quinta-feira, 10 de maio de 2012

O RATO QUE RUGE

(Foto de João Le Senechal, na Revista Ideias)

A novidade na eleição deste ano
é o candidato Ratinho Junior,
que corre por fora
e assusta gregos e baianos

A eleição de Curitiba está encruada. Há meses os candidatos não se movem e os três que estão na ponta são os mesmos. Luciano Ducci, Gustavo Fruet e o surpreendente Ratinho Junior. Dele ninguém sabe até onde vai, embora os preconceitos digam que alguém com esse nome não vence eleição em Curitiba, cidade de povo modesto, porém exigente nas aparências.

Sua carreira foi meteórica. Em 2002, aos 21 anos, foi eleito o deputado estadual mais votado pelo PPS no Paraná. Em 2006, foi eleito o segundo deputado federal mais votado no Paraná. Em 2010 reelegeu-se deputado federal, obtendo a maior votação no Paraná e a sexta maior do Brasil. Não é por nada que agora quer, aos 31 anos que comemora no dia 19 de abril, dar um salto na carreira. Seus sonhos não são pequenos. Ele quer chegar um dia a governador do Paraná. Sabe que o caminho mais curto é ganhar a prefeitura de Curitiba, por onde passaram os governadores desde 1990.

Ora, pois, Ratinho Junior é o único dos três que não conta com o apoio de governos. Ducci tem a prefeitura e o paraninfo Beto Richa, que não o deixa na chuva. Não é de somenos. Richa é seguramente o mais forte dos apoios que alguém pode pretender na eleição de outubro na capital. E tem ao seu lado o apoio de Fernanda Richa, a primeira das primeiras-damas do Paraná que tem alcance político-eleitoral real. É grande eleitora na cidade e qualquer analista político com dois neurônios ativos afirma que ela seria candidata imbatível se a lei lhe permitisse.

Gustavo Fruet arrumou a sua nova turma. Agora é o queridinho do PT sem deixar de ter apoio em camadas da população que sabem dar nó na gravata e usar todos os talheres. O PDT é uma ficção em Curitiba. Ou melhor, o brizolismo não existe por aqui. O PDT só teve potência com o instrumento alheio. Albergou Jaime Lerner, Rafael Greca, Cássio Taniguchi e outros descendentes da Arena em outra época. Foi feliz e até Brizola comemorou ao acreditar que essa turma ajudaria a levá-lo à Presidência da República. Mas o PT agora é forte e tem candidata a presidente em 2014, Gleisi Hoffmann, e tudo o que pretende é derrotar Beto Richa e sua trupe em Curitiba. Por isso adotou Gustavo Fruet e mandou às favas a tigrada que sonha com candidatura própria. Agora, em abril, veremos o que decide.

ATROPELA POR FORA

Nesse hipódromo, Ratinho Junior corre na raia de fora. Sem ajudas oficiais. Sem máquina administrativa que olhe por ele e lhe faça feliz. Seria o nosso cavaleiro da triste figura a enfrentar moinhos de vento, destinado a sair da eleição menor do que entrou em seu cacife eleitoral? Tudo é possível até que as urnas nos desmintam. Quem, em sã consciência, imaginaria a vitória de Requião contra Jaime Lerner em 1985? Quem apostaria no sucesso de 12 dias de Jaime Lerner em 1988? Assim caminha a humanidade. É verdade que Ratinho Junior enfrenta obstáculos que esses graúdos senhores nunca encontraram pelo seu caminho.

Ratinho Junior é o único de todos eles que não frequenta as rodas perfumadas do Country Clube. Qualquer cidadão curitibano que tenha alcançado o pico em seu alpinismo social ou descenda de ilustres famílias empobrecidas pelo tempo e pela incompetência torce o nariz para esse jovem deputado federal que se elegeu com enorme votação em 2010.

Mas nem todos fecham os olhos para esse novo fenômeno político. Por razões distintas, mas com boa análise, empresários de peso e bem postados no PIB local, como Marcelo Beltrão Almeida, ou um líder empresarial como Marcos Domakoski, que presidiu a Associação Comercial do Paraná, enxergam o que os outros não veem ou não querem ver. Ratinho Junior pode chegar lá, mesmo que não conte com o apoio das máquinas, coisa muito natural neste país de grandes moralistas que convivem com bicheiros e coisas assim.

Para figuras como Marcelo Almeida e Domakoski, Ratinho Junior é o “Rato que ruge”, apodo simpático que extraíram do título de um filme genial da década de 50 estrelado por Peter Sellers. No enredo, Sellers lidera pequeno país que põe de joelhos a potência americana e exige, para devolver Nova York, “paz eterna para todos”.

Marcelo Almeida, leitor compulsivo, certamente leu William Shakespeare, o qual dizia: há uma providência especial na queda de um passarinho, o estar preparado é tudo. Em noite recentíssima, em jantar que misturou empresários, políticos e intelectuais, Almeida transformou em parábola atual a história da queda da Bastilha. “Na noite do dia 13 de julho de 1789, o rei Luis XVI anotou em seu diário que nada, absolutamente nada de novo acontecia na história”.

Pois, pois, no dia 14 de julho ele estava deposto e pronto para o cadafalso. Quis dizer que a história ensina que nada é eterno e imutável e que os presunçosos no poder podem ter surpresas. Ou seja, um candidato como Ratinho Junior pode se eleger em Curitiba, apesar das opiniões contrárias de quem vê de cima para baixo e não enxerga as aspirações populares numa cidade que mudou muito a sua composição social. A população cresceu e camadas expressivas ascenderam, deformando a classe média conservadora. As próprias pesquisas de opinião não conseguiriam captar essas mudanças porque trabalham com amostras antigas e cristalizadas.

QUEM SUBESTIMA?

É claro que entre os políticos de alto coturno o Rato que ruge não é subestimado. Os sismógrafos de Beto Richa e de Gleisi Hoffmann são sensíveis no curto e no médio prazos. Trata-se de aparelhos muito bem calibrados pela experiência. Dificilmente falham na colheita das informações. A questão a discutir é como usam as informações. Mas essa é outra história.

Acontece que essas mudanças sociais criaram novas expectativas de setores que antes se comportavam com extrema candura diante dos poderosos. Há, segundo os esculápios da sociologia, um brado retumbante do “quero mais”.

Os mais pobres que compraram seu carro em 70 prestações, estão na fila da casa própria, adquiriram eletrodomésticos e ainda têm sobras para a diversão, não querem ficar por aí. Reclamam mais serviços de saúde, mais educação, asfalto na porta, transporte eficiente e segurança, muita segurança, que este é o principal tormento da madame e da distinta da periferia. Ou seja, aspirações que dizem respeito aos atuais governantes da cidade, do Estado e da República. Ratinho Junior aí sai ganhando em não representar nenhuma dessas instâncias do poder público. É o perfeito locutor das reclamações de cima e de baixo.

E, pelo visto, tem assunto para cinco campanhas eleitorais. Independente como a Mocidade de Padre Miguel, Ratinho Junior não tem compromissos políticos. Os que tinham foram desfeitos pelos parceiros que o traíram vergonhosamente, o que o coloca na posição de vítima da politicagem mais rasteira. Ele apoiou, de mala e cuia, a candidatura de Osmar Dias, do PDT, contra Beto Richa. Deu retornos significativos. Apoiou também Gleisi Hoffmann, do PT, para o Senado. O compromisso dessa gente era simples: ele teria o apoio de todos na disputa da prefeitura de Curitiba em 2012.

Qual o que. Gleisi Hoffmann, do alto de sua condição de mais votada para o Senado, no papel de estrela que sobe, esqueceu o passado rapidamente e trocou Ratinho Junior que a apoiou e apoiou Osmar Dias e Dilma Rousseff por Gustavo Fruet, o detrator de Lula, que apoiou Beto Richa e fez de tudo para tomar seu lugar na corrida pelo Senado. Imaginem a frustração de Ratinho Junior com seus companheiros de aventura em 2010. Até hoje não há Engov habilitado a desopilar o seu fígado sempre que é lembrado da alta traição que sofreu.

SEM MÁGOAS, SEM RANCOR

Mas Ratinho Junior aprendeu que assim caminha a humanidade da política nesta área chuvosa do planeta. Guardou as mágoas, arquivou os ressentimentos, e continua no jogo. Só que desta vez não abre para nenhuma proposta que venha dessa banda. Tem medo de que a dose de traição se repita. Por isso mesmo faz questão de avisar aos emissários que é candidato sob qualquer hipótese. Não abre.

Pois, pois, a malta não desiste. Prova da força de Ratinho Junior é que os seus dois principais adversários fazem de tudo para convencê-lo a aceitar a vice. Gustavo Fruet teria um reforço inigualável, pois Ratinho Junior lhe daria o caminho para a periferia, para os bairros mais pobres, para a classe C dos emergentes, ou seja, para a grande fatia do eleitorado onde ele não existe e nem é lembrado.

Para o prefeito Luciano Ducci, Ratinho Junior seria um parceiro perfeito. Primeiro porque sua saída do jogo principal certamente evitaria o segundo turno. E segundo turno é um drama para qualquer prefeito que tenta a reeleição. Em segundo lugar porque há espaços do eleitorado hoje dominados por Ratinho Junior onde é baixa a densidade de seus votos. Bolsões na periferia que agregados ajudariam a elevar rapidamente os índices do prefeito.

Ducci oferece uma vantagem nesse assédio ao candidato do PSC. Como ele tenta a reeleição, não poderá se candidatar a prefeito em 2016. Isso significa que o seu vice passará a ser candidato natural do grupo e da máquina. Pois, pois, com grandes chances de chegar lá. Só que com quatro anos de atraso.

Mas como Ratinho Junior é o mais jovem dos políticos nessa porfia, poderia esperar. Não é o que ele pensa. Prefere passar pela experiência majoritária que aguardar na condição de vice. A ministra Gleisi Hoffmann bem que tentou convencê-lo a ficar com o grupo que hoje dá sustentação ao governo de Dilma Rousseff. Pediu a união em torno de objetivos maiores da Nação. Pois Ratinho Junior não entra nessa conversa hipócrita em torno de ideologias que nada tem a ver com a realidade, quando a questão premente é outra.

Esta é uma singular situação em que Gleisi Hoffmann se apresenta como defensora dos interesses do PT e dos trabalhadores, mas adota como seu candidato Gustavo Fruet, que ontem acusava todos os do PT, a começar pelo ex-presidente Lula, de corrupção. Bem, de algoz, Fruet passou a aliado, o que não é incomum na política brasileira. O aliado Ratinho Junior ficou na beira do caminho, depois de ouvir declarações emocionadas e lacrimosas de amor eterno durante a campanha eleitoral de 2010.

Diz sabedoria antiga, à qual logo aderiram os sábios do petismo pragmático, que em política o que importa é a vitória, unicamente a vitória, e para alcançá-la vale tudo, inclusive trocar de parceiro no meio do baile, sem que isso cause pejo ou opróbrio. Afinal, em Curitiba teremos os três candidatos principais a prefeito que são de partidos que integram a base do governo de Dilma Rousseff: PSB, PDT e PSC. Pois, pois, na verdade por trás dessas siglas há outra guerra, a verdadeira disputa, que aponta para 2014, quando os tucanos do PSDB de Beto Richa terão de enfrentar os petistas de Gleisi Hoffmann. Mas nenhum desses partidos têm candidato a prefeito para este ano. Nessa sopa de letrinhas entra como tempero uma boa de dose desfaçatez. Mas ninguém dá a mínima para isso. A não ser uma camada de eleitores que começa a pensar em mudanças.

quinta-feira, 15 de março de 2012

AYRES BRITO É ELEITO O NOVO PRESIDENTE DO STF


O Supremo Tribunal Federal terá um novo presidente. Nesta quarta-feira, 14, foi eleito o ministro Carlos Ayres Britto. Em 17 de abril, ele deverá substituir Cezar Peluso. No entanto, ao completar 70 anos, em novembro, Ayres Britto será obrigado a se aposentar. E, no lugar dele, entrará o vice-presidente eleito, Joaquim Barbosa.

O ministro Carlos Ayres Britto já relatou ações polêmicas e dá sentenças com sensibilidade e poesia. Exemplo deste seu modo de agir e pensar pode ser observado em seu voto favorável à liberação de pesquisas com células tronco.

Em um texto, com muitas metáforas, Ayres Britto distinguia o "embrião" da pessoa humana, na tentativa de rebater os argumentos de que a Constituição garantiria direitos a partir da fecundação.

"Ninguém afirma que a semente já é planta ou que a crisálida é uma borboleta", disse o ministro.

Ayres Britto terá mais um julgamento delicado pela frente. Ele deverá comandar o julgamento do processo
do mensalão, previsto para este ano.

Sergipano de Propriá, Ayres Britto formou-se em Direito pela Universidade Federal de Sergipe, e doutorado em Direito Constitucional pela PUC de São Paulo. Também poeta, Ayres Britto é membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Brasileira de Letras Jurídicas, sendo na área da literatura jurídica a que ele publicou mais títulos e teve maior projeção.

(Informações obtidas na Assessoria do STF. Foto: Divulgação)

sábado, 10 de março de 2012

AS MULHERES QUE ABALARAM O MUNDO



Há pessoas que pela história de vida,
pela atitude assumida,
pela generosidade, pelo amor ao próximo,
pelo senso de justiça,
 pela dignidade,
pela grandeza humana,
me emocionam.
Dilma Rousseff, sem dúvida, é uma dessas pessoas.
Que ela seja farol para as mulheres brasileiras
 e que Deus a proteja sempre!


A presidente Dilma Rousseff e a grafiteira carioca Panmela Castro estão na lista das 150 mulheres que “abalaram” o mundo, publicada nesta semana pela revista americana Newsweek.

Em seu blog, o deputado petista André Vargas reporta a Newsweek, que destacou que “de Detroit (EUA) até Cabul (Afeganistão), essas mulheres estão fazendo com que suas vozes sejam escutadas”.

A escolha de Dilma foi, segundo a revista, baseada não apenas por ser a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente do Brasil, mas por sua militância política. Já a carioca Panmela aparece na lista por seu ativismo social.

O ranking inclui a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, a ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, as americanas Oprah Winfrey, Meryl Streep, Angelina Jolie, Lady Gaga e Hillary Clinton.

Entre as 150 mulheres, também, a cantora britânica Adele, a ativista chinesa Mao Hengfeng, a chanceler alemã Angela Merkel e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde.

domingo, 4 de março de 2012

CERCA DE 25 MIL PESSOAS CELEBRAM RÉVEILLON EM CURITIBA

Esta é a 2ª edição do Réveillon
Fora de Época realizado na Praça Espanha, em Curitiba

Queima de fogos de artifício, brindes com espumante, pessoas vestidas de branco se abraçando e desejando feliz ano novo uns aos outros. Esse foi o clima do Réveillon Fora de Época que reuniu cerca de 25 mil pessoas entre a noite de sábado, 03, e a madrugada de domingo na Praça da Espanha. A maioria dos participantes recebeu convites (ou simplesmente ficou sabendo sobre o evento) via redes sociais. A proposta era celebrar à meia-noite – cada um à sua maneira – o “verdadeiro” início de ano, seguindo o ditado popular de que no Brasil ele só se inicia depois do Carnaval.

Se em sua primeira edição, realizada em 2011, foram aproximadamente quatro mil pessoas que compareceram ao evento, neste ano o público foi seis vezes maior, segundo estimativa da Polícia Militar. E, diferentemente do ano passado, o local contou com uma estrutura mais apropriada. Policiais militares e guardas municipais fizeram a segurança de toda a praça, enquanto banheiros químicos foram instalados pela Prefeitura de Curitiba para atender os participantes.

Sem nenhuma programação cultural, o evento se resumia a grupos de pessoas bebendo, conversando e ouvindo música nos carros. À meia-noite, como no ano novo tradicional, houve queima de fogos e alguns participantes mais exaltados se banharam no chafariz da praça. Para a professora Danieli Fernandes, que acompanhou o evento pela primeira vez, a iniciativa foi válida. “É uma celebração da diversidade, com pessoas de classes sociais e tribos diferentes”, avaliou. “A partir do momento que as pessoas se mobilizam para um evento como esse, também podem se unir para brigar por coisas melhores”, acrescentou a gerente de vendas Bárbara Pilato.

Até a uma hora da manhã de domingo, a PM e a Guarda Municipal não haviam registrado nenhuma ocorrência no evento. Um dos problemas verificados no local, contudo, foi a não restrição a garrafas de vidro. Algumas pessoas procuravam atendimento após cortar o pé em cacos dessas garrafas. Também gerou reclamação o número pequeno de banheiros químicos, dez ao todo, disponibilizados em apenas um ponto da praça. “É muito pouco para todo esse pessoal que veio”, afirmou o estudante Ricardo Alvarez enquanto aguardava numa longa fila.

Nas primeiras horas da festa, alguns comerciantes se mostravam mais tranquilos com o aparato de segurança e a organização do trânsito na região. Ruas do entorno foram interditadas para facilitar o deslocamento dos participantes e evitar transtornos aos motoristas.

POLÊMICA

O evento deste fim de semana não teve uma organização formal e as pessoas foram convidadas a participar da festa por meio das redes sociais. A ideia desse réveillon, segundo um porta-voz que só deu entrevistas por e-mail, sem ser identificado, era mobilizar a população para um evento divertido e inusitado. Por isso mesmo, o grupo não se comprometeu a levar música, bebidas ou fogos de artifício, deixando a responsabilidade por conta dos participantes. Somente pelo Facebook, 56 mil pessoas foram convidadas a participar da festa. No fim da tarde de sábado,03, já passavam de 17 mil os que haviam confirmado presença.

Na versão de 2011, o réveillon fora de época deixou a Praça da Espanha com muito lixo no chão, carros com som alto e desrespeito ao meio ambiente. Os comerciantes sofreram também com a procura por banheiros nos seus estabelecimentos, sem que as pessoas consumissem algo no local.

A prefeitura não foi notificada oficialmente do evento, mas concordou em garantir a estrutura, apesar de afirmar que não apoia a festa. O órgão ainda ressaltou que a praça não comporta um evento desse porte. O Ministério Público do Paraná (MP-PR) também participou da discussão. O órgão enviou ofício à Secretaria Municipal de Meio Ambiente solicitando que o Executivo agisse para “impedir que este evento se realize sem o mínimo de condições e estrutura”.

(Texto de Anderson Gonçalves e foto de Marcelo Andrade veiculados no Jornal Gazeta do Povo neste domingo, 04.03.2012)

sábado, 11 de fevereiro de 2012

PRÍNCIPES E PRINCESAS











Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta.
De sol quando acorda.
De flor quando ri.
Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma
rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio
e sem agenda. Ao lado delas, a gente se sente
comendo pipoca na praça.
Lambuzando o queixo de sorvete.
Melando os dedos com algodão doce da
cor mais doce que tem pra escolher.
O tempo é outro.
E a vida fica com a cara que ela tem de verdade,
mas que a gente desaprende a ver.

Tem gente que tem cheiro de colo de Deus.
De banho de mar quando a água é quente
e o céu é azul. Ao lado delas, a gente sabe que
os anjos existem e que alguns são invisíveis.
Ao lado delas, a gente se sente chegando
em casa e trocando o salto pelo chinelo.
Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo
de quem não liga pra isso.
Ao lado delas, pode ser abril, mas parece
manhã de Natal do tempo em que a gente
acordava e encontrava o presente do
Papai Noel.

Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus
acendeu no céu e daquelas que conseguimos
acender na Terra. Ao lado delas, a gente não
acha que o amor é possível, a gente tem certeza.
Ao lado delas, a gente se sente visitando um
lugar feito de alegria.
Recebendo um buquê de carinhos.
Abraçando um filhote de urso panda.
Tocando com os olhos os olhos da paz.
Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque
suave que sua presença sopra no nosso coração. (...)


(Poema de Ana Saldanha /
Fotos de VMWelte)

MORADOR DE RUA É CONDENADO A PRISÃO DOMICILIAR EM SP

Qual futuro se espera de uma criança,
 quando a sociedade lhe dá as costas?

(Fotos extraídas da Internet)

Preso por furtar placas metálicas de estações do metrô de São Paulo, Nelson Renato Danuzo conseguiu habeas corpus junto ao TJ-SP após pedido da Defensoria Pública de São Paulo e foi condenado a prisão domiciliar. O problema é que Danuzo não tem casa -ele é morador de rua.

Danuzo havia sido preso duas vezes pelos furtos e se encontrava preso no CDP I (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.

Segundo o TJ, o advogado de Danuzo não informou nos autos que o réu não possui residência fixa. Ele foi declarado inimputável em exame de sanidade mental realizado pelo IML (Instituto Médico Legal).

Pelo fato de Danuzo necessitar de cuidados médicos, seu advogado - que cuidou do caso em razão de mutirão carcerário realizado pelo Instituto de Defesa do Direito de Defesa - pleiteou sua liberdade junto ao Judiciário.

O pedido não foi atendido, pois o desembargador Figueiredo Gonçalves entendeu que a soltura do réu não seria adequada para o caso, uma vez que ele poderia voltar a cometer delitos por conta do transtorno mental, segundo o TJ.

Com base nesses fundamentos, o TJ determinou a conversão da prisão preventiva em prisão domiciliar.

(Texto veiculado no Site da Folha de S. Paulo, nesta sexta-feira, 02.02.2012)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

IGOR MOREIRA, O MAGO DA LUZ E SOMBRA


O fotógrafo Igor Moreira Gomes fez, neste fim de ano, o pré-lançamento de seu último livro, “Interior”, no Espaço Cultural Beto Batata, em Curitiba. Um local tradicional que apresenta exposições de fotografia, pintura e música ao vivo. Na foto, da esquerda para a direita, artista plástico e videasta Carlos Henrique Tullio (Curitiba Filmes); fotógrafo Guto Andrade; Maria Eligia Portugal Macedo (Coordenadora e Psicopedagoga); fotógrafo e autor da obra, Igor Moreira Gomes, e serigrafista Nelson Hulmann (Solar do Barão). “É mais um grande sucesso deste talentoso e sensível fotógrafo”, disse o estudante de geologia, João Carlos von Knüppeln Almeida. “É uma obra caprichada, sob um olhar atento, crítico e comovente”, comentário da artista plástica Maria Inês Peixoto, ouvido na noite de pré-lançamento.

Da Assessoria de Imprensa