domingo, 24 de fevereiro de 2008

PERNAMBUCO, DE MEUS AMORES

A cidade de Recife, capital de Pernambuco, na Região Nordeste do Brasil, está próxima à linha do Equador, o que lhe proporciona um clima ensolarado e temperaturas médias elevadas a maior parte do ano.

Recife e suas belas pontes, sua noite iluminada, com todas as cores, e o mar a beijar seus pés. Boa Viagem, uma das praias urbanas mais lindas do Brasil. E sem o risco de tubarões se não ultrapassar os arrecifes. Mas não é a única.

Há Itamaracá, Maria Farinha e, principalmente, Porto de Galinhas que, sem qualquer dúvida, estão entre as melhores praias do país. Porto de Galinhas, a praia de Muro Alto e suas piscinas naturais fazem a festa e a tranqüilidade de famílias com crianças pequenas.

Além de tudo isso, Pernambuco tem tradições históricas e culturais que o diferenciam de todos os outros Estados do país. Basta relembrar a sua formação histórica. Recife e Olinda foram ocupadas pelos holandeses por mais de 20 anos.

Durante o período em que estavam sendo construídas; essa ocupação, por parte de um país europeu protestante, somada às influências dos portugueses (Pernambuco foi uma das mais prósperas capitanias hereditárias), às origens indígenas (até hoje os costumes dos índios são preservados e valorizados) e aos costumes dos africanos (que se espalharam por todo o território, nos tempos dos engenhos), deu a Pernambuco um perfil cultural inconfundível, criativo, instigante, alegre e maravilhoso.

As suas belas pontes foram projetadas e construídas pelos holandeses. Já, as inúmeras igrejas são herança dos portugueses e suas iguarias culinárias são frutos da cultura indígena. Sua dança alegre e frenética, como o maracatu e o frevo são ritmos originários da mãe África.

Sua música vai desde o hardcore, passa pelo maracatu de baque solto, rock, pop, caboclinho, urso, samba, baião, xote até o frevo. Pernambuco tem uma quantidade de ritmos, gêneros e estilos que nenhuma terra tem.

O frevo, de acordo com historiadores, é uma corruptela coloquial de ferveção. Dizia-se à época em Recife "o povo está fervendo na rua", expressão que a mágica ambulante da linguagem popular levou a "o povo está frevendo na rua".

De frever a frevo foi um passinho lingüístico, captado por um repórter pernambucano.

Além de tudo isso, em Pernambuco, em especial, em Recife, há uma exuberante natureza que oferece ao visitante sabores raros das vermelhas e brilhantes pitangas, serigüelas e acerolas; do roxo quase negro do açaí; do laranja vibrante da macaíba, do caju e da manga; do vermelho rubro do jambo; do amarelo estrelado da carambola e de tantas maravilhosas frutas.

Sem deixar de lado a suavidade dos líquidos transparentes e dourados de seus inúmeros alambiques e a doçura do caldo-de-cana, do melaço, do doce de leite e da rapadura. Além da beleza de suas flores, como a do bastão do imperador, de suas orquídeas, de seus inúmeros e coloridos pássaros em vôos rasantes ao pôr-do-sol e da delicadeza e fragilidade se seus quase extintos cavalos-marinhos.

Visitar Pernambuco é dar um mergulho em nossas próprias origens culturais e raciais. As melhores cabeças pensantes deste país saíram de Pernambuco: Gilberto Freyre; Ariano Suassuna; Francisco Brennand; Joaquim Nabuco; Alceu Valença; Hélio Oiticica; Carlos Villaça; Abreu e Lima; Tobias Barreto e tantos outros...

Pernambuco tem figuras excepcionais. Pessoas que lutaram pela liberdade, pela República, pela independência do nosso país. Pessoas como Frei Caneca, Domingos José Martins, Pedro Ivo, ligados à área política, mas militantes com importância intelectual.

Assim, a cultura pernambucana é um caldo de supra-estrutura de tudo isto que foi e é produzido ao longo de sua própria história, sempre em transformação.

Uma figura importante, embora quase nunca citada, é Vicente Ferreira de Paula, líder da guerra dos cabangas. Nunca escreveram nada sobre ele, porque era considerado um bandido. Ele era chefe de luta dos escravos. Sobre a revolta dos Palmares, há pouca coisa sobre os principais líderes, exceto sobre Zumbi, o mais importante deles. Mas sobre Ganga Zunga, que foi um personagem de destaque na revolta dos Palmares, há pouca coisa.

Visitar Pernambuco é uma experiência única. É morrer de amores por Isas, Isadoras, Claras, Adeles, Marluces, Marildas, Adílias, Ubaldas, Íris, Jiennes, Rodrigos. Pablos, Leonardos, Pedros, Césares e tantos outros pernambucanos tão raros, especiais, generosos, brilhantes, criativos, inteligentes, engraçados e, acima de tudo, elegantes em todos os sentidos.

Visitar Pernambuco é fazer a vida “frever” mais intensamente. E eu “frevo, frevi e freverei”, sempre.

(Este texto é em homenagem aos meus amigos pernambucanos e, ainda, ao meu amigo, advogado Ômar Atique Sobhie, que soube quase morrer de amores e, sem pestanejar, ao se apaixonar por uma pernambucana, para ficar ao lado de sua amada, desfez-se de tudo, em especial, de uma vida bem estruturada, de uma trajetória profissional brilhante, e trocou São Paulo por Pernambuco, recomeçando a vida do zero . É uma homenagem também à minha amiga, jornalista Lilian Romão, que adora Recife e Olinda, onde as pessoas são genuinamente felizes e onde ela pensou que ia "explodir" de tanta felicidade. Enfim, é uma homenagem a todos os que sabem amar e se doar, em busca da própria felicidade, aos heróis conhecidos e anônimos que ajudam a construir este Brasil de tantas diversidades. E tão magnífico, apesar de tudo.)

Vania Mara Welte

Nenhum comentário: