do Centro Universitário Campos de Andrade – Uniandrade –
que venceram mais uma etapa de estudos pesados,
dedico o texto abaixo para reflexão e
dedico o texto abaixo para reflexão e
também porque reconheço, aqui,
uma turma coesa, guerreira e
disposta a absorver todo o saber possível.
disposta a absorver todo o saber possível.
Eis aqui uma turma ímpar.
É feita de jovens e nem tão jovens,
cada qual com a sua trajetória de vida.
Pessoas íntegras, que trabalham, lutam e,
mesmo cansadas e exaustas, estudam
em período noturno para, um dia, fazerem a diferença.
Parabéns a todos!
São vencedores!
Boas férias!
Tenham excelente descanso.
Mas sem nunca abdicar, como Sócrates,
de suas próprias convicções e sem jamais se deixar corromper.
Abraços fraternos;
Vania Mara Welte
DISCURSO DE SÓCRATES EM SUA DEFESA
"Sócrates é uma dessas figuras imperecíveis da história, que vai além de sua vida terrena e se torna um símbolo à humanidade.
O homem de carne e osso, o cidadão ateniense, nasceu no ano de 469 a.C.
Sócrates foi condenado à morte, bebendo cicuta, no ano de 399 a.C.
Ele criou, em torno de si, uma escola (no sentido intelectual e não material do termo) a qual acorriam os jovens atenienses que se interessavam pela busca do conhecimento filosófico. Um destes jovens era Platão, seu principal discípulo, e a quem devemos o registro escrito do pensamento de Sócrates: Os Diálogos.
Filho de uma parteira, associam o seu método de pensar e ensinar, ao processo de parto: ajudar a natureza a dar a luz à criança.
Sua forma de ensinar, pelo constante questionamento das afirmações e da busca do seu significado, a partir de indagações intelectualmente provocadoras, equivalia ao processo de ajudar a natureza do discípulo (sua mente) a extrair, de dentro de si mesmo, o conhecimento verdadeiro.
Em outras palavras, “um parto espiritual”. Trata-se da maiêutica Socrática.
Sócrates ensinava pelo uso da palavra falada. Não deixou nada escrito. Seus discípulos, sobretudo Platão fez isso, ao expor e desenvolver as idéias do mestre. Sócrates foi imortalizado pela obra de Platão, e por sua morte resultante de julgamento público, pela acusação de:
“Corromper as mentes dos jovens e acreditar em deuses de sua própria invenção, ao invés dos deuses reconhecidos pelo estado”
É no diálogo platônico denominado Apologia, transcrição da defesa de Sócrates, que se encontra uma detalhada descrição da forma como vivia e das convicções que possuía.
A morte de Sócrates causou uma marca profunda em todos os seus discípulos porque, ao rejeitar qualquer concessão ou acordo, deu o exemplo pessoal, confirmado por sua morte, de um pensador que levava a coerência intelectual tão a sério que estava disposto a morrer, para dela não abdicar.
Conta-se que Aristóteles (que foi discípulo de Platão) estando para ser preso em Atenas, fugiu da cidade. Questionado por sua atitude, totalmente oposta à de Sócrates, ele teria respondido:
- Não vou permitir que se cometa um segundo crime contra a filosofia.
O trecho do discurso de defesa, transcrito aqui, foi, então, extraído da Apologia.
Nele, as palavras com que aceita a condenação à morte, são em si mesmas a maior evidência da sua grandeza ética e do seu gênio.
Pelas circunstâncias da morte (sacrifício imposto por sua própria consciência), assim como pelos diálogos platônicos, onde seu pensamento é exposto por ninguém menos que o genial Platão, Sócrates permanece, de 469 a.C. aos nossos dias, o alicerce sobre o qual se edificou, ao longo dos séculos, o edifício da cultura ocidental.
Sócrates era um pensador que levava a coerência intelectual tão a sério que estava disposto a morrer, para dela não abdicar."
O DISCURSO
“Bem cavalheiros, em troca de uma pequena economia de tempo, vocês vão ganhar a reputação e a culpa, da parte daqueles que desejam desprestigiar nossa cidade, de ter imposto a morte a Sócrates, aquele ‘sábio homem’. Por que essas pessoas que querem vos difamar, vão dizer que eu sou um sábio, ainda que eu não o seja.
Se tivessem esperado um pouco mais, conseguiriam o que querem pelo curso natural das coisas. Vocês podem ver que estou avançado em anos de vida, e próximo da morte. Digo isso não para todos vocês, mas sim para os que votaram pela minha execução, e eu ainda tenho algo mais a dizer a eles.
Sem dúvida pensais que fui condenado por falta daqueles argumentos que eu poderia ter usado, se eu pensasse que era justo não deixar nada por dizer ou por fazer, para garantir a minha absolvição.
Nada mais distante da verdade. Não foi a falta de argumentos que causou a minha condenação, e sim a desfaçatez, a ousadia e a falta de pudor dos meus julgadores, assim como o fato de que me recusei a dirigir-me a vocês da maneira que mais prazer lhes daria.
Eles gostariam de ouvir meu choro e meus lamentos, fazendo e dizendo todo o tipo de coisas que eu considero indignas de mim, mas que vocês estão habituados a ouvir de outras pessoas. Mas eu não admito que devesse recorrer ao servilismo porque estava em perigo, e não me arrependo agora de ter-me assim defendido. Prefiro muito mais a morte como resultado desta defesa, do que viver por ter agido da outra forma. Em um Tribunal, como na guerra, nem eu, nem ninguém deve usar suas artimanhas para escapar da morte a qualquer custo.
Nas guerras, muitas vezes é óbvio que se pode escapar de ser morto, entregando suas armas e a si mesmo à misericórdia dos seus inimigos. Em qualquer tipo de perigo, há sempre muitos meios de escapar à morte, se você for suficientemente sem escrúpulos para não ser fiel a nada nem a ninguém.
O difícil não é evitar a morte, mas sim, evitar proceder mal. Assim sairemos daqui: eu julgado por vós digno de morte; eles julgados pela verdade, culpados de impostura e de injustiça.
Quanto ao futuro, quero fazer uma previsão aos que me condenaram.
Encontro-me naquele momento de uma vida, em que o dom da profecia está mais ao alcance dos homens: um pouco antes de morrer.
Eu afirmo a vocês, meus carrascos, que, tão pronto esteja morto, a vingança fará tombar sobre vocês, uma punição bem mais dolorosa do que a minha morte.
Vocês me condenaram à morte na crença de que, por meio dela, se livrarão da crítica à sua conduta, mas eu afirmo, o resultado será exatamente o oposto.
Se vocês esperam que cesse a denúncia da sua maneira errada de viver, condenando as pessoas à morte, existe algo de muito errado no seu raciocínio. Esta forma de escapar à crítica não é nem possível, nem honrosa.
A melhor forma, e a mais fácil, não é calar a boca de outros, mas se tornarem pessoas justas.
Esta é a minha última mensagem aos que me condenaram.
Mas eis que chegou a hora de partir, eu para morrer, vós para viver. Qual de nós terá melhor sorte? Ninguém o sabe, somente Deus”.
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