sexta-feira, 20 de março de 2009

ADEUS, FRANCISCO CUNHA PEREIRA FILHO

Morreu, vítima de parada cardiorrespiratória,
na noite de 18 de março, às 23h55,
o jornalista Francisco Cunha Pereira Filho
diretor-presidente da Rede Paranaense de Comunicação - RPC
(Foto Divulgação)

O velório será realizado no salão principal da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com a realização da missa às 15h30. O enterro ocorrerá no final da tarde desta quinta-feira (19), no Cemitério Municipal. Horário ainda será confirmado.

Francisco Cunha Pereira Filho estava com 82 anos. Nascido a 7 de dezembro de 1926, era filho do desembargador Francisco Cunha Pereira e de Julinda. Foi casado com Terezinha Döring Cunha Pereira e pai dos filhos Francisco Cunha Pereira Neto, Guilherme Döring Cunha Pereira, Ana Amélia Cunha Pereira Filizola e Cristina Cunha Pereira.

Advogado e jornalista, formou-se em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), no ano de 1949. Foi professor da própria Faculdade de Direito da Federal e atuou como advogado.

De acordo com minibiografia veiculada pela Academia Paranaense de Letras – da qual é membro – lecionou na Universidade do Paraná como catedrático interino, nas cadeiras de Ciências das Finanças, Direito Internacional privado e Previdência Social, entre outros. Atuou no Tribunal do Júri e fez carreira como criminalista.

Ainda no campo do Direito, militou na OAB, seccional do Paraná, tendo sido presidente do Instituto dos Advogados do Paraná.

Em 1962, assumiu a direção do jornal Gazeta do Povo e, tempos depois, da TV Paranaense, canal 12, firmando-se como empresário do campo das comunicações.

“Um paranaense de nome Francisco”

A Gazeta do Povo apresenta nesta quinta-feira, 19 de março, o documento especial “Um paranaense de nome Francisco”. O especial transita pelos 60 anos de vida pública do advogado, empresário e jornalista Francisco Cunha Pereira Filho, morto neste dia 18 de março.

Em 1962, Cunha Pereira abandonou uma bem-sucedida carreira como criminalista para ingressar no jornalismo, em parceria com o sócio Edmundo Lemanski, com o qual compra a Gazeta do Povo - então um jornal com sérios problemas financeiros.

No mesmo ano, imprime seu estilo inconfundível: transforma as dependências da empresa num espaço de diálogo com as mais diversas lideranças paranaenses. Políticos, empresários, membros de associações e da toda sorte de iniciativas da sociedade organizada passaram a participar das célebres “visitas à redação”, nas quais apresentavam seus trabalhos e, comumente, empenhavam sua palavra em causas de interesse do estado.

Em paralelo, o próprio Cunha Pereira se tornou uma figura pública, participando semanalmente de inaugurações, congressos e eventos que, de alguma forma, colaborassem para a consolidação de uma sociedade de direito.

O imenso acervo de medalhas, diplomas e condecorações que recebeu o confirmam como cidadão em trânsito: foi reconhecido pela população de bairros empobrecidos, pelas irmandades da Santa Casa e pelos escalões do governo estadual e federal.

A maior marca de Cunha Pereira, no entanto, vai ser o lançamento de campanhas carimbadas com o selo da Gazeta do Povo e, logo em seguida, pelo Canal 12. Os temas passavam pelas grandes questões econômicas do Paraná – como a produção de energia elétrica, melhoria nos transportes e industrialização sustentável -, mas também por dilemas crônicos, como a pobreza, a violência e a fome.

Praticamente sem similares no jornalismo brasileiro, Cunha Pereira desenvolveu um jornalismo capaz de discutir, provocar e promover transformações profundas na vida brasileira. Feito um visionário, antecipou a crise energética, o colapso dos aeroportos e os riscos da monocultura. Seus editoriais – tornados célebres – alimentavam debates de longo alcance, abrindo mão do jornalismo sensacionalista, vazio de idéias e de propostas. No lugar, promoveu políticas públicas, quando essa expressão era privilégio de especialistas. Era um craque.

Além de catalogar pouco mais da metade das 30 campanhas de Cunha Pereira, o documento “Um paranaense de nome Francisco” mostra a rotina do homem que – quando as impressoras quebravam – vinha madrugada adentro, de roupão e pijama, dar apoio moral aos funcionários, para que o jornal chegasse às bancas no dia seguinte.

Quando não, era ele mesmo a visitar as bancas, para saber in loco como iam as vendas e o que diziam os leitores. Tinha estilo – um estilo reverenciado por seus colaboradores.

Nesta edição, impressores, jornalistas, técnicos – e até o humilde Zelão, que um dia lhe engraxou os sapatos e conseguiu um emprego – falam da convivência com o cidadão comum que “era dono da Gazeta do Povo”. Havia quem duvidasse ao vê-lo até empurrando um carro que não pegava, como conta seu barbeiro. Mais – o marido de Terezinha Döring fazia pipas para os filhos e rezava com eles ao Anjo da Guarda antes de dormir.
Era um prazer conhecê-lo. E é um prazer ainda maior saber que sua vida mudou os rumos da História do Paraná. Serviu de exemplo.

Sua alma, sua palma.

(Texto veiculado no Site da Rede Paranaense de Comunicação - RPC, nesta quinta-feira, 19.03.2009)

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