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Vejo os arbustos de primavera
E lembro-me de Maria Izabel.
Ultimamente, tenho visto montes deles
Enfeitando os jardins das casas do Ahú,
Do Bom Retiro e do São Lourenço.
Ao longo desse meu ‘caminho da roça’,
A visão das simpáticas primaveras me remete
Aos canteiros e lavouras da agricultora Maria Izabel,
Que vive lá no interior.
As primaveras florescem nesta época do ano
E sua variedade de tons lilases,
Em contraste com o verde escuro das folhas,
Traz-me à lembrança os retalhos e fuxicos
Do tapete da varanda de Maria Izabel,
De onde se pode sentir o aroma das flores,
Dos pomares, da grama aparada,
Da comida sendo preparada no fogão à lenha
E ouvir o barulho das criações no potreiro.
Lembro também da paciência e do carinho
Com que Maria Izabel cuida das suas primaveras;
Do mimo em proteger as flores
E do ciúme infantil que demonstra diante
Do toque de mãos mais afoitas e desajeitadas
Sobre suas primaverinhas.
Ela limpa bem o terreno em volta das plantas
E o cerca com as pedras mais bonitas
Que retirou do solo da horta.
Até as galinhas que ciscam por tudo
Não se metem a bobas com as primaveras de Maria Izabel.
Quanta lembrança boa
A simples imagem de arbustos de primavera
Nos jardins da cidade grande pode despertar!
Embora nunca tenha visto
Nenhum dos moradores dessas casas
Do Ahú, Bom Retiro e São Lourenço,
Agradeço em silêncio por terem plantado
Esse pedaço de natureza no caminho
Que faço para ir ao trabalho.
Ensaio um sorriso que lhes alcance
E que devolva a eles o prazer
Que eu senti ao lembrar
Do gosto que tem o chimarrão
Sorvido na companhia de Maria Izabel,
Enquanto ela conta suas histórias
E alimenta o fogo com um galho
Que o vento furioso da semana passada
Derrubou no quintal.
(Poema/presente para este Blog de, minha querida amiga e talentosa jornalista, Thea Tavares)
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