terça-feira, 13 de julho de 2010

PARANÁ CRIA PRIMEIRO BANCO DE DADOS DE CRIMINOSOS SERIAIS DE CRIANÇAS



Ana Cláudia Machado, delegada do Sicride


Informações vão poder ajudar na elucidação de crimes


No dia em que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completa 20 anos (13/07), o Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride) apresenta a criação de um banco de dados de criminosos seriais inédito no país. A base de dados será utilizada exclusivamente para identificar criminosos e crimes violentos praticados contra crianças. O projeto foi elaborado pela Polícia Civil paranaense e inicialmente apenas o estado de Santa Catarina aderiu ao convênio.

“A proposta já foi enviada para o estado do Rio Grande do Sul, onde se encontra em análise, e ainda neste ano devemos apresentá-la em um encontro nacional em Roraima, que reúne várias redes que procuram crianças desaparecidas, com o objetivo de que todos os outros estados possam aderir ao cadastro”, conta a delegada titular do Sicride, Ana Claúdia Machado. Desta forma, cada secretaria estadual ficaria responsável por alimentar os dados do seu estado.

No Paraná, dois policiais do Setor de Alimentação e Análise de Dados de Criminosos Seriais (SAAD) estão responsáveis por manter e atualizar o banco de dados. É essa equipe que se desloca até o local do crime, responde cerca de 200 perguntas com informações sobre a cena do crime que “diz muito sobre o comportamento do criminoso”, faz levantamento de dados do IML e analisa notícias nacionais de crimes violentos contra crianças. Todos os policiais têm acesso as informações, embora poucos possam alimentar o sistema.

Atualmente, estão cadastrados 50 condenados por violência contra criança e adolescente. “Mas o banco de dados também contempla informações sobre crimes ainda sem solução”, afirma a delegada. Ela explica que este sistema foi idealizado depois de cinco anos de pesquisa que mostraram que 5% das crianças vítimas de crimes cruéis, tiveram um agressor que já tinha cometido outros crimes do gênero. “Assim descobrimos que existiam criminosos seriais no Paraná como o José Airton que vitimou 26 crianças, das quais duas são do nosso estado”, revela.

Para a delegada, as informações obtidas pelo bando de dados não são apenas estatísticas. “Poderemos fazer a análise da ligação de casos seriais, traçar o perfil dos criminosos e encontrar formas mais eficientes de interrogá-los, de acordo com o perfil do agressor”, acredita. Esse programa ainda ajudaria na prevenção e por isso a intenção é de expandir a aplicação do projeto para outros crimes. “Com os dados também pretendemos provar que os agressores precisam de um monitoramento constante após o cumprimento da pena para que não voltem a repetir crime”.

O programa que organiza o banco de dados foi desenvolvido com base em um programa americano do FBI que investiga o comportamento de criminosos contra crianças. O sistema foi traduzido e adaptado a realidade local.

Matéria e fotos veiculadas no Site Jornale
nesta terça-feira, 13.07.2010
Reportagem Daiane Rosa
Fotos Lineu Filho

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