprimidos. Oxalá a gente aprenda alguma coisa com todas essas tragédias, que ainda escondem a morte e o desaparecimento de dezenas de crianças no Paraná. Sem falar no sofrimento desses pobres pais e familiares.
Não por outro motivo o meu livro termina com uma frase de Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos violentos. É o silêncio dos bons”.

—————————————

O trabalho do meu livro ainda inédito serve, no momento, de base a um documentário realizado pelo cineasta José Nachreiner. Ele é mestre, nas Faculdades Curitiba, nas disciplinas de cinema e redação para bacharelados de Comunicação Social.

Após o debruçar na tarefa jornalística, durante longos e penosos meses e anos, sobre o caso que ficou conhecido no país como o das “Bruxas de Guaratuba”, e descobrir o outro lado da verdade, escrita no próprio processo que compilou mais de 70 volumes, com quase 10 mil páginas, em centenas de diversos documentos, nos testemunhos e por meio de centenas de entrevistas com pessoas que conviveram com os acusados, nos mais diversos pontos do país, das mais simples às mais requintadas, sob todos os pontos de vista, passando por empregados, parentes, vizinhos, amigos, delegados, médicos, advogados, juizes e por peritos, era necessário ouvir a históriado lado de dentro dos acontecimentos. Direto do olho do furacão.

Daí a necessidade de recontar os detalhes para tentar entender a própria condição humana dos atores e das vítimas, que tiveram suas vidas destroçadas e, mesmo assim, sobreviveram. Durante os relatos dessas pessoas, reviver o drama, em oito anos de entrevistas para fazer o livro, foi sofrer mais uma vez. Houve muitas pausas para poder chorar todo o pranto, toda a dor que ainda, por vezes, sufoca. Desta vez, livremente. E, recuperadas as forças e a fé, continuar o destino solitário de cada ser.

Mas, nos relatos, se evidencia que as suas vidas foram roubadas. São vidas que poderiam ter sido e não foram. Essa é a verdade mais íntima e dolorosa de cada uma. Afinal, já dizia Jean-Paul Sartre: “Maior do que a minha fome de compreensão é a minha ânsia de viver”.

*Vania Mara Welte é jornalista
Presidente do Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Paraná e presidente da Ciranda – Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência


Postado em 27 abril 2009 às 8:28 e está arquivando em Sem categoria.

19 Comentários para “O outro lado da tragédia”

Fábio Diz: 27 abr 2009 - 09:49

Grande Vânia. Causa justa e nobre.


Ana Diz: 27 abr 2009 - 10:27

Ao que consta. As “bruxas” estavam ocupadas com seu guru em conseguir mais poder para suas vidas.
E a vítima, como fica nessa caso. Já morreu mesmo, não?

Osdrovaldo Diz: 27 abr 2009 - 10:37

Caso confuso , cheio de versões, de defensores poderosos, de dúvidas, de terror, de idas e vindas.
Mas o fato é que um menino foi torturado e morto por um ou mais enviados de satã…

Michel Diz: 27 abr 2009 - 10:42

Grande Vânia² Sem dúvidas um dos mais importantes capítulos da minha formação em Jornalismo.

Dafne Pérola Diz: 27 abr 2009 - 13:30

Confio em Deus. Que Ele possa estar sempre ajudando esta família a passar por esta cruz.
Parabéns Vânia! Que Deus continue lhe ajudando a escrever e fazer a Justiça abrir os olhos…

Caio Castro Lima Diz: 27 abr 2009 - 14:18

Parabéns, Vania! Você é um grande jornalista e uma grande pessoa e personagem.

João José, JJ Diz: 27 abr 2009 - 15:04

É um absurdo o que fizeram com estas mulheres, por causa de uma rixa política.

Laura Sica Diz: 27 abr 2009 - 16:29

Parabéns Vania. Ainda tenho guardadas as suas matérias do Hora H. Belíssimo trabalho!! Aguardo o livro!!

Olhar de lince Diz: 27 abr 2009 - 18:04

Um caso polêmico e com impressões digitais inconfessáveis por debaixo dos panos… Uma história com um quê de politicagem, vingança e difamação. E, pelo jeito, com gente, cuja alma não consegue sair da lama. Lamentável para essa família.

Pé Vermelho Diz: 27 abr 2009 - 18:15

Lí num para-brisas: Deus é o meu provedor. Que seja também o provedor destas mulheres. Daqui de Barra, Vania, os meus mais sinceros cumprimentos!

Vania Mara Welte Diz: 27 abr 2009 - 22:23

Fábio, só você e Michel para me saudarem assim: “grande Vania”. Sim, Fábio esta é uma causa justa. Infelizmente, repleta de injustiça e dor para muitas famílias e também para as pessoas que se derramam em sensibilidade. /

Michel, fico imensamente feliz em saber que pude contribuir de forma positiva para a sua formação profissional. É um lindo presente. /

Dafne, receber o seu apoio é muito gratificante. /

Caio, sou apenas um instrumento de nossa profissão. Grandes são vocês, é você. /

João José, além das duas Abagge, há ainda os cinco homens, atingidos pela mesma acusação. Mas a ratificação da inocência de dois deles, já prova que este processo todo está cheio de erros. Aliás, até peritos confirmam esta verdade. Arthur Drischel, que assinou o laudo do suposto corpo de Evandro Cetano, pediu às autoridades que se considerassem o documento porque, aquele, não poderia ser o corpo de Evandro Caetano. Era muito grande. Drischel também relatou como teve de entregar uma cópia deste documento a policiais militares, à noite, às vésperas da prisão dos acusados. E só entendeu as razões ao ouvir, pelo rádio, a inusitada confissão de um dos acusados: “matei o menino por asfixia mecânica”. Infelizmente, o perito também pagou caro pela sua audácia em dizer a verdade. /

Laura, que bom saber que você tem as matérias guardadas. Eu emprestei a série toda a uma pessoa e não recebi mais nada de volta. Agora sei onde encontrá-las, caso as necessite. OK?! Como é bom ter o seu apoio. /

Olhar de Lince, sim, há impressões digitais inconfessáveis. Triste, não?! /

Pé Vermelho, Deus não nos desampara e sempre nos provê. A fé e a verdade são os esteios dessas famílias e de todas as pessoas injustiçadas. E não são poucas. /

A cada um de vocês, amigos, conhecidos e leitores deste democrático e excelente Blog, a minha gratidão pelas palavras de apoio ao meu trabalho e às famílias deste trágico caso. Agradeço também aos meus pais porque ensinaram aos quatro filhos que, na vida, devemos ter coragem para enfrentar os desafios e assumir posições justas, mesmo que sejam as mais difíceis. /

Ah! Ainda devo falar à Ana. De qual vítima você fala? Porque neste caso há dezenas delas. De Evandro Caetano, desaparecido desde 1992, e de outras dezenas de crianças sumidas no Paraná, passando pelos seus pais e familiares, pelos sete acusados que até hoje juram inocência, pela mídia que acreditou nos poderosos e não ouviu o contraditório, até o conjunto de cidadãs e cidadãos deste país, os quais merecem respeito e direito à Justiça e à Verdade. Ou você sabe algo que ninguém sabe? E, neste caso, você deveria depor na Justiça, para o bem de todos.

val Diz: 28 abr 2009 - 03:40

A querida e saudosa mae da Vania, que com a graca de DEUS, e minha também, D. Ana Welte, nao cansava de contar que ela, a Vania, desde pequenininha, seus 3 aninhos, cuidava da janela a passagem de uma senhora, moradora de rua, que sempre passava no horário do almoço, e avisava para a nossa mãe:

”MÃE, PREPARA UM PRATO DE COMIDA, QUE AQUELA SENHORA JA VAI PASSAR”.

A nossa querida e também bondosa mãe, sempre dizia cheia de orgulho:

“ESSA MINHA MENINA TEM UM CORACAO DE OURO” e eu digo, desde Nova York:
SEMPRE LUTANDO POR UM MUNDO JUSTO DE VERDADE.

PARABÉNS PELA SUA BONDADE E CORAGEM, VOCÊ É ÚNICA.

Ana Maria C. Bruni Diz: 28 abr 2009 - 08:01

Beatriz certa vez nestes últimos anos disse:“Ninguém pode ferir-me sem meu consentimento”

A importância da publicação do livro é vital para reviver em várias memórias os Mea Culpa dos envolvidos contra estas mulheres da familia Abagge.

O caso das Abagge fere profundamente a sociedade brasileira, nos deveria servir de alerta mas infelizmente o mal não dá trégua para inocentes e estes retornam a baila na midia e no sofrimento de novo julgamento.

Sim, certamente deverão conter milhares de paginas este processo, mas são poucas pela dor que as Abagge passaram,passam e passarão.Deverão ler com atenção, cuidado e sabedoria para poderem analisar as provas e argumentos apresentados.

Que Deus nos ilumine.

Osdrovaldo Diz: 28 abr 2009 - 10:28

Meu comentário ainda “espera aprovação” ? Ah tá. Entendi.. Guinei pro lado errado… Se entregou (de novo).

zebeto Diz: 28 abr 2009 - 11:54

Me desculpe, osdrovaldo. achei seu comentário. publicado. agora, esse negócio de “guinar para o lado errado” é estranho.

Ômar Diz: 29 abr 2009 - 00:58

Caríssima Vania,

Sempre consegue a proeza de falar de maneira objetiva, pairando sobre impressões pessoais em verdadeira metalinguagem!

É tão clara que qualquer questionamento sobre o que tenha escrito retorna ao questionador, sempre em prol de uma maior clareza.

Seu trabalho não é para condenar ou para inocentar quem quer que seja, mas apenas para que o “sim” seja “sim”, e o “não” seja “não”. Afinal de contas, não é papel do Jornalista também cobrar maior transparência do Poder Judiciário?

Não vi os autos do processo, mas acredito em seu relato de que há muitos pontos obscuros que não sustentam as sucessivas condenações informais, mas não menos perigosas, de cidadãos como qualquer um de nós, como as Abagge, entre outros! Ter ganho o Prêmio Esso de Jornalismo com essa matéria que revela os trágicos meandros que vitimou injustamente as acusadas quer dizer alguma coisa, não? Confio em seu senso ético e profissional!

Obrigado, Vania, por construir uma ponte entre todos os que só querem uma coisa: dignidade! E lembro a quem estiver lendo este comentário que Vania Mara Welte tem toda uma história em defesa das crianças! Se diz que as acusadas são inocentes, também o faz em nome e em honra da pobre criança cruelmente assassinada, que não precisa ter mais vítimas atrás de si!

Com admiração e respeito,

Ômar Atique Sobhie.

Ômar Diz: 29 abr 2009 - 02:07

Caros leitores,

A clareza é pressuposto para o entendimento e a Justiça.

Antes do trabalho de Vania, toda a imprensa condenou antecipadamente as acusadas. Depois da exposição de suas matérias em um semanário chamado “Hora H”, até então desconhecido para mim e para muitas pessoas, vejam os apoiadores que ela conquistou: a Comissão Julgadora do Prêmio Esso de Jornalismo!

Comissão de Premiação

Aluizio Maranhão - O Estado de S. Paulo

Hélio Campos Mello - Isto É

Merval Pereira - O Globo

Murilo Felisberto - Agência DPZ

Ruth de Aquino - O Dia (RJ)

Comissão de Seleção

Ari Schneider - Revista Imprensa

Domingos Fraga Filho - Isto É

Heloísa Magalhães - Gazeta Mercantil

Lauro Jardim - Exame (RJ)

Luiz Fernando Gomes - O Dia (RJ)

Mauro Meurer - Diário Catarinense

Murilo Felisberto - Agência DPZ

Orlando Brito - Veja

Paulo Motta - Jornal do Brasil

Renato Maurício Prado - O Globo

Rui Xavier - O Estado de S. Paulo

Quem me contou isso? Não, não foi a própria jornalista! Fiz o que qualquer pessoa pode fazer: uma breve pesquisa de alguns poucos minutos no “Google” e encontrei no site a descrição do que é a condecoração:

“O Prêmio Esso de Jornalismo, o mais importante e tradicional programa de reconhecimento de mérito dos profissionais de Imprensa do Brasil, está completando 53 anos de existência, sem qualquer interrupção. Foi criado em 1955 com o nome de ‘Prêmio Esso de Reportagem’, passando posteriormente a se chamar ‘Prêmio Esso de Jornalismo’.

“Ao longo desses anos, a Esso vem promovendo, através da manutenção do prêmio, estímulo constante ao aprimoramento do trabalho de jornalistas, ao mesmo tempo em que entende estar cumprindo sua responsabilidade social.

O ‘Prêmio Esso de Jornalismo’, nome do programa, é concedido ao melhor trabalho publicado na Imprensa anualmente, segundo a avaliação de Comissões de Julgamento integradas exclusivamente por profissionais de comunicação. Outras 13 categorias recebem prêmios específicos para trabalhos em jornais e revistas. E pelo 8º ano consecutivo, está sendo concedido o ‘Prêmio Esso de Telejornalismo’, destinado ao melhor trabalho jornalístico de televisão.

De 1955 até os dias de hoje, concorreram ao Prêmio Esso mais de 20 mil trabalhos jornalísticos. Para os profissionais de Imprensa, a conquista de um Prêmio Esso constitui-se elevada distinção, não só por sua tradição, mas principalmente pelas características de independência e credibilidade do programa, construídas e mantidas nessas cinco décadas.”

Ao pesquisar, faço minha parte como cidadão e assim posso valorizar os profissionais de relevo, fortalecendo-os! Desnecessário plantar a dúvida quando podemos plantar a certeza!

Obrigado por permitirem esta contribuição!

Respeitosamente,

Ômar Atique Sobhie.

Vania Mara Welte Diz: 1 mai 2009 - 20:56

Osdrovaldo, este caso é como você mesmo diz: “cheio de versões, de defensores poderosos, de dúvidas, de terror, de idas e vindas”. E, neste caso, o mais poderoso defensor é, sem dúvida, Deus. Sem falar na competência, ética e na força de trabalho dos advogados de defesa. Em especial os advogados que se deram ao trabalho de ler as milhares de páginas do processo para chegar à convicção da inocência dos sete acusados.

Entre eles, Antônio Figueiredo Basto é exemplar. Há outros, com certeza. Mas Figueiredo Basto faz a diferença. E entre os muito advogados e peritos, Figueiredo também sabe que, se depender dos sete acusados, nenhuma criança, nenhum menino foi torturado e morto. E nenhum deles é adorador desta “coisa ruim”, citada por você. Aliás, se depender das sete pessoas acusadas, Evandro Caetano vive em algum lugar, deste mundo, porque eles não o torturaram e muito menos o mataram. Mas se você sabe algo mais, por favor, denuncie. No entanto, pelo seu segundo comentário postado ao Zé Beto, um profissional ilibado, democrático, absolutamente correto, você deixa perceber que pratica o preconceito e só o que você pensa deve ser o certo. Osdrovaldo, dê-se ao trabalho de ler todo o processo, de conhecer todos os lados e fatos deste caso. E só depois aja como o juiz de alguém. Caso ache isso certo… Moço, eu lastimo o seu açodamento. ///

Olá, menino de Nova York, bons tempos aqueles em que podíamos ter a presença de nossos pais entre nós e todos os irmãos juntos. Bons tempos! Saudades, imensas. Embora distantes, no tempo e no espaço, eu carrego todos vocês pregados do lado esquerdo de meu peito. Grata pelo seu incentivo e carinho. Take care, my dear little brother! Kisses… ///

Ana Maria Bruni, é verdade que ninguém pode nos ferir sem o nosso consentimento. No entanto, devemos ter consciência de que há muita injustiça neste mundo e o Brasil é um celeiro imenso delas. O incrível é que, em muitos casos, somos impotentes diante delas. Por isso, não podemos nos omitir, jamais. E como você diz: “que Deus nos ilumine” ///

Ômar Atique Sobhie, um nome de advogado que honra este país. Receber sua atenção e apoio são muito gratificantes para mim. Ômar, o que eu faço em jornalismo, você o faz no mundo jurídico, quer em Pernambuco, São Paulo ou em qualquer outro espaço deste mundão de Deus.

Ômar, com a devida vênia, apenas coloco um reparo em seu magnífico e encorajador texto: o corpo da criança, apresentado como sendo o de Evandro Caetano, ninguém sabe a identidade e a razão de sua morte. Para o perito Arthur Drischel, “ele parecia ter sido retirado de alguma geladeira de IML, poderia, ainda, ter sofrido uma morte natural (ou seja não ter sido assassinado) e, além de tudo, não tem as mesmas características da suposta vítima do processo de Guaratuba. (Aquele corpo era maior do que o de Evandro Caetano).

Ainda, Ômar, quando os sete acusados estavam presos, surgiu um outro corpo em um mangue em Guaratuba. As autoridades policiais disseram que era o corpo Leandro Bossi, filho de João Bossi e de Paulina Bossi, desaparecido dias antes de Evandro Caetano, na mesma cidade de Guaratuba. Esse pequeno corpo, encontrado, estava vestido com as mesmas roupas que Leandro Bossi vestia no dia de seu sumiço. Imediatamente, os sete também foram acusados da morte de Leandro Bossi.

O incrível, e ao mesmo tempo macabro, é que ao ser examinado por peritos, aquele corpo era de uma menina.
Surgem, então, mais duas perguntas que até hoje não encontram respostas:

1) Qual é a identidade daquela pobre menina?
2) Quem vestiu aquele corpo com as roupas de Leandro Bossi?

Neste episódio, surge uma certeza: quem o vestiu, sabe quem é a menina e sabe o que aconteceu com Leandro Bossi e com essa outra pequena vítima. E, talvez, também saiba o que aconteceu com Evandro Caetano. Não é mesmo?!

Omar, sou eu quem agradece. Pois é você quem, neste momento, concretiza esta ponte entre o jornalismo, o Poder Judiciário e todos os que só querem uma coisa: dignidade! E eu, ainda, acrescento: também querem justiça para todas as vítimas. ///

A todos vocês, respeitosamente, o meu imenso carinho e gratidão, inclusive a você, Zé Beto, pela paciência em ler tudo isso e oferecer o seu valioso espaço.

Valmir Pedroso Diz: 18 mai 2009 - 00:13

Querida mestra:

Peço licença para assim chamá-la pois apenas tive contato pessoal com a senhora em um seminário de ética que assisti aqui em Londrina no meu primeiro ano de faculdade de jornalismo. Inclusive no seminário mãe e filha Abagge estiveram presentes e relataram sua experiência.

Confesso que no começo da apresentação não pude deixar de me chocar com a brutalidade do fato narrado e com a riqueza de detalhes apresentados. A apuração as fotos e as reportagens a respeito das Abagge foram expostas e quando elas, que também assistiam ao evento se tornaram públicas e relataram sua experiência, pudemos dimensionar a importância de se fazer um jornalismo ético.

Que a armadura da justiça divina lhe blinde para continuar inspirando futuros profissionais justos e éticos.

Obrigado Mestra.

Nota:

Valmir Pedroso, sou eu quem agradece a você.

Abraços fraternos;

Vania Mara Welte

segunda-feira, 18 de maio de 2009

SHOW DE LUÍZA POSSI EM PONTA GROSSA, NO PARANÁ

Luíza Possi, em foto de Joka Madruga

Na última sexta-feira, em Ponta Grossa,
tive a oportunidade de fotografar (e apreciar)
o show da jovem Luíza Possi.
Confesso que não conhecia as canções dela
e a considerava apenas “a filha da Zizi".
Por sorte eu me enganei


Luíza é adorável ao cantar. É adorável ao dançar. E é adorável ao dialogar com a platéia. Não esconde o amor que tem por sua mãe, tanto que interpretou uma canção dela. “Ela é a MINHA mãe!”, afirmava entre sorrisos e gracejos.

Até o próximo domingo irei postar uma foto exclusiva por dia. As demais podem conferir ao clicar aqui. Se quiser conferir algumas canções dela, é possível no seu website oficial (http://www.luizapossi.com.br/). Vou começar a acompanhar melhor a carreira desta menina mulher de voz suave e ao mesmo tempo marcante.

Por suas contribuições com a defesa e o desenvolvimento das atividades técnico-científicas e educacionais da instituição, a secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Lygia Lumina Pupatto, recebeu da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), antes do show, a Medalha de Mérito Universitário.


( Texto e fotos enviados pelo meu talentoso amigo e fotógrafo Joka Madruga)

quarta-feira, 13 de maio de 2009

RIFA-SE UM CORAÇÃO!




Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário.

Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado,
meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste de acreditar nas pessoas.

Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro,
eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".

Um idealista...
Um verdadeiro sonhador...

Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece,
e mantém sempre viva a esperança de ser feliz,
sendo simples e natural.

Um coração insensato
que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.

Um furioso suicida
que vive procurando relações e emoções verdadeiras.

Rifa-se um coração
que insiste em cometer sempre os mesmos erros.

Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes,
revê suas posições arrependido de palavras e gestos.

Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.

Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos
que quase dá pra engolir as orelhas,
mas que também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.

Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.

Um órgão abestado
indicado apenas para quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida
matando o tempo, defendendo-se das emoções.

Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.

Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro
na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir.
Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e se recusa a envelhecer"

Rifa-se um coração,
ou mesmo troca-se por outro
que tenha um pouco mais de juízo.

Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito
que não maltrate tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.

Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.

Um verdadeiro caçador de aventuras
que ainda não foi adotado,
provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.

Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.

Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.

Um modelo cheio de defeitos
que mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.

Um velho coração
que convence seu usuário
a publicar seus segredos
e a ter apetulância de se aventurar como poeta.


(Poema de Clarice Lispector.
Mas parece que ela conhecia o meu coração,
porque ele é assim mesmo, como ela o descreve ...)

terça-feira, 12 de maio de 2009

DESABAFO!




Cristiane Souza Yared,
mãe de Gilmar Rafael Souza Yared, 26 anos,
morto, junto com o amigo
Murilo de Almeida, 20 anos,
em acidente automobilístico, em Curitiba

(Fotos de Lineu Filho)


11 mai 2009 - 18:44

Hoje, na delegacia que investiga o caso do acidente em que se envolveu o deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho, Cristiane Souza Yared, mãe de Gilmar Rafael Souza Yared, uma das vítimas fatais da colisão, desabafou: "Eu ganhei a cabeça do meu filho como presente do Dia das Mães”. Ela também fez um apelo ao governador Roberto Requião, de quem afirmou ser eleitora: “Nós amamos esta cidade, este estado, votamos no senhor e agora pedimos que nos ajude a restabelecer a verdade neste caso”.
5 Comentários

Reducionista Diz:
11 mai 2009 - 19:58

No site do Aciolli aparece um vídeo feito durante o atendimento do Siate ao deputado.
http://www.programa190.com.br/materias/a008/noticia.htm

Observem que o deputado estava INTEIRO, se movendo, respondendo aos comandos dos médicos do siate.

O major do Siate diz que ele apenas se cortou!!!!!

Me disseram que existem vários vídeos que mostram o deputado inclusive falando seu nome, endereço, dando o celular do irmão, do pai, da assessoria …Coma? Traumatismo grave?

Negativo.
PIZZA BRASIL!!!!
FOMOS ENGANADOS!!!!!!!!!!!

Fernanda Diz:
11 mai 2009 - 20:13

Entendo por acidente algo que acontece sem que exista qualquer intenção do agente que o provoca. No entanto, quando alguém como o Fernando Carli Filho assume o risco de transitar por um bairro residencial com seu veículo em uma velocidade de 190 km/h eu acredito sinceramente que isso não seja um acidente.Infelizmente ele acertou o veículo do Gil, matando este e o Murilo que estava pegando uma carona…

Engraçado que as pessoas culpadas por acidentes geralmente sobrevivem, enquanto que inocentes acabam pagando pelo erra.

Engraçado tantas pessoas torcerem para que este deputado fique bem, por ele ser uma “pessoa de bem”… Pessoas de bem não ocasionam a morte de outras pessoas agindo da forma que ele agiu.

Ora, se o fit estivesse em velocidade incompatível com a via, com toda certeza, também teria “voado”… no entanto, o veículo que voou foi o ilustre deputado que muitos insistem em defender.Me causa uma grande revolta pensar que o ocorrido pode ficar impune…

Meu Deus do céu… o que manda em nosso país, o dinheiro?Independente do que venha ocorrer criminalmente com o Deputado eu sinceramente acredito na justiça de Deus. Com toda certeza esta não falha…

Meus sentimentos vão para a família do Gil e do Murilo… estes que tem a certeza de que criaram pessoas de bem… Sinceramente eu não queria estar no lugar dos pais do deputado… imagine sentir que vc criou um monstro, um monstro capaz de tirar a vida de inocentes…

rodrigo Diz:
11 mai 2009 - 23:13

Lamentável. Mas se depender de ajuda do Requião, nada vai acontecer, ainda mais em um caso relacionado ao trânsito, área na qual o nobre governador possui um passado conhecido por todos…

Fernanda, o problema é que eles não sentem isso. Eles não têm consciência dos erros que cometeram na educação do filho, erros que resultaram no ato de trafegar a 190kh/h, alheio aos outros, mesmo sabendo dos riscos dessa velocidade. A vida dos dois mortos não significa nada para eles. Para eles, o filho é que é vítima.

A se destacar nessa história trágica a postura de serenidade da mãe, que, mesmo em meio à dor, consegue desejar o bem para quem lhe causou mal, consegue desejar que ele sobreviva e possa se tornar uma pessoa melhor. Que Deus conforte as famílias dos mortos e que a Justiça faça aquilo que é o seu papel: Justiça.

Verdade é com ele mesmo… ainda mais quando se trata de crime de trânsito - - são histórias que se repetem: carrões a toda contra carrinhos dentro do limite, falta de cnh contra tudo certinho, rebentos ilustres quase intactos contra pessoas comuns estraçalhadas… Até quando?!


11 mai 2009 - 16:14

Gilmar Yared, pai de uma das vítimas do acidente protagonizado pelo deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho, está neste momento na Delegacia de Trânsito de Curitiba para prestar depoimento sobre o acidente. O advogado Elias Mattar Assad, contratado pela família de Gilmar Rafael Souza Yared, informou em nota oficial distribuída há pouco que soliciou ao procurador Geral de Justiça do Estado do Paraná a designação de um procurador de Justiça para acompanhar as investigações a fim de elucidar o caso.

3 Comentários

Alexander Diz:
11 mai 2009 - 16:27

Este louco que está no governo, demonstrou novamente que não se importa com as vitimas deste crime ao visitar somente o deputado causador do acidente (cedo ainda para chamar de assassino, vamos aguardar as investigações). Enquanto isto acontece, duas familias destruidas lutam sózinhas contra a impunidade que já deve estar sendo preparada ali pelo Centro Civico.

marcelo Diz:
11 mai 2009 - 18:01

Realmente , como era eperado, é de muito mal gosto o governador Roberto Requiao nao ir visitar as familias das verdadeiras vitimas.Claro que ele nao se importa.Gente comum, nao milionaria, nao politica nao tem nada a lhe oferecer.Este sujeito, o roberto requião, é egoista e cruel. Um tolo.

Na estória vai ficar lembrado como um babaca.

miltinho Diz:
11 mai 2009 - 18:25

Sabem por que a prefeitura não liberou as imagens captadas pela câmera de vigilância? Para não expor o outro playboy que fazia racha. Todos querem saber quem é.

(Textos extraídos do Blog do jornalista Zé Beto, do Site Jornale, nesta terça-feira, 12.05.2009)

domingo, 10 de maio de 2009

PARA SEMPRE


Simplesmente, Ana Welte
(Foto de VMW)


Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura,
ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve
e passa
sem deixar vestígio.

Mãe, na sua graça,
é eternidade.

Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?

Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Poema de Carlos Drummond de Andrade

sábado, 2 de maio de 2009

BRASIL TEM 14 CASOS SUSPEITOS DE GRIPE SUÍNA E MONITORA 37 PACIENTES; VEJA MAPA

(Foto Site da Folha Online)



O Ministério da Saúde informou, neste sábado, 1º,
que há 14 casos suspeitos de gripe suína no Brasil.
Nenhum caso foi confirmado.
No mundo, a doença já atinge 17 países



Seis casos suspeitos estão no Estado de São Paulo, quatro no Rio, três em Minas Gerais, e um no Espírito Santo. Outros 37 estão sendo monitorados em 15 Estados do país.

Ainda não há confirmação de contaminação da doença no país. Os pacientes cujos casos são considerados suspeitos passam por tratamento médico.

De acordo com as novas regras, passam a ser consideradas suspeitas de ter a doença pessoas provenientes de qualquer área dos países com confirmação de casos e que apresentem os sintomas da gripe ou que tenham tido contato próximo com pessoas infectadas. Até ontem, 1º, eram enquadradas nessa categoria pessoas que vinham apenas de áreas afetadas dentro desses países.

Os casos de monitoramento eram considerados aqueles que vinham de área sem ocorrência de caso em países afetados e que tinham alguns dos sintomas referidos na definição de caso suspeito. Mas, com a mudança, pessoas que tiverem os sintomas compatíveis com o quadro suspeito da doença e que sejam provenientes de países não afetados também passaram a ser monitoradas.


(Texto veiculado no Site Folha Online – Arte/Folha Online)