quarta-feira, 13 de maio de 2009
RIFA-SE UM CORAÇÃO!
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado,
meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro,
eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista...
Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece,
e mantém sempre viva a esperança de ser feliz,
sendo simples e natural.
Um coração insensato
que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida
que vive procurando relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração
que insiste em cometer sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes,
revê suas posições arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos
que quase dá pra engolir as orelhas,
mas que também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado
indicado apenas para quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida
matando o tempo, defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro
na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir.
Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e se recusa a envelhecer"
Rifa-se um coração,
ou mesmo troca-se por outro
que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito
que não maltrate tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras
que ainda não foi adotado,
provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos
que mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração
que convence seu usuário
a publicar seus segredos
e a ter apetulância de se aventurar como poeta.
(Poema de Clarice Lispector.
Mas parece que ela conhecia o meu coração,
porque ele é assim mesmo, como ela o descreve ...)
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3 comentários:
Querida,
parabens por esse "blog só seu", como voce disse na terça. Espero, do fundo do meu coração, que outros tenham a mesma gana de criar "blogs só seus". Porque, falando em corações, ainda existem muitos como o seu ou de clarice; mas que são cansados e silenciosos.
Um beijo grande nesse coração (de ouro)
Camilla
Camila, querida e linda menina!
Gratíssima pelas suas palavras generosas.
Camila, é uma honra partilhar com você, com vocês, as tardes de terças e quintas-feiras.
É um verdadeiro bálsamo na aridez de sentimentos e de humanidade dos dias atuais.
Continue me visitando e escrevendo.
Beijos, com carinho e imenso respeito pelo belo ser humano que você é.
Abraços fraternos;
Vania Mara Welte
Camila, querida e linda menina!
Gratíssima pelas suas palavras generosas.
Saiba que é uma honra poder compartilhar as tardes de terças e quintas-feiras com você, com vocês, pessoas sensíveis e humanistas. É um bálsamo nessa aridez de modernidade e de individualidade.
Você é uma pessoa maravilhosa, na essência e na forma.
Beijos, com carinho;
Vania Mara Welte
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