segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

PRESSÃO PODE LEVAR A COLISÕES, DIZ MOTORISTA

(Foto de Lineu Filho, no Blog de Zé Beto)

Os motoristas entrevistados pela Gazeta do Povo,
ontem à tarde, na Praça Rui Barbosa e na Estação Central,
próximo da praça Santos Andrade,
são unânimes: problemas como tabelas de horário muito justas,
tempo insuficiente para cumprir o percurso e,
principalmente, baixos salários,
persistem há anos no transporte coletivo.
Segundo eles, o estresse gerado por esses fatores
pode ser desencadeadores de acidentes.
Desde junho do ano passado, foram quatro casos de grandes proporções.


Sérgio Fernandes, que trabalha há três anos na linha Centenário-Campo Comprido, afirma que os trabalhadores mal têm tempo de ir ao banheiro. “A tabela é tão apertada que você chega e sai. Você tem de cuidar de 250 passageiros, cinco portas, e ainda pedem para ficar calmo”. Ele também reclama da infraestrutura, afirmando que a frota de ônibus é antiga e que muitos carros não têm a manutenção correta. Ele lembra que chegou a trocar de veículo três vezes em seis horas.

Outro motorista, que trabalha na linha Dom Ático e não quis se identificar, afirma que o trabalho como motorista é “99% de pressão”. Ele contesta as multas recorrentes da Urbs por atitudes que julga pequenas. “Se você esquece o crachá, é multado. Por qualquer coisa, tem de ir se justificar na empresa. Isso desgasta”. Para ele, a constante mudança nas linhas dificulta. “Chego a fazer quatro roteiros diferentes em um mês. Você tem de sair de casa horas antes para saber o trajeto. Muitas vezes, nem conhecemos o caminho. Se tivesse escala mais fixa, seria bem melhor”.

Falta de gente para trabalhar e substituir nas escalas é outro problema, fazendo com que muitos dobrem o horário. “Está cheio de empresa atrás de motorista. O pessoal entra, fica dois meses, vê que não é o que achava e sai. O salário de R$ 1.100, por mês, não compensa. Para conseguir um pouco mais, só fazendo muita hora extra”, disse outro motorista. Na linha Santa Cândida-Capão Raso, além do salário, os motoristas alegam falta de respeito de motoristas nos cruzamentos, principalmente na Travessa da Lapa. “Neste trajeto é difícil o ônibus frear bruscamente, por causa da descida”.

Mesmo assim, não respeitam a sinalização e não se importam com o biarticulado. O pessoal fura mesmo [os semáforos]”.

(Texto de Isadora Rupp, veiculado no Jornal Gazeta do Povo nesta segunda-feira, 10.01.2011)

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