sábado, 12 de novembro de 2011

PARTE III - PROJETO - “NÃO TENHO PROBLEMA EM DIVIDIR FILHO BONITO”

"Posso dizer que motivamos
a discussão e tiramos o metrô do papel"

JE — Sobre o metrô de Curitiba, qual a sua participação neste projeto?

RJ — Posso dizer que motivamos a discussão e tiramos o metrô do papel. Quando eu me elegi deputado federal pela primeira vez, em 2007, sentei com alguns técnicos para saber o maior problema da cidade de Curitiba. Todos foram unânimes em dizer que era a mobilidade urbana e que Curitiba não tinha como escapar do metrô. Então eu fui atrás.Como já tínhamos o projeto, fui atrás do dinheiro. Fiz a emenda que entrou no PPA (Plano Plurianual) daquele ano. Isso era essencial porque toda grande obra precisa estar no PPA, senão a obra não sai. A emenda foi aprovada pela bancada do nosso estado e depois no plenário por unanimidade. Se hoje saiu esse R$ 1 bilhão para o metrô foi porque lá atrás nós conseguimos viabilizar esse dinheiro.

JE — Apesar de todo o seu esforço para o metrô sair do papel, certamente o atual prefeito também vai se utilizar desta obra como um dos feitos de sua campanha. Como fica a paternidade do projeto?

RJ — Não tenho problema em dividir filho bonito. Acho que foi uma grande ideia para as próximas décadas. Ele vai ter o bônus dele de poder lançar essa obra e nós tivemos o nosso por ter legalizado e conseguido esse recurso. As pessoas hoje têm essa clareza e nós temos documentação de tudo isso.

JE — Curitiba, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é a 5ª cidade com mais favelas no Brasil. Como o senhor vê a questão social da cidade?

RJ — É necessário avançar. Nós curitibanos temos uma cultura de não querer ver a plena realidade. E a saída é justamente ter mais agilidade nos processos da Cohab, que tem que ser mais operacional e dinâmica. Além disso temos que urbanizar essas áreas, levar investimentos para dar estrutura que a comunidade precisa.

JE — Como o senhor vê a criação da nova Secretaria de Trânsito?

RJ — A Urbs foi um descuido de muitos anos. Ela jamais, pela nossa constituição, poderia ter o poder de polícia que ela teve por todos estes anos. Como um órgão que não é fiscalizado pelo parlamento municipal pode fiscalizar o cidadão? É uma coisa sem nexo e que juridicamente é um desastre. Foi um grande relapso das autoridades que estavam comandando a cidade. Agora estão tentando reverter este problema. Pode ser uma saída jurídica para fazer a fiscalização decentemente.

JE — O senhor continua sendo um crítico dos radares?

RJ — Os radares se tornaram um negócio para a Prefeitura. Deixou de ser um instrumento de educação para ser instrumento de arrecadação da Prefeitura. Concordamos que o motorista tem que andar na lei, mas existe uma maneira correta para se aplicar os mecanismos para que isso aconteça. Manter uma mesma empresa por anos renovando uma licitação não é legal. No mínimo, não é ético. Essa questão da renovação de contratos ao invés de novas licitações é um vício de gestão. Acontece em várias prefeituras e em Curitiba não é diferente.

(Parte III do texto da jornalista Amanda Kasecker, foto de Valquir Aureliano, veiculados no Jornal do Estado e no Site http://www.bemparana.com.br/)

Nenhum comentário: